O técnico Paulo Pezzolano relatou as dificuldades enfrentadas no período em que comandou o Cruzeiro. Em entrevista ao site inglês Coaches Voice, o uruguaio explicou como se adaptou à cultura do futebol brasileiro e citou os desafios de levar a Raposa à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro depois de três anos seguidos na Série B.
“No Brasil, você joga quase 70 partidas por ano. Não há muito tempo para se concentrar na base – é muito mais é sobre o dia a dia. Isso também exige uma metodologia de treinamento mais flexível; menos tempo em campo, mais análise de vídeos e revisões táticas de baixa intensidade antes de cada jogo. O relacionamento com os jogadores também é diferente. Os elencos são muito grandes. Você treina mais de 30 jogadores”, iniciou ‘Pappa’ Pezzolano.
“Jogar tantas partidas em tão pouco tempo – às vezes 15 partidas em dois meses – significa que você precisa rotacionar o elenco se quiser atingir seu objetivo em um ambiente competitivo e de alta pressão. O Cruzeiro estava na Segunda Divisão há dois anos. Subir de divisão não era apenas um objetivo. Era uma necessidade. Estamos falando de uma das maiores torcidas do Brasil – 10 milhões de torcedores e 60 mil pessoas nas arquibancadas a cada jogo”, destacou.
Além dos elogios à torcida celeste, Pezzolano valorizou o modelo de jogo implementado na campanha do acesso do Cruzeiro à Série A. Campeã, a Raposa terminou com 78 pontos, 13 a mais que o Grêmio e 15 à frente de Bahia e Vasco, que também subiram.
“Não bastava subir de divisão. Queríamos impor um modelo de jogo que muitos consideravam impossível naquele campeonato. Futebol de alta intensidade e domínio, mesmo em campos encharcados, como é comum na Segunda Divisão do Brasil, onde se joga em áreas onde chove muito. Quebramos todas as barreiras, garantindo a promoção seis jogos antes do final do campeonato – um recorde de acesso antecipado na história da divisão mais desafiadora do Brasil, com clubes como Grêmio, Bahia, Vasco da Gama e Chapecoense”, exaltou.
Saída do Cruzeiro
Pezzolano foi contratado no início da gestão de Ronaldo Nazário na SAF do Cruzeiro, em 2022. A passagem do uruguaio pela Toca da Raposa terminou depois da eliminação para o América na semifinal do Campeonato Mineiro, em março do ano seguinte.
Ao todo, Pezzolano dirigiu o Cruzeiro em 68 partidas, com 38 vitórias, 13 empates e 17 derrotas.
Na entrevista ao Coaches Voice, Pezzolano detalhou a decisão de deixar o Cruzeiro depois de ‘roer o osso’ na Série B do Campeonato Brasileiro.
“O passo lógico teria sido permanecer no Cruzeiro e aproveitar a experiência de comandar um gigante da Primeira Divisão. No entanto, sou um treinador que toma decisões com a cabeça e o coração. Após a promoção, houve mudanças internas e sabíamos que não seria fácil. Então, informei o clube que não continuaria, mas o fiz com o maior respeito à diretoria e à torcida. Por isso, decidi que ficaria até o final do Campeonato Mineiro. Isso deu ao clube tempo suficiente para encontrar um novo treinador sem pressa”, comentou.
Carreira de Paulo Pezzolano
Antes de treinar o Cruzeiro, Paulo Pezzolano dirigiu Torque e Liverpool, do Uruguai, entre 2017 e 2019. Na sequência da carreira, treinou o Pachuca, do México, por duas temporadas.
Depois da saída do Cruzeiro, Pezzolano passou pelo Valladolid, à época também presidido por Ronaldo. Ele levou o clube de volta à Primeira Divisão do Campeonato Espanhol em 2023/2024. Na metade da temporada seguinte, deixou o clube, que acabou novamente rebaixado.
Em maio deste ano, o treinador de 42 anos foi anunciado como novo técnico do Watford, da Championship, a Segunda Divisão do Campeonato Inglês.
