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Organizada do Cruzeiro se manifesta após desabafo de Cássio: ‘Inclusão não é favor’

Goleiro do Cruzeiro revelou dificuldades em matricular filha autista não verbal em escolas de Belo Horizonte; veja nota de apoio

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A torcida organizada Austistas Cruzeirenses manifestou seu apoio ao goleiro Cássio, do Cruzeiro, após o desabafo publicado pelo jogador, nessa sexta-feira (22/8). Em suas redes sociais, ele contou estar enfrentando dificuldades para matricular a filha autista não verbal em escolas de Belo Horizonte, em Minas Gerais.

Em nota de apoio, a torcida se solidarizou com Cássio e sua família. Também reforçou que essa é uma realidade de milhares de famílias de todo o Brasil. “Inclusão não é favor, é direito.”

“Ontem, o goleiro Cássio, do Cruzeiro, fez um desabafo corajoso sobre as dificuldades que enfrenta para matricular sua filha Maria Luiza, diagnosticada com TEA, em escolas de Belo Horizonte. Infelizmente, essa realidade não é só dele: milhares de famílias em todo o Brasil escutam, diariamente, a dolorosa frase ‘seu filho não pode estudar aqui’.”

“Escolas que se dizem ‘inclusivas’, mas que negam matrícula ou impedem o acompanhamento necessário, estão, na prática, excluindo crianças e violando direitos garantidos por lei. Por isso, nos unimos à voz do Cássio, da Janara e da Maria para dizer em alto e bom som: nenhuma criança deve ser deixada para trás. Inclusão de verdade exige compromisso e acolhimento.”

Por fim, a Austistas Cruzeirenses fez um apelo: “que o desabafo do Cássio seja um ponto de partida para transformar essa realidade. Porque quando uma família sofre com a exclusão, todas sofremos juntas.”

Desabafo de Cássio

No Instagram, o goleiro compartilhou a situação que tem enfrentado com a família e criticou as escolas que se apresentam como inclusivas, mas recusam a matrícula da filha.

“Tenho tentado matricular minha filha em diferentes escolas, mas a resposta é quase sempre a mesma: ela não é aceita. Muitas vezes somos chamados para conversar, eu e minha esposa vamos até a escola, explicamos tudo, mostramos disposição em colaborar. No final, a resposta é sempre negativa”, escreveu.

Cássio contou que Maria é acompanhada de perto por uma profissional especializada desde os dois anos de idade e que esta poderia ser um apoio dentro da sala de aula, sem atrapalhar o aprendizado dos demais colegas. Contudo, isso geralmente não é aprovado.

 “O mais triste é ouvir isso justamente de escolas que se apresentam como ‘inclusivas’. Como pai, ver sua filha rejeitada simplesmente por ser autista é algo que corta o coração. Inclusão não é só palavra bonita em propaganda, é atitude”, falou o goleiro da Cruzeiro.

O que significa autista não verbal?

O autista não verbal pode ter dificuldades significativas ou, nos casos mais extremos, não utilizar a fala para se comunicar. Contudo, elas podem se expressar de outras formas, que inclui o uso de gestos, linguagem corporal, sistemas de símbolos visuais ou até dispositivos eletrônicos que produzem voz.

A ausência de fala não significa que o autista tenha dificuldade de compreensão, mas é necessário estratégias de comunicação para que eles sejam incluídos no ambiente que convivem, seja na escola ou no trabalho.

O que diz a lei sobre os direitos das pessoas com espectro autista?

Segundo previsto na lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º, tem direito a acompanhante especializado.

Além disso, conforme art. 7º, o gestor escolar ou autoridade competente que recusar a matrícula de alunos com transtorno do espectro autista ou qualquer outro tipo de deficiência deve ser punido com multa de três a 20 salários-mínimos. Em caso de reincidência, o responsável deve perder o cargo.

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