Leonardo Jardim se despediu do comando técnico do Cruzeiro nessa segunda-feira (15/12). Depois de 10 meses em Belo Horizonte, o português alegou questões pessoais e necessidade de cuidar da saúde física e mental para dar início à terceira pausa na carreira de treinador.
Ao se despedir da Raposa, Jardim deixou em aberto o futuro profissional: “Eu preciso dessa parada, pessoalmente. É a terceira que vou fazer na carreira. Fiz a primeira quando saí do Olympiacos. Foi importante para descansar a cabeça e recuperar em termos de energia. A segunda parada foi depois do Mônaco. Depois vamos ver o que vai acontecer”.
Ele iniciou os trabalhos como técnico em 2003, quando comandou o Camacha, de Portugal. Ainda no país natal, passou por GD Chaves, Beira-Mar e Braga antes de assinar com o Olimpiacos, da Grécia, em 2012. Em janeiro de 2013, o treinador deixou a equipe com apenas 24 jogos (e 18 vitórias). Precisou de sete meses para voltar à ativa e fechar com o Sporting-POR.
Na época da demissão, o comandante escreveu que o desempenho e os resultados contribuíram para a decisão da diretoria. Curiosamente, a equipe liderava o campeonato grego, com 10 pontos de vantagem em relação ao segundo colocado.
Em 2015, Jardim deu início ao trabalho mais longevo e bem-sucedido da carreira no Mônaco. Em cinco temporadas – chegou a ser demitido, mas logo voltou à equipe – defendendo o clube francês, conquistou um título do torneio nacional e avançou à semifinal da Champions League.
O comandante deixou o Mônaco em dezembro de 2019 e permaneceu inativo por mais de um ano e meio – no adeus à Raposa, explicou que precisava refletir. Em agosto de 2021, o treinador assinou com o Al-Hilal, da Arábia Saudita. A partir de então, permaneceu por apenas uma temporada em cada clube que comandou: Al Ahli, dos Emirados Árabes, Al-Rayyan, do Catar, Al Ain, também dos Emirados Árabes, e Cruzeiro.
Por que Jardim saiu do Cruzeiro?
Os motivos que fizeram Jardim deixar o Cruzeiro se conectam com aqueles que motivaram as outras duas pausas na carreira: “descansar a cabeça e recuperar energia”. Pedro Lourenço, sócio majoritário da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) da Raposa disse que lutou muito para que isso não acontecesse e detalhou que o comandante tem compromissos pessoais que não podem ser adiados.
Jardim explicou que a decisão de voltar ao país natal não se deu de uma hora para outra: “Eu sou uma pessoa muito frontal e direta. Só que, às vezes, aqui no Brasil, vocês não têm atenção aos pormenores. Durante todo o percurso, aqueles que acompanharam mais o Cruzeiro sabiam muito bem aquilo que transmitia em cada coletiva, o que possivelmente podia acontecer. Não é uma coisa do dia para a noite. Eu já estava consciente disso”.
Ao romper contrato, o treinador, que tinha vínculo com o clube celeste até 2026, disse que não sabe se conseguiria entregar o máximo em mais de um ano de trabalho: “Se fosse para vir e ficar dois ou três anos, não sei se teria capacidade de dar resposta e não gosto de faltar com meus compromissos. O meu compromisso, na minha cabeça, queria ter essa experiência, mas não sabia o tempo que poderia estar. Dei entrevistas e dizia que talvez não ficaria muito tempo no mercado brasileiro, treinando”.
Quem deve ser o novo técnico do Cruzeiro?
A diretoria do Cruzeiro já estabeleceu alguns alvos, como o do português Arthur Jorge e do brasileiro Tite. O segundo nome é considerado o ‘plano A’ do clube, que deve resolver a questão nas próximas horas.
Leonardo Jardim no Cruzeiro
Jardim assinou contrato com o Cruzeiro em fevereiro deste ano – por duas temporadas. Substituto de Fernando Diniz, não conseguiu manter o time na disputa do Campeonato Mineiro e caiu na semifinal, para o América. Antes de organizar o elenco, o comandante português lidou com outra eliminação, dessa vez na Copa Sul-Americana.
No Campeonato Brasileiro, a equipe engrenou. Não à toa, encerrou a participação na Série A em terceiro lugar na tabela de classificação, o que garantiu vaga na próxima edição da Copa Libertadores – torneio que a Raposa não disputa desde 2019. Da Copa do Brasil, a equipe se despediu na semifinal, para o Corinthians, ao perder nos pênaltis por 5 a 4, nesse domingo (14/12).
O treinador retorna à terra natal com 55 jogos pelo Cruzeiro, sendo 26 vitórias, 18 empates e 11 derrotas, o que configura aproveitamento de 58,2%.
