A partir deste mês, o técnico Tite e o atacante Gabigol voltam a defender um mesmo escudo, dessa vez o do Cruzeiro. A questão é que ambos desenvolveram relação de conflitos nos últimos anos, gerando a seguinte pergunta: o atacante trabalhará na Toca da Raposa em 2026? Pedro Lourenço, sócio majoritário da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do clube, adiou a decisão. Enquanto isso, o No Ataque apresenta a cronologia daquilo que se tornou público acerca dos dois personagens.
Início dos atritos
Os atritos se iniciaram ainda em 2022. Naquele ano, o atacante estava em alta no Flamengo (29 gols e cinco assistências, números menores apenas que na temporada anterior, quando Gabi marcou 34 vezes e distribuiu 10 passes decisivos). Mesmo assim, Tite, então técnico da Seleção Brasileira, não o convocou para a Copa do Mundo, disputada no Catar – ele também não havia sido listado para o Mundial de 2018, na Rússia.
Gabi integrou algumas listas, mas lidava com forte concorrência no setor ofensivo da Seleção. Pedro, à época companheiro de time, disputou a Copa do Mundo, assim como Neymar, Vinicius Júnior, Antony, Rodrygo, Raphinha, Richarlison e Gabriel Jesus.
Em 2022, o clube carioca conquistou a Copa Libertadores e a Copa do Brasil. O elenco rubro-negro celebrou os títulos em um trio elétrico, no Rio de Janeiro. Lá, ocorreu a primeira ‘cutucada’. A torcida entoou os seguintes cantos: “Tite, vai se f****, o meu Flamengo não precisa de você”. Naquele momento, Gabi pegou o microfone e disse: “Vou mandar um recado, eu já estou na Seleção”.
Reencontro no Flamengo
Em outubro de 2023, o Flamengo contratou Tite para vaga deixada por Jorge Sampaoli – o primeiro trabalho do treinador depois de deixar o comando da Seleção Brasileira. Ali, havia curiosidade acerca do reencontro com Gabi. O clube carioca chegou a publicar uma foto do primeiro contato dos dois, e o atacante desejou boas-vindas.
O momento não significou muito. Gabi perdeu espaço na equipe titular do Flamengo. Em 2023, com Tite, o atacante atuou sete vezes, todas como reserva. Na temporada posterior, o camisa 9 participou de 28 compromissos, sendo apenas quatro na condição de titular.
‘Não me respeitava como jogador’
Sem citar Tite nominalmente, Gabi disse que a temporada foi difícil também por ter tido um treinador que não o respeitava como atleta: “Foi um ano conturbado para mim individualmente. Questão do doping, depois um treinador que não me respeitava como jogador. Durante esses momentos, nunca tentei externar isso de alguma forma, mas foi um período horrível para mim. Mas sempre trabalhei, sempre busquei melhorar, sempre tentei mostrar para ele que eu poderia ajudar de alguma forma”.
Em outra oportunidade, em entrevista ao ge, o atacante detalhou a relação ao comentar as atuações na final da Copa do Brasil, contra o Atlético: “No dia a dia é muito mais complicado do que contar a história no final. Tem vários treinos que foram difíceis para mim, vários jogos em que entrei cinco, três minutos. Isso foi me corroendo por dentro. Na final da Copa do Brasil, que é um campeonato tão importante contra um grande time, depois de ficar um bom tempo sem jogar, fazer dois gols é realmente diferente Porque não são só os dois gols, né? Mas as coisas que eu vim sofrendo de antes para chegar ali”.
O Flamengo demitiu Tite em setembro de 2024 em virtude da eliminação na Copa Libertadores e das atuações no Brasileiro – torneios vencidos pelo Botafogo. O clube carioca também não renovou com Gabi, que assinou com o Cruzeiro até 2028.
Tite é tema de Gabi em apresentação no Cruzeiro
O dia da apresentação de Gabi no Cruzeiro, em janeiro, também entra na novela. No evento, sediado pelo Mineirão, Pedro Lourenço brincou: “Ele (jogador) falou que se fosse para vir um técnico aí, ele não viria”. Logo em seguida, o atleta corroborou: “Eu não falei, mas falo agora: é verdade”.
Gabi permanecerá no Cruzeiro?
A relação entre Gabi e torcida do Cruzeiro estremeceu recentemente, na semifinal da Copa do Brasil, contra o Corinthians, quando o atacante perdeu um pênalti.
O camisa 9 entrou no embate com o Timão aos 46 minutos do segundo tempo, justamente para participar das penalidades. Ele pediu para bater a quinta e tinha cenário completamente favorável: como Yuri Alberto, do Timão, havia perdido a primeira, e o Cruzeiro estava invicto, bastava converter para chegar à final. Entretanto, Gabi não deslocou o goleiro Hugo Souza, que não teve dificuldades para agarrar. Nas alternadas, o volante Walace também perdeu, e o clube celeste caiu.
Diante do cenário, vice-presidente do Cruzeiro, Pedro Junio expressou desejo pela permanência de Gabi: “Tem mais três anos de contrato, é um atleta do clube, e a tendência é permanecer… ele segue no elenco normalmente. Proposta para qualquer atleta é comum no futebol. Vai ser para o Gabriel, para o Matheus, para o Fabrício. A gente trata de uma forma natural, isso vai acontecer com qualquer atleta do clube”.
No dia seguinte, Leonardo Jardim pediu para deixar o comando técnico do Cruzeiro, que agiu rapidamente no mercado e fechou com Tite. O treinador não trabalhava desde que deixou o Flamengo – em abril, havia feito um acordo verbal com o Corinthians, mas desistiu de assumir o comando do time após sofrer uma crise de ansiedade; ele também recusou Santos, Fortaleza e contatos de federações.
E agora, Gabi, segue no Cruzeiro? Pedro Lourenço adiou a decisão: “Esse é um outro assunto. Vamos deixar para depois”.