CRUZEIRO

Mattos conta detalhes de ‘desentendimento’ no Cruzeiro após chegada de reforços

Dirigente trabalhou no Cruzeiro na primeira fase da gestão de Pedro Lourenço, de abril de 2024 a junho de 2025

CEO do futebol do Cruzeiro de abril de 2024 a junho de 2025, Alexandre Mattos revelou que o elenco da Raposa rachou após as contratações de impacto feitas nas últimas janelas de transferências. Ele admitiu que não conseguiu dar o seu melhor em seu último trabalho na Toca da Raposa II e elogiou o papel desempenhado pelo técnico Fernando Diniz em sua curta passagem por Belo Horizonte.

“O Cruzeiro em 2024, quando a gente chegou, vinha de um processo de reconstrução. Nós [Cruzeiro] subimos em 2023 e muitos jogadores permaneceram em 2024. Foram campeões e tiraram o Cruzeiro de três anos na Série B, ganhando uma notoriedade positiva por competência deles, e é isso mesmo. Quando o Pedrinho e eu entramos, em maio de 2024, já havia um grupo formado, mas a exigência da torcida com a chegada do Pedrinho era de investimento”, disse Mattos em entrevista ao podcast Denílson Show.

“Então, havia um grupo ok, dentro da realidade do Cruzeiro com o Ronaldo, que vinha fazendo o papel dele, mas que tinha perdido o título estadual de 2024 para o Atlético e sido eliminado precocemente na Copa do Brasil. Na Sul-Americana, tínhamos duas derrotas e um empate, estávamos praticamente eliminados, e nós chegamos. A torcida imaginou que o Pedrinho ia ‘socar’ dinheiro no clube. Eu e o Pedrinho falamos: ‘temos que comprar jogadores, senão essa euforia vai por água abaixo’. E assim fizemos: entre maio e junho, saímos para o mercado, compramos Matheus Henrique, Walace, Kaio Jorge, Cássio”, relatou.

Mattos explicou que, quando o Cruzeiro foi ao mercado e contratou reforços no meio da temporada de 2024, o elenco original não assimilou bem as mudanças.

“Quando trazemos esses jogadores e a torcida começa a exaltá-los, o que é natural (…), começou a haver um certo desentendimento dentro do grupo, e eles sabem disso. O Cássio me ajudou muito. Não é vaidade, mas começa aquela coisa de internet, de que ‘fulano está ganhando não sei quantos milhões’. 99% do que se fala de salário na internet é mentira (…)”, pontuou o dirigente.

Mattos admitiu abertamente que os jogadores contratados “chegaram para jogar”.

“Os caras que estavam bem e jogando pensaram: ‘E nós aqui?’. O time estava bem e, de repente, trazem novos nomes. Aí o treinador tem que colocar. Por que tem que colocar? ‘Ah, porque o Pedrinho e o Mattos trouxeram’. Não é que tem que colocar, os caras vêm para jogar. Você foi jogador: se contratou o Denílson do Betis, pagando R$ 32 milhões, tem que colocar para jogar. Como não coloca? Aí o time começa a oscilar e, quando oscila, dizem: ‘Ah, também, colocaram os caras do Pedrinho e do Mattos'”.

Com a queda de desempenho, o técnico Fernando Seabra foi demitido, e o Cruzeiro contratou Fernando Diniz.

Mattos elogiou o trabalho feito por Diniz nos bastidores. Com todas essa turbulência, o Cruzeiro chegou à final da Copa Sul-Americana, mas perdeu a decisão para o Racing.

“Aí chega o Diniz e, com 48 horas, ele fala: ‘Nós dois temos um papel aqui dentro. Temos que acabar com esse ambiente, está todo mundo assim aqui’. O Diniz fez um trabalho impecável, e quase ganhamos a Sul-Americana por causa disso. Ele resolveu o grupo. Eu tentei ajudar daqui e dali, mas eu era o cara que estava trazendo os reforços (risos), e ele resolveu com maestria. Quando o Jardim chegou, não precisou resolver o ambiente, ele precisou treinar o grupo, porque o Diniz já havia cuidado disso”.

Mattos admite nervosismo e pressão

O dirigente revelou que ficou longe de sua melhor versão em seu retorno ao Cruzeiro. “No Cruzeiro, foi outro aprendizado, porque não consegui ser eu mesmo em algumas relações exatamente porque o cenário externo estava me machucando muito. Fiquei nervoso demais, pressionado demais. Mesmo com tanta bagagem, o mental vai sendo afetado, e isso atingiu meu humor. Saí um pouquinho da linha aqui e ali. Em alguns momentos, não consegui fazer coisas que, no Santos, fiz muito rápido, como entrar e ter facilidade com o ambiente que já estava estabelecido”.

Vídeo: assista às declarações de Mattos na íntegra

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