O jornalista Mauro Cezar Pereira comentou a situação do atacante Bruno Henrique, investigado por um possível envolvimento em manipulação de resultados com apostas esportivas. O comentarista disse que o caso é suspeito por causa das apostas de vários familiares em um cartão amarelo do jogador do Flamengo.
“Se os familiares deles apostaram maciçamente, claro que é suspeito. Só não entendi por que ele deixou para tomar cartão aos 50 minutos do segundo tempo. Se você tem que tomar um cartão, por que você vai deixar para tomar aos 50 minutos do segundo tempo? Já poderia não ter mais jogada de bola envolvendo esse jogador. Agora, é aguardar o que de fato aconteceu”, iniciou Mauro, em comentário no Uol Esporte, nesta terça-feira (5/11).
Na opinião de Mauro Cezar, devido à relevância de Bruno Henrique no futebol brasileiro, um envolvimento em manipulação de resultados seria uma ‘burrice tremenda’. Um dos jogadores mais valorizados do elenco, o atacante é ídolo da torcida do Flamengo, clube pelo qual conquistou duas Copas Libertadores, dois Campeonatos Brasileiros, entre outros títulos importantes.
“É no mínimo estranho um volume enorme de parentes apostando nesse cartão. Agora, a investigação vai ter que provar que ele compactuou com isso. A suspeita não basta para você condenar alguém. Ele, se de fato estiver envolvido, é uma burrice tremenda. Como pode um jogador como o Bruno Henrique, que ganha o que ele ganha, com a importância que tem, se meter em um negócio desse? Isso vale para todos os outros”, declarou.
Investigação da Polícia Federal
O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, é alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), nesta manhã de terça-feira (5/11), que apura manipulação de resultados de apostas esportivas.
Bruno Henrique é suspeito de ter levado um cartão amarelo de forma deliberada para beneficiar apostadores. Isso ocorreu no jogo entre Flamengo e Santos, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, no dia 1 de novembro de 2023, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro. O time carioca perdeu a partida por 2 a 1.
Nos acréscimos do confronto, o atacante levou o amarelo por fazer uma falta no atacante Soteldo, do Santos. Logo em seguida, Bruno Henrique ‘perdeu a cabeça’, começou a ofender o árbitro do jogo, Rafael Klein, e acabou expulso.
A súmula do jogo diz o seguinte: “Informo que expulsei por decorrência do cartão vermelho direto, o atleta nº 27 da equipe do Flamengo, Bruno Henrique Pinto, por me ofender com as seguintes palavras: ‘você é um merda’, com o dedo em riste em direção a meu rosto, após a marcação de uma falta e também após ter sido advertido com cartão amarelo. Após ser expulso, o atleta veio em minha direção, sendo contido pelos seus companheiros. Informo que me senti ofendido”.
As operações ocorreram no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, em Vespasiano, em Lagoa Santa e em Ribeirão das Neves, com 12 mandados de busca e apreensão, incluindo a casa de Bruno Henrique, na Barra da Tijuca, no Rio; as sedes das empresas DR3 – Consultoria Esportiva Ltda e BH27, em Lagoa Santa; e o Centro de Treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu.
Além do jogador do Flamengo, são investigados o irmão do dele, Wander Nunes Pinto Junior; a cunhada Ludymilla Araujo Lima; e a prima Poliana Ester Nunes Cardoso.
De acordo com a investigação, Claudinei Vitor Mosquete Bassan e Rafaela Cristina; Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andryl Sales Nascimento dos Reis, Douglas Ribeiro Pina Barcelos e Max Evangelista Amorim, todos residentes em Belo Horizonte, também são suspeitos de envolvimento no caso.
Um relatório da IBIA (Internacional Betting Integrity Association), entidade reconhecida internacionalmente no monitoramento do setor de apostas, notou que houve um volume incomum de apostas no jogo entre Flamengo e Santos. De acordo com a investigação, amigos e parentes de Bruno Henrique apostaram que o atacante levaria um cartão amarelo durante o jogo e se beneficiaram disso.
“Trata-se, em tese, de crime contra a incerteza do resultado esportivo, que encontra a conduta tipificada na Lei Geral do Esporte, com pena de 2 a 6 anos de reclusão”, disse o MP.
Bruno Henrique ainda não se pronunciou sobre o caso.