Apostas

PF suspeita que Bruno Henrique tenha tentado eliminar provas para não ser incriminado

Jogador do Flamengo foi indiciado por manipulação esportiva em uma partida do Campeonato Brasileiro de 2023

A Polícia Federal tem uma nova suspeita contra Bruno Henrique, jogador do Flamengo, no caso envolvendo uma suposta manipulação de resultado em partida do Campeonato Brasileiro. 

Por causa da investigação, o aparelho celular do atacante foi apreendido em novembro do ano passado, durante uma operação de busca e apreensão. Assim, a PF suspeita que Bruno Henrique tenha apagado mensagens do celular com o intuito de “eliminar evidências”.

“Ao analisar as conversas de WhatsApp, que compõem um total de 3.989 (três mil novecentos e oitenta e nove) chats, é notório que grande parte está vazia ou apagada, não há conteúdo de troca de mensagens”, informou o laudo de análise do aparelho. A PF destacou que Bruno “já havia sido instado na esfera desportiva sobre os mesmos fatos, sendo possível que tenha apagado o conteúdo no intuito de eliminar evidências”.

Vale ressaltar, portanto, que a Polícia Federal conseguiu acessar as conversas pelo celular de Wander Nunes, irmão do jogador. Em uma das trocas de mensagens, o atacante aparece avisando a data em que receberia o cartão amarelo. Em outra, Bruno Henrique garante que não receberia o cartão antes: “Não vou reclamar”, “só se eu entrar duro em alguém”, escreveu o jogador. Na partida, o atacante recebeu o amarelo e reclamou com o árbitro, levando ao cartão vermelho direto.

Em outro momento, portanto, a polícia destaca uma mensagem na qual Wander pergunta se Bruno não poderia “tomar um cartão hoje”. “Dá pra tomar um cartão hoje não” e Bruno responde: “Dá não. Tenho 1 já”.

Estrutura sincronizada

A Polícia Federal também detalhou a forma como os familiares de Bruno Henrique estruturou as apostas. O irmão do jogador, Wander Nunes Pinto Júnior, a cunhada Ludymilla Araújo Lima e a prima Poliana Ester Nunes Cardoso teriam agido de forma coordenada, realizando apostas em horários próximos e valores semelhantes.

Outro ponto de atenção: no dia anterior à partida, o trio distribuiu suas apostas por plataformas diferentes. Às 15h37, Wander apostou R$ 380,86 na Betano. Ludymilla fez o mesmo valor, na mesma operadora, às 18h09. Treze minutos depois, Poliana repetiu a ação. A cunhada ainda criou uma nova conta na ‘Galera Bet’ para depositar R$ 500.

O inquérito também revelou mensagens de Bruno Henrique trocadas com seu irmão sobre temas suspeitos e, especialmente, a advertência. Em uma delas, o atacante avisou com antecedência que receberia o cartão no jogo contra o Santos. “Não vou reclamar. Só se eu entrar duro em alguém”, escreveu.

O relatório da PF indicou que a chance estatística de cartão amarelo para o jogador na temporada era de apenas 21% — reforçando, assim, a anormalidade das ações. Ainda assim, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) arquivou uma investigação anterior, aberta no ano passado, por não encontrar indícios suficientes na análise da Sportradar.

Posicionamento do Flamengo

O Rubro-Negro declarou, em nota, não ter sido comunicado formalmente pelas autoridades sobre o indiciamento do jogador. O clube reafirmou seu compromisso com as normas do fair play esportivo, mas ressaltou a importância do respeito ao devido processo legal.

“O Clube tem compromisso com o cumprimento das regras de fair play desportivo, mas defende, por igual, a aplicação do princípio constitucional da presunção de inocência e o devido processo legal”, informou a instituição.

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