O Nacional-URU comunicou na noite desta terça-feira (27/8) a morte do zagueiro Juan Izquierdo, de 27 anos. O jogador estava internado há cinco dias no Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista, depois de sofrer um mal súbito na partida entre sua equipe e o São Paulo pelas oitavas de final da Copa Libertadores.
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Izquierdo foi acometido por uma arritmia cardíaca nos minutos finais de São Paulo x Nacional, na última quinta-feira (22), no Estádio do Morumbi. Casos semelhantes ao do atleta uruguaio abalaram o esporte em outras ocasiões. Relembre alguns episódios.
Marc-Vivien Foé
Marc-Vivien Foé defendeu a Seleção de Camarões na semifinal da Copa das Confederações de 2003, contra a Colômbia. Aos 27 minutos do segundo tempo, ele passou mal dentro de campo e caiu desacordado.
Os médicos tentaram reanimá-lo por 45 minutos, porém o meio-campista morreu pouco depois de chegar ao hospital. Foé tinha 28 anos e estava em sua primeira temporada no Manchester City, da Inglaterra. Antes, jogou por Lens, West Ham e Lyon.
A autópsia realizada no corpo de Marc apontou que o óbito pode ter sido consequência de uma cardiomiopatia hipertrófica, condição que eleva o risco de morte súbita mediante exercício físico.
Miklos Feher
O atacante do Benfica tinha acabado de receber um cartão amarelo por retardar a cobrança de um lateral do Vitória de Guimarães em jogo pelo Campeonato Português no dia 25 de janeiro de 2004.
Imediatamente após a advertência, Fehér deu alguns passos para trás, colocou as mãos sobre os joelhos, abaixou a cabeça e tombou inconsciente.
O jogador da Seleção da Hungria, que tinha apenas 24 anos, morreu pouco antes da meia-noite. Ele foi diagnosticado com cardiomiopatia hipertrófica, mesma enfermidade que vitimou o camaronês Marc-Vivien Foé.
Serginho
Assim como Juan Izquierdo, o lateral-esquerdo Serginho passou mal no gramado do Morumbi em 27 de outubro de 2004. O jogo de 20 anos atrás era entre São Paulo e São Caetano, pelo Campeonato Brasileiro.
Serginho desabou aos 14 minutos do segundo tempo do duelo pela 38ª rodada. Encaminhado ao Hospital São Luiz, ele foi declarado morto às 22h45 – cerca de 50 minutos depois de deixar o estádio em uma ambulância.
A morte de Serginho gerou punições, uma vez que os dirigentes do São Caetano sabiam do problema de saúde do atleta e mesmo assim assumiram os riscos de colocá-lo para exercer a prática esportiva.
O Azulão perdeu 24 pontos no Campeonato Brasileiro e desceu do quinto para o 18º lugar (24 clubes), enquanto o presidente Nairo Ferreira e o médico Paulo Forte responderam a processos na Justiça – foram absolvidos das acusações de homicídio doloso.
Paulo Sérgio Oliveira da Silva tinha completado 30 anos em 19 de outubro, oito dias antes de seu falecimento. O lateral era um dos ídolos do São Caetano, fazendo parte das campanhas históricas no Brasileiro (vice em 2000 e 2001) e na Copa Libertadores (vice em 2002).
Antonio Puerta
O lateral-esquerdo do Sevilla perdeu a vida em 28 de agosto de 2007, três dias depois de se sentir mal na estreia do Campeonato Espanhol, contra o Getafe.
O que difere esse caso dos demais é que Puerta se recuperou ainda dentro de campo e andou rumo ao vestiário. Lá dentro, porém, sofreu diversas paradas cardíacas que lhe causaram danos permanentes do cérebro e falhas em outros órgãos.
Antonio tinha apenas 22 anos quando morreu. Ele havia disputado 87 partidas com a camisa do Sevilla, com oito gols marcados, além de representar uma vez a Seleção da Espanha.
Alex Apolinário
Com passagens pelo sub-20 e time principal do Cruzeiro, Alex Apolinário morreu aos 24 anos, em janeiro de 2021, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória durante jogo em Portugal.
Alex jogava pelo Futebol Clube de Alverca, da Terceira Divisão do futebol português, no confronto com o União de Almeirim, em 3 de janeiro.
O atleta desmaiou aos 27 minutos do primeiro tempo, foi reanimado com o uso do desfibrilador e, posteriormente, conduzido ao hospital de Vila Franca de Xira. O meia teve a morte cerebral decretada quatro dias depois.
O que é arritmia cardíaca?
De acordo com o Hospital do Coração (HCor), a arritmia cardíaca – que provocou a morte de Juan Izquierdo – ocorre quando o coração bate em ritmo irregular.
As mais comuns são a bradicardia, caracterizada pelo ritmo lento, abaixo de 50 batimentos por minuto (bpm), e a taquicardia, definida pelo ritmo acelerado, acima de 100 bpm em repouso. Em condições normais, o coração bate de 50 a 90 vezes por minuto.
Em termos ainda mais específicos, há arritmias supraventriculares, que se iniciam no átrio do coração ou nas câmaras inferiores, e arritmias ventriculares, que se iniciam nas câmaras cardíacas inferiores. Segundo o HCor, as malignas normalmente ocorrem nos ventrículos e podem levar à morte súbita, enquanto as benignas geralmente acontecem no átrio.
Entre os sintomas da arritmia cardíaca estão palpitações, escurecimento da vista, tonturas, desmaios, palidez, sudorese, mal-estar, dores no peito e falta de ar. Algumas pessoas não apresentam nenhum sinal e são vítimas de morte súbita.