FUTEBOL FEMININO

Jogadoras do Santos acusam técnico de assédio moral e sexual

Kleiton Lima, de 49 anos, deixou o clube nesta quinta-feira (7/9) após denúncias feitas pelas atletas por meio de cartas anônimas
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Por meio de cartas anônimas, jogadoras do Santos acusaram o técnico Kleiton Lima de assédio moral e sexual. Após receber as reclamações das atletas, nesta quinta-feira (7/9), o clube paulista comunicou a saída do treinador.

Além de Kleiton Lima, as cartas enviadas pelas jogadoras da Vila também indicam assédio moral por parte de Júlio Resende, analista de desempenho, que também se desligou do clube paulista.

As informações foram divulgadas pelo ge.globo, que também teve acesso a 19 cartas que foram escritas à mão pelas jogadoras do Santos. De forma anônima, as atletas reclamaram de ameaças, constragimentos, cobranças excessivas e relataram casos de assédio sexual – veja alguns trechos das cartas no fim da matéria.

Por meio de uma mensagem ao ge.globo, Kleiton Lima destacou que não pediu demissão, mas colocou o cargo à disposição da diretoria santista, que optou pela saída da comissão técnica inteira. Ele ainda negou as acusações das atletas e disse que as queixas lhe causaram “estranheza e revolta”.

Kleiton Lima estava no Santos desde agosto de 2022, quando iniciou a sua segunda passagem no clube. Em uma primeira oportunidade, o técnico conquistou vários títulos, como o bicampeonato da Libertadores (2009 e 2010). Recentemente, em 25 de agosto, ele recebeu uma placa ao completar 300 jogos pela equipe.

Veja trechos das cartas das jogadoras divulgadas pelo ge.globo

  • “Suas vestimentas não são adequadas ao ambiente de trabalho, pois deixa transparecer o seu órgão genital na calça/short, principalmente por estar em um departamento feminino e se torna um ambiente desconfortável”;
  • “O treinador diariamente falta com respeito em sua fala constrangedora e desrespeitosa, como “xerecada” e “tetada”. Muitas das vezes o técnico não usa vestes adequadas no ambiente de trabalho, transparecendo o seu órgão genital causando desconforto no ambiente de trabalho”;
  • “Algumas brincadeiras e comentários que não cabiam no momento insinuando que eu estava machucada de propósito, como seu eu tivesse simulado minha dor, porém, só eu sei o que passei e sei o quanto foi difícil a minha recuperação”;
  • “E com o passar do tempo, essas situações além de persistirem e se agravarem, abriu portas para agressões verbais, humilhações em público e de forma particular, atitudes de extremo desrespeito para com as atletas (como por exemplo treinos sem o uso de roupa íntima por baixo da calça por parte do treinador, causando assim desconforto em nós meninas)”;
  • “Também passei a pensar em suicídio e entrei em profunda depressão”;
  • “Uma vez na feira eu estava esperando perto de uma barraca de pastel. Lá o treinador chegou e perguntou se eu estava comendo pastel, aí eu respondi ‘não, estou esperando as meninas’. Então ele deu a volta por mim, olhou para minha bunda e disse: ‘acho que não’, insinuando que minha bunda parecia grande, então isso significava que eu estava comendo pastel”.
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