A Fifa anunciou que entregará ao Comitê Olímpico Internacional (COI) uma petição para a inclusão do futsal e do futebol de areia no rol das modalidades olímpicas. Essa é a primeira vez que a entidade máxima do futebol se posiciona oficialmente sobre o assunto, debatido em reunião em Zurique, na Suíça, nesta quinta-feira (3/10).
“Dados os níveis de participação ao redor do mundo, a Fifa também vai propor que tanto o futsal quanto o futebol de areia sejam considerados como disciplinas distintas de futebol nos Jogos Olímpicos daqui em diante”, diz trecho do comunicado.
A instituição também solicitará ao COI o aumento do número de seleções no torneio de futebol feminino de campo, de 12 para 16.
O pedido da Fifa ocorre em meio à disputa do Mundial de Futsal, no Uzbequistão, entre os dias 14 de setembro e 6 de outubro. O Brasil encara a Argentina na final.
Sonho antigo
Este é um sonho antigo. Tentativas feitas anteriormente por federações nacionais sempre foram repelidas pela Fifa. Aliás, a impressão que se tinha era de que a modalidade era vista como uma ameaça.
Nos Jogos Olímpicos de Atlanta’1996, nos Estados Unidos, o assunto foi levantado. O então presidente do COI, o espanhol Juan Antonio Samaranch, ouviu a seguinte pergunta: “Porque o futsal não é uma modalidade olímpica?”
A resposta dada pelo dirigente e argumento sustentado por alguns anos era de que o esporte não tinha representatividade mundial e era praticado apenas por alguns países.
Na verdade, a entidade que cuidava do futebol de salão, a Fifusa (Federação Internacional de Futebol de Salão), foi criada em 1971. E tinha apenas sete filiados: Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, Paraguai, Peru e apenas um europeu, Portugal.
Era muito pouco. Mas o esporte foi crescendo. Ganhou adeptos, principalmente na Europa. Espanha e Itália foram os dois primeiros. A seguir, a Holanda. Estados Unidos e México também aderiram. E, surpreendentemente, um país oriental, o Japão.
Em 1982, esses países disputaram o primeiro Mundial, que também contava com a Tchecoslováquia, atual República Tcheca.
Crescimento do futsal
O esporte cresceu e, nos anos de 1990, eram muitos os adeptos: 128 países no total. Contudo, ainda era pouco para o COI. E a Fifa não demonstrava interesse em expandir o futebol de salão.
Apesar disso, brigou para ter o controle do esporte. O “se é futebol, é nosso” foi dito e replicado diversas vezes, até que a entidade internacional do futebol tomou o esporte, decretando o fim da Fifusa.
Rapidamente, o futsal, o novo nome dado pela Fifa, ganhou o mundo, tornando-se uma paixão até mesmo em países muçulmanos, onde o calor dificulta a realização de um campeonato nacional de futebol de campo durante todo o ano.
Assim, essa competição durava oito meses, e nos quatro meses do calor, o futsal imperava. Os clubes do futebol de campo se transferiam para as quadras, com os mesmos jogadores. Ginásios lotados.
Faltava o pedido formal da Fifa
Na Olimpíada Rio’2016, o presidente do COI era outro, o alemão Thomas Bach. Numa coletiva, ele é sabatinado sobre o assunto. “Por que o futsal não entrou para o rol dos esportes olímpicos?”
A resposta mostrava que o problema não era o COI, mas sim a Fifa. “Não existe, ainda, interesse, um pedido formal da Fifa”.
Ali ficou claro. Mas as coisas parecem ter mudado bastante. Na assembleia desta quinta-feira, a entidade parece ter entendido, definitivamente, que o futsal é um esporte que tem todas as condições de fazer parte do mundo olímpico.
Brasil é potência no futsal. E no futebol de areia
O Brasil é a principal potência do planeta tanto no futsal quanto no futebol de areia. Caso os esportes entrem para o programa olímpico, o país será o grande favorito às medalhas de ouro.
No futsal, a Seleção Brasileira ganhou cinco das nove Copas do Mundo organizadas pela Fifa (1989, 1992, 1996, 2008 e 2012).
Na 10ª edição, em 2024, a equipe verde-amarela sonha com o sexto título, já que está na final contra a rival Argentina.
Já no futebol de areia, o Brasil detém 15 troféus em 22 edições. Dessas conquistas, seis foram em eventos coordenados pela Fifa.