GINÁSTICA ARTÍSTICA

Ginástica artística: conheça o local onde Rebeca Andrade treina

Campeã olímpica e demais atletas da Seleção Brasileira de ginástica artística têm à disposição um Centro de Treinamento do COB
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Quando acaba a entrevista, Rebeca Andrade deixa a aparente timidez de lado e ri: “Votem em mim no Prêmio Brasil Olímpico, hein!? Quem votar ganha um dia com a Flavinha (Saraiva)”. A brincadeira arranca uma réplica bem-humorada da amiga e dá o tom do clima que impulsiona a Seleção Brasileira de ginástica artística em busca de medalhas em Paris 2024.

Em um ambiente competitivo com tantas cobranças e pressão – não à toa, a multicampeã Simone Biles se afastou da modalidade durante a última edição dos Jogos para priorizar a saúde mental -, a leveza nos bastidores é um dos trunfos da equipe. Mas não é o único.

A preparação para a próxima Olimpíada passa muito pela estrutura de treinamento, recuperação e análise. Entre uma atividade e outra nos clubes aos quais estão vinculadas, as ginastas da Seleção usam as instalações do Comitê Olímpico do Brasil (COB) no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Nesta quinta-feira (14/12), o No Ataque visitou o local* para conhecer os bastidores da preparação de atletas de diferentes modalidades.

O tour pelo Centro de Treinamento passou por vários setores do Parque: áreas de natação, laboratório olímpico, salas de avaliações fisiológicas e isocinético, alas de avaliações biomecânicas e multidisciplinares, academia, espaço de medicina e recuperação, além, é claro, do CT de ginástica.

“Temos tudo integrado. Às vezes vamos ao (Centro Aquático) Maria Lenk e fazemos essas trocas com outros esportes”, disse Jade Barbosa, que, aos 32 anos, é a atleta mais experiente da Seleção.

A integração é parte fundamental do processo. E vai além do diálogo entre diferentes setores do Parque Olímpico. Engloba, também, a relação entre o COB e clube e as confederações de diferentes modalidades.

“Nossos fisioterapeutas conversaram com o pessoal do meu clube, e isso foi essencial para a minha recuperação. A melhor estrutura que temos aqui está sendo passada para os clubes”, disse a ginasta Ana Luiza Lima, atleta do Minas Tênis Clube e da Seleção Brasileira.

CT da ginástica artística no COB - (foto: João Vítor Marques/No Ataque)
CT da ginástica artística do COB(foto: João Vítor Marques/No Ataque)

Renovação constante

Em 2024, o COB vai distribuir R$ 225 milhões a confederações de 33 modalidades. A ginástica (artística, ritmica e de trampolim) receberá R$ 12,025 milhões – número menor apenas que o do vôlei, que ficará com R$ 12,2 milhões. A divisão é baseada em critérios pré-estabelecidos, que considera especialmente o desempenho esportivo.

Responsável por seis medalhas olímpicas (duas de ouro, três de prata e uma de bronze), a ginástica artística é uma das prioridades do COB para Paris 2024. Não à toa, o CT da modalidade é tratado com um zelo extra. As atletas têm à disposição, por exemplo, equipamentos da mesma marca dos que serão utilizados nos Jogos do ano que vem.

“Hoje, temos todas as marcas necessárias para o nosso treinamento. É importante usar aparelhos que vão ser usados na Olimpíada. A ginástica é privilegiada de ter isso hoje aqui. Todo esse trabalho é pensado para 2024, 2028, 2032”, diz Jade Barbosa.

“É uma parte muito importante para a gente. Se lançaram uma máquina de fisioterapia nova, eles fazem de tudo para que isso venha o mais rapidamente possível para a gente”, completou.

Para 2024, Rebeca Andrade e Flávia Saraiva são as principais esperanças de medalha. As duas, Jade Barbosa, Julia Soares e Lorrane Oliveira classificaram a Seleção Brasileira para a disputa por equipes.

Prêmio Brasil Olímpico

A brincadeira de Rebeca com Flávia tem sentido. A campeã olímpica está na disputa do troféu de melhor atleta do ano no Prêmio Brasil Olímpico. A cerimônia será nesta sexta-feira (15/12), a partir das 20h, na Cidade das Artes, Zona Oeste do Rio.

Rebeca disputa o prêmio feminino com Bia Haddad (tênis) e Duda/Ana Patrícia (vôlei de praia). No masculino, os finalistas são Filipe Toledo (surfe), Hugo Calderano (tênis de mesa) e Marcus D’Almeida (tiro com arco).

A ginasta pode se tornar a primeira mulher a ganhar três vezes o prêmio mais nobre da noite. Ela ficou com o troféu em 2021 e 2022. Só o canoísta Isaquias Queiroz (quatro) e o ex-nadador Cesar Cielo (três) receberam a honraria mais que duas vezes.

Estrutura do Parque Olímpico para a ginástica artística

  • CT de Ginástica Artística: inaugurado em 2015, espaço é abastecido regularmente com novos equipamentos e é considerado um dos melhores centros de treinamento da modalidade no mundo. No prédio, há áreas administrativas, de preparação física, recuperação muscular, fisioterapia e o espaço para treinos. A estrutura é tematizada com frases de motivação (“São os crias do Brasa”, “Se embrasar, já era!”, “Brasa é ginga, é magia”), fotos e objetos usados pelos campeões.
  • Laboratório olímpico: é fruto de parceria com nove instituições de ensino e pesquisa. Preza pela interdisciplinaridade entre três grandes áreas de conhecimento: preparação esportiva (preparação física, fisiologia, biomecânica e instalações esportivas), saúde do atleta (medicina, farmácia, fisioterapia, massoterapia, nutrição e preparação mental) e ciência e tecnologia esportiva (análise técnico-esportiva, gestão do conhecimento, tecnologia esportiva e gestão técnico-científica).
  • Área de força: o amplo espaço localizado no Maria Lenk foi inaugurado recentemente. Todo personalizado com frases de motivação, o local conta com uma academia com aparelhos novos, uma área para esportes de combate e outra para recuperação de atletas.

*Jornalista viajou a convite do COB

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