O carinho que uma precursora fala do principal nome da ginástica artística brasileira é evidente. Primeira medalhista do Brasil no esporte, Daniele Hypolito exaltou Rebeca Andrade, em entrevista exclusiva ao No Ataque, e admitiu a confiança que a atleta, se quiser, poderá obter ainda mais feitos. Além disso, a ex-ginasta comentou o futuro da modalidade em solo nacional.
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 marcaram o ápice da ginástica brasileira. Por equipes, a inédita medalha olímpica foi conquistada. Além do bronze coletivo, Rebeca Andrade ganhou um ouro e duas pratas e se tornou a atleta do Brasil com mais honrarias olímpicas na história, além de protagonizar duelos incríveis com Simone Biles, estadunidense que é lenda na modalidade.
E esse desempenho impressionante arrancou elogios de Daniele Hypolito. Para a precursora de 40 anos, que se aposentou em 2021, a atleta de 26 anos ainda pode competir em alto nível por muito tempo. Porém, Dani evitou estipular o “teto” do desempenho de Rebeca Andrade, até porque é uma questão pessoal, mesmo se tratando de um “fenômeno”.
“Quem decide até onde vai o limite dela é somente ela. Estou aqui para para acreditar em tudo que ela sonhar, porque ela pode muito. Se ela quiser ir para mais uma, duas, três, quatro [Olimpíadas], ela tem capacidade de ganhar a medalha em tudo que ela decidir participar. Ela pode, se quiser, fazer dois aparelhos só pela Seleção, que ela vai ajudar e vai ser medalhista nos dois aparelhos. Se ela quiser voltar a fazer o individual geral em Los Angeles 2028, ela pode ser medalhista. Ela tem capacidade de fazer aquilo que quiser fazer, porque a Rebeca é um fenômeno”
Daniele Hypolito, em entrevista ao No Ataque
Na sequência, Daniele Hypolito comentou como reagiu à ação de Simone Biles no pódio do solo de Paris 2024. Na ocasião, a estadunidense perdeu para Rebeca Andrade, ficando com a prata, mas fez questão de valorizar o feito da brasileira reverenciando junto à compatriota Jordan Chiles.
“Me emocionei, porque vi o esporte que amo sendo coroado com a medalha mais importante que é uma medalha olímpica. E cada atleta de gerações que passaram plantaram sementinhas até chegar a esse momento e se sentiu naquele pódio, que ficou pequeno para aquela medalha de tanta gente que se sentiu ali junto com elas”, disse Daniele Hypolito.
Momento da ginástica artística no Brasil
Embora aposentada, Daniele Hypolito segue em atividade como uma das vozes da ginástica artística brasileira. A medalhista de prata no Mundial de Gante, em 2001, na disputa do solo, até elogiou a evolução que o esporte teve graças ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG). No entanto, ela frisou que a base deve ter mais atenção para que a modalidade se desenvolva ainda mais.
“A gente evoluiu muito e, assim, claro que tudo colabora. O COB, junto com a Confederação, em conjunto com os técnicos, equipe multidisciplinar, e os clubes que tem ginástica de alto rendimento também participam efetivamente desse feito. É uma união de todas as gestões que foram apostando e acreditando nesse esporte. Os atletas competentes com uma gestão incrível acaba saindo todos os resultados e feitos esperados. A maior atleta, maior medalhista olímpica brasileira de todos os tempos, é da ginástica artística. Então, isso tudo é uma união de força”, disse Dani Hypolito, que seguiu.
“Melhorou muito de quando eu comecei, mas ainda assim, a gente precisa acreditar muito na nossa base, apostar em projetos de qualidade que querem realmente fazer a diferença, de não só fazer campeões para o esporte, mas fazer campeões para a vida. Que desses projetos saiam pessoas que queiram fazer diferença realmente, entregar o melhor, querer o melhor para a criança. A base deve ser melhor apostada para ter mais incentivo realmente, porque é da base que saem os grandes campeões”
Daniele Hypolito, ex-ginasta brasileira
A próxima geração da ginástica artística
Em Paris 2024, o Brasil conquistou a medalha de bronze inédita na disputa por equipes com Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Júlia Soares e Lorrane Oliveira. Porém, há uma confiança muito grande nos nomes que estão por vir. Aos 15 anos, Júlia Coutinho, por exemplo, conquistou a medalha de ouro no solo na Copa do Mundo de Ginástica Artística neste ano.
Porém, ao ser perguntado pelo No Ataque sobre os nomes da próxima geração, Daniele Hypolito preferiu não citar especificamente nenhuma promessa e apenas elogiou as novatas. A ex-ginasta deixou claro que a pressão pode prejudicar as atletas, e a ideia é que elas tenham tranquilidade ao treinar na equipe brasileira.
“Temos muitas meninas agora de qualidade também surgindo, juntando já com esse grupo forte medalhista olímpico e mundial. A gente tem meninas juvenis que estão vindo crescendo, mas, claro, são meninas jovens, então a gente tem que lidar com muito cuidado e falar com muito cuidado sobre isso, porque a melhor coisa é você não pressionar essas ginastas que estão subindo, porque ela já por si já carrega essa pressão muito grande, porque chegam ao treinamento da seleção junto da equipe medalhista olímpica”
Daniele Hypolito, ícone da ginástica artística brasileira
Ainda nessa semana, outras matérias da entrevista exclusiva de Daniele Hypolito ao No Ataque serão publicadas. Acompanhe!