Em 2001, uma ginasta de 17 anos precisava de uma ajuda financeira para competir em um Mundial na Bélgica, e um ídolo do futebol estendeu a mão. E o resultado foi a primeira medalha da história da ginástica artística brasileira, além de ter sido a “virada” do esporte que rendeu quatro medalhas ao Brasil na Olimpíada de Paris 2024. E essa atitude de Ronaldo Fenômeno faz com que Daniele Hypolito tenha muita gratidão mesmo mais de duas décadas depois.
Em entrevista exclusiva ao No Ataque, Daniele Hypolito foi perguntada sobre o início de carreira e fez questão de resgatar essa memória. A porta que Ronaldo Fenômeno abriu com a ajuda financeira permitiu que ela fosse à Bélgica em 2001, disputasse o Mundial de Ginástica Artística e conquistasse a medalha de prata na disputa do solo, colocando seu nome na história do esporte brasileiro.
“Para a conquista da medalha acontecer, eu tive uma grande ajuda que foi do Ronaldo Fenômeno. Na época, a Confederação não tinha o poder aquisitivo financeiro como tem hoje. Naquele momento, minha mãe teve a grande ideia de entrar em contato com o assessor Rodrigo Paiva, e a gente conseguiu chegar até ao Ronaldo. Ele ajudou uma atleta que tinha sonhos, que queria estar no Mundial que queria representar o seu país. Foi quando teve a virada de chave da da ginástica artística brasileira”
Daniele Hypolito, ex-ginasta brasileira
“O Ronaldo foi [ajuda] financeira. Ele acreditou na minha história e me apoiou financeiramente para eu conseguir ir para o Mundial, porque a Confederação pagava uma parte, e a gente precisava pagar outra parte. Então, a parte que eu precisava pagar, meus pais e nem o clube tinham. E o Ronaldo conseguiu. E com essa ajuda, além de mim, a minha treinadora, que era Georgette, e uma amiga de equipe do Flamengo que também estava convocada para o Mundial, também foram”, destacou Dani.
Esse auxílio feito pelo então jogador de futebol, que, na época, jogava na Inter de Milão, na Itália, é visto por Daniele Hypolito como algo que transformou a ginástica artística brasileira. Campeão da Copa do Mundo de 2002 pela Seleção Brasileira no ano seguinte – como artilheiro e craque da competição -, Ronaldo ajudou uma promissora atleta e fez com que mais investidores olhassem com mais carinho à ginástica artística nos anos seguintes. E até mesmo a imprensa mudou o comportamento.
“Essa virada de chave foi quando começaram a ter mais curiosidade, de entender o que era a ginástica. Teve imprensa nacional cobrindo as competições de ginástica, viajando com a gente para Copas do Mundo, Mundiais e transmitindo a ginástica para o Brasil. Foi onde começou realmente a mudança da ginástica”, ressaltou Hypolito.
A carreira de Dani Hypolito
Daniele Hypolito fez história ao ganhar a medalha de prata no solo nesse Mundial de Gante, na Bélgica, em 2001. Depois disso, a paulistana de Santo André ainda colecionou incríveis dez medalhas em Jogos Pan-Americanos – sendo três de prata e sete de bronze – antes de se aposentar, em 2021.
E o que faltou na carreira da ex-ginasta? Perguntada pelo No Ataque, Daniele Hypolito até citou que uma conquista nos Jogos Olímpicos deixaria a trajetória ainda mais especial. Porém, ela relembrou que a medalha de bronze de Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Júlia Soares e Lorrane Oliveira na disputa por equipes da ginástica artística na Olimpíada de Paris 2024 coroou a caminhada das precursoras.
“Talvez, se tivesse vindo a medalha olímpica para coroar a minha carreira inteira, seria gratificante, mas, com certeza, o feito das meninas no ano passado com a medalha por equipe feminina também coroou a minha carreira, porque a gente sabe que para elas chegarem nesse momento tiveram muitas pessoas tentando, buscando esse feito. O que elas conseguiram lindamente no ano passado coroou um esporte inteiro e com certeza todas as gerações que passaram”
Daniele Hypolito, primeira medalhista da ginástica brasileira
Além de ler as matérias da entrevista exclusiva do No Ataque com a Daniele Hypolito, veja abaixo a entrevista na íntegra.
