
Rio de Janeiro – O Comitê Olímpico do Brasil (COB) promoveu na noite desta terça-feira (13/5), no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, um evento para homenagear quatro atletas que entraram para o Hall da Fama da entidade. Daiane dos Santos, da ginástica artística, Edinanci Silva, do judô, Gustavo Kuerten, o Guga, do tênis, e Afrânio Costa, do tiro esportivo – que morreu em 1979 -, foram os ícones do esporte brasileiro escolhidos para que a trajetória seja celebrada e premiada.
Daiane, Edinanci e Guga estiveram no evento no tradicional bairro de Copacabana e deixaram as marcas com mãos ou pés, enquanto Afrânio foi representado pela sobrinha-neta Cristina Ferraz. Os moldes estarão disponíveis no Centro de Treinamento do COB, e todos os detalhes da vida de cada um dos atletas está disponível na página digital do Hall da Fama do COB, que foi criado em 2018 e já contava com 35 atletas, chegando à marca de 39 ícones brasileiros.
“O Hall da Fama do COB é uma celebração da história olímpica brasileira e da dedicação dos nossos atletas. Daiane dos Santos, Edinanci Silva, Gustavo Kuerten e Afrânio Costa representam o talento, a perseverança e o espírito olímpico que inspiram gerações. É uma honra para nós enquanto instituição eternizar suas trajetórias e reconhecer suas contribuições para o esporte nacional”
Marco La Porta, presidente do COB
O repórter viajou ao Rio de Janeiro a convite do Comitê Olímpico Brasileiro para participar de eventos no Rio de Janeiro e acompanhar in loco a homenagem. Acompanhe o No Ataque para ver os desdobramentos dos eventos na capital carioca.
Afrânio Costa – tiro esportivo
Nascido em Macaé-RJ, em 1892, Afrânio Costa foi o primeiro medalhista da história do Brasil nos Jogos Olímpicos. Ele ficou com a medalha de prata na prova de pistola livre e de bronze na competição de pistola livre por equipes, no tiro esportivo, na Olímpiada de Antuérpia 1920. Ele morreu em 1979, aos 87 anos, no Rio de Janeiro.
Além das medalhas, Afrânio foi pioneiro na organização do esporte no Brasil. Ele foi responsável pela construção do primeiro estande para atletas do Fluminense, clube em que era diretor de tiro esportivo. O precursor também protagonizou uma situação histórica ao pedir equipamentos emprestados aos estadunidenses em Antuérpia 1920 após os brasileiros serem roubados.
Por todos esses feitos, Afrânio foi homenageado pelo COB, mesmo 46 anos após a morte. Ele foi representado pela sobrinha-neta Cristina Ferraz, que, no palco, se emocionou ao falar do tio. Ela ainda destacou o que o esportista fatalmente citaria no discurso: o Fluminense, clube do coração e que defendeu no início do século 20.
”Muito alegria estar representando toda família. Uma homenagem muito merecida. Muita dedicação ao esporte que ele escolheu. É muito importante isso para a história olímpica. Eu agradeço muito ao COB por este evento, por me contatar para a honra de estar aqui representando a família. E eu gostaria de dizer só uma coisa que eu tenho certeza que ele diria: todas as conquistas, medalhas, troféus, tudo que ele realizou na trajetória como atleta olímpico, ele dedica ao Fluminense, porque ele era um verdadeiro tricolor de coração”
Cristina Ferraz, sobrinha-neta de Afrânio Costa

Daiane dos Santos – ginástica artística
Se a ginástica artística atingiu o nível visto em Paris 2024, com o bronze por equipes e o brilho de Rebeca Andrade, muito passa pela atleta que “abriu os caminhos”. Daiane dos Santos foi a primeira campeã mundial da ginástica artística brasileira, em Anaheim 2003, e colocou o esporte em evidência. Além disso, são cinco medalhas em Jogos Pan-Americanos e três disputas em Jogos Olímpicos: Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012.
Aos 42 anos, a aposentada Daiane é tratada como uma das principais referências pelos atletas da ginástica artística. Os feitos foram tão impressionantes que a gaúcha de Porto Alegre criou dois movimentos eternizados pela Federação Internacional de Ginástica (FIG):o duplo twist carpado (Dos Santos I) e o duplo twist esticado (Dos Santos II).
Até por isso, Daiane foi um dos nomes escolhidos pelo COB para integrar o Hall da Fama. A ginasta falou com o No Ataque e falou sobre a sensação de estar entre os melhores da história olímpica do esporte brasileiro.
“Acho que a surpresa é poder estar aqui vivendo esse momento, escrevendo o nome do meu esporte nesse hall tão de constelação, tão seleto. Poder ser agraciada, ter essa benção de ter meu nome ali, representa muitas pessoas, de vários formatos. É muito difícil descrever sentimento, mas acho que no meu rosto dá para ver a minha felicidade e estou pronta para receber todas as surpresas. Também estou pronta para entregar muita gratidão por estar aqui. Muitas pessoas me fizeram estar aqui, por elas estou aqui. Por elas e todas que virão”
Daiane dos Santos, ginasta brasileira
Edinanci Silva – judô
O esporte em que o Brasil mais tem mais medalhas olímpicas é o judô – 28, sendo cinco de ouro, quatro de prata e 19 de bronze. E uma das principais precursoras foi Edinanci Silva. Nascida em Sousa, na Paraíba, a judoca não apenas se destacou pela consistência no próprio esporte, mas também se tornou a primeira brasileira a disputar quatro edições de Jogos Olímpicos na história.
Além das idas a Atlanta 1996, Sydney 2000, Atenas 2004 e Pequim 2008 – edição em que ficou em quinto -, a ex-atleta de 48 anos também somou duas medalhas de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo 2003 e Rio 2007 e dois bronzes em Mundiais – Paris 1997 e Osaka 2003.
As façanhas de Edinanci fizeram com que a atleta fossem homenageada pelo COB. Ao No Ataque, a judoca deixou clara quão emocionada estava ao ser nomeada ao Hall da Fama. Ela frisou que a situação era semelhante a um “sonho”.
“Já não bastaram as quatro olímpiadas, sofridas, agora mais essa. Para mim está sendo muito honroso estar aqui, participando ao lado de grandes atletas. Estou achando que a qualquer momento vou acordar e (ver que) era só um sonho. Mas vamos aproveitar cada minuto”
Edinanci Silva, judoca brasileira
Gustavo Kuerten, o Guga – tênis
O maior nome da história do tênis masculino brasileiro não poderia estar fora do Hall da Fama do COB. O catarinense Gustavo Kuerten, mundialmente conhecido como Guga, fez história no fim do século 20 e início do 21 com três conquistas do Grand Slam de Roland Garros: 1997, 2000 e 2001. Foram 28 títulos na carreira, sendo 20 individuais e oito em duplas.
Para além dos títulos, Guga teve um “reinado” no tênis mundial. O brasileiro de 48 anos atingiu o primeiro lugar da Associação de Tenistas Profissionais (ATP) pela primeira vez em 2000 e ficou 43 semanas na liderança do ranking, ou seja, como o melhor tenista do mundo. No total, foram 358 vitórias e 195 derrotas, em um aproveitamento de 64,8% na carreira que foi encerrada em 2008, aos 32 anos.
Participante dos Jogos Olímpicos de Sydney 2000 e Atenas 2004, Guga foi escolhido para fazer parte do Hall da Fama do COB. Ao ser premiado, o histórico tenista se emocionou e fez um longo discurso tentando relembrar de todos os envolvidos na sua caminhada, além de exaltar o espírito competitivo.
“Momento tão especial, de emoção e aprendizado do esporte brasileiro. Quando o tempo vai passando e vivemos esse momentos, a pergunta ela aprofunda e impacta mais. Olhamos para isso e pensamos: ‘Como é que pode?'”
Guga, tenista brasileiro