JIU-JITSU

Quanto custa um grande evento de jiu-jitsu? O desafio de viabilizar superlutas no Brasil

Cláudio Caloquinha compara os custos do BJJ Storm Contest com o BJJ Stars e revela que um evento de alto nível pode custar até R$ 1 milhão

Realizar um evento de jiu-jitsu de alto nível no Brasil não é para qualquer um. O custo de produção, a busca por patrocínios e a necessidade de entregar um espetáculo à altura do público e dos atletas são desafios enfrentados pelos organizadores. Entre eles, o mineiro Cláudio Caloquinha, idealizador do BJJ Storm, que conhece bem essa realidade.

Com experiência tanto em campeonatos abertos quanto em eventos de lutas casadas, ele compartilhou à reportagem de No Ataque os bastidores financeiros da organização de superlutas e explicou por que viabilizar esse modelo no Brasil ainda é um grande desafio – especialmente em Minas Gerais.

BJJ Storm Contest

Além das tradicionais edições do BJJ Storm com centenas de participantes entre crianças, jovens e adultos, que disputam posições em um ranking valendo no final da temporada uma passagem para o Mundial da IBJJF, Caloquinha também investe no formato de superlutas. Essa modalidade de evento coloca frente a frente grandes nomes do jiu-jitsu em disputas por cinturão seja com kimono (Gi) ou sem (No-GI).

Batizado de BJJ Storm Contest, esse modelo segue a linha do já consagrado BJJ Stars, que tem contrato com atletas como o jovem Mica Galvão – considerado por muitos o melhor atleta de jiu-jitsu do mundo na atualidade.

Segundo Caloquinha, o custo de um evento desse porte é extremamente alto e, sem patrocinadores, torna-se praticamente inviável.

“O Contest é um evento muito caro, sem apoio acaba ficando um pouco inviável. Um evento de lutas casadas como o BJJ Stars, por exemplo, gira na casa de R$ 1 milhão. Mas ele começou de baixo, foi crescendo, até se consolidar”, explica Caloquinha, que citou a trajetória de Fernando Lopes, o Fepa, idealizador do BJJ Stars e referência na organização de eventos de jiu-jitsu.

Fepa iniciou o trabalho com eventos de jiu-jitsu no começo dos anos 2000, organizando desafios entre faixas-pretas. Agora, com mais de duas décadas de experiência, o BJJ Stars se tornou um evento consolidado, com transmissão internacional pelo serviço de streaming FloGrappling e grandes patrocinadores.

“O Fepa é a maior referência na organização de eventos no mundo para mim. Porque ele é pioneiro. No início dos anos 2000, ele começou a fazer desafios de faixas-pretas, onde lutavam Vitor Shaolin, Marcio Feitosa, Fernando Margarida, Nino… Os clássicos dos faixas-pretas, hoje em dia tem muitos, naquela época não eram tantos. Eram os grandes ídolos mesmo. Mais de 20 anos e hoje ele [Fepa] está com um evento consolidado, fechou com grandes patrocínios, fechou com a FloGrappling agora, mas antes ele vendia o pay-per-view dele para mais de 70 países. Merecedor total. Um cara que trabalha há muito tempo com isso, tive o prazer de lutar o BJJ Stars também e ver ali a organização, aprender com ele”, destacou.

Cláudio Caloquinha, presidente do BJJ Storm

Viabilizando um show para o mundo

Enquanto o BJJ Stars já conta com parcerias de peso e transmissão para dezenas de países, Caloquinha ainda busca estruturar o BJJ Storm Contest para alcançar um nível semelhante. “Eu penso um pouco mais baixo, mas creio que com R$ 400 mil a R$ 500 mil consigo fazer um grande evento que o mundo inteiro vai querer assistir”, revela.

O desafio, segundo ele, está no apoio financeiro. “Não é que seja impossível fazer um evento desses em Minas, mas o dinheiro gira de uma forma diferente em lugares como São Paulo e Rio de Janeiro. Em São Paulo, por exemplo, os empresários investem muito mais no esporte. Aqui, precisamos provar mais, mostrar resultados e convencer os patrocinadores a apostarem no jiu-jitsu”, pontua.

Apesar das dificuldades, Caloquinha acredita que o caminho para a consolidação do BJJ Storm Contest passa por um planejamento sólido e pela entrega de um evento impecável.

“Meu sonho é muito maior do que onde estamos hoje. Não quero contar ainda, mas já tenho um planejamento para os próximos dois anos, depende muito de patrocínio. Conheço muitos empresários, donos de grandes empresas, então penso em mostrar para eles, mais para o fim do ano, esse planejamento. Mostrar onde queremos chegar e fazer desse evento tradicional um local onde os grandes atletas vão querer fazer parte”, finalizou.

Veja a entrevista completa com Cláudio Caloquinha

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