
A cidade de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, terá dois representantes de peso no Federação Fight 17, no dia 31 de maio (sábado), em Nova Lima. Germana e Alex, irmãos do atleta do UFC, Vitor Petrino, entrarão no cage pela principal organização de lutas de Minas Gerais e darão continuidade à história que começou com o primogênito da família.
Vitor Petrino foi revelado justamente pelo Federação Fight, onde disputou lutas amadoras e adquiriu ampla experiência antes de se destacar no cenário nacional e internacional de MMA.
Muito mais do que seguir os passos do irmão famoso, Germana e Alex querem construir o próprio legado no esporte. Cada um com sua trajetória, mas com a mesma essência: garra, humildade e uma ligação forte com as origens.
“A trajetória do Vitor Petrino parece um filme. Lembro dele da finurinha de um dedo, chegava do serviço meia-noite em Santa Luzia, e mesmo cansado ia correr na rodovia”, destacou Alex, irmão mais novo do peso-pesado do UFC.
“Hoje ele está no maior evento do mundo, parece coisa de cinema. Mas história triste todo mundo tem alguma, o negócio é como você aprende com essa história como fez o Vitor. Ele passou um perrengue para chegar lá, mas pegou a história triste, matou no peito e mostrou superação para o mundo”, ressaltou.
A família Petrino
A paixão pela luta começou cedo na família Petrino com a prática do Sandá – arte marcial também conhecida como boxe chinês. Na adolescência, o irmão mais velho, Vitor Petrino, foi o primeiro a treinar a modalidade na Impacto Fighter Clube, do mestre Jaziel Júnior, em Santa Luzia. Logo depois veio Germana, que iniciou aos 13 anos.
“Quando iniciei era mais por questão de saúde e até mesmo estética. Vi que o esporte era gostoso, tive o prazer de ir, os resultados vieram e gostava de trocar porrada. Não tinha o interesse em competir, mas queria treinar como se fosse competição. Fiquei um tempão nisso até que o professor falou que eu tinha jeito e me daria bem nisso”, relembrou.
Assim como Vitor, Germana migrou para o MMA e hoje, aos 25 anos, tem cinco lutas amadoras no Federação Fight. Ela agora se prepara para aquele que pode ser o último passo antes de encarar um combate profissional.
“Eu ligo para ele [Vitor], muitas vezes para falar sobre as lutas, principalmente do amador. Quando estou treinando é porradaria, trocação e muitas das vezes chega na luta e não consigo demonstrar isso. O amador é mais importante para ter essa confiança e desenvoltura para chegar no profissional e dar o máximo da gente. Temos que arriscar mesmo no amador para colher os frutos no profissional. Essa etapa é extremamente importante. Quero ir para o profissional, mas sinto que preciso destravar mais o meu jogo”, salientou.
Já Alex, o caçula, insistiu anos no futebol até perceber que “era pé duro” e o verdadeiro talento estava nas lutas. Ele fará sua estreia no MMA amador no Federação Fight 17. Aos 24 anos, o jovem mora em Curitiba, onde treina ao lado de Vitor Petrino na CM System, uma das maiores equipes do Brasil liderada pelo ex-lutador do UFC, Cristiano Marcello.

O peso e a honra de carregar o sobrenome Petrino
Segundo Alex Petrino, ser irmão de um dos principais destaques do Brasil no UFC aumenta a responsabilidade. “Para mim é um orgulho grande carregar esse sobrenome, mas carregá-lo é difícil. Já caíram quatro lutas aqui em Curitiba, ninguém quer lutar”, brincou.
Alex vem se preparando para estrear há um ano e sete meses ao lado de alguns dos melhores atletas de MMA do Brasil na CM System. “Pessoal aqui é muito família, nunca teve essa cobrança por ser irmão do Vitor. O nível aqui é muito superior, muitos lutadores que participam de eventos fora do país”, observou.
“Mas acredita que não dá um frio na barriga pela estreia no MMA? O que eu aprendi nos treinos vou usar lá dentro e que o adversário esteja preparado também. O Vitor também é tranquilo na hora. Viviamos em favela e em beira de campo de futebol, se sobrevivemos aquilo lá o resto é fichinha”, salientou.
Para Germana, o desafio é duplo: ser mulher num esporte predominantemente masculino e vencer a desconfiança. “As pessoas falam: ‘você é tão pequenina, não tem medo de lutar não?’ Eu tenho 1,53m, mas quando fecho a cara… Aí ninguém segura. Trabalho com crianças, sou pedagoga, e meus alunos ficam empolgados quando veem minhas lutas. Eles acham o máximo e eu mais ainda”, contou, orgulhosa.
Além da luta, Germana divide o tempo como profissional de apoio a alunos da educação inclusiva em Santa Luzia. Com uma rotina puxada entre trabalho e treinos, ela já precisou abrir mão de um emprego para se dedicar ao MMA. “Trabalhei de monitora, fiz faxina, trança, bico em evento, o que aparecesse. Passei por momentos difíceis, mas nunca deixei de sonhar. Minha família e amigos me ajudaram muito”.
Estreia de Alex e o amadurecimento de Germana no MMA
Enquanto Alex se prepara para sua primeira luta de MMA amador, Germana volta ao cage mais madura. “No começo eu não tinha base de chão, era só trocação. Agora estou focada no jiu-jitsu, trabalho minha movimentação porque sou menor que as adversárias, mas compenso com a mão pesada. Meu golpe favorito é o uppercut, ele é o ideal pra mim e pega forte”, brincou.
Alex, conhecido por sua envergadura e versatilidade, aposta na estratégia e na inteligência dentro do cage. “Gosto de começar em pé, derrubar e buscar a finalização. Aqui na CM System a cobrança é alta, mas somos uma família”, afirmou.
O dia da família Petrino no Federação Fight 17
O Federação Fight 17 será mais do que um evento para a família Petrino. Será a chance de mostrar que o talento da casa não se resume a um nome no UFC. Germana e Alex entram no cage para reafirmar que, com trabalho e dedicação, a história de sucesso da família está só começando. Vitor Petrino, inclusive, estará no corner dos dois irmãos para orientá-los.
“Quando comecei, o Vitor já estava no Federação Fight. Agora vou lutar no mesmo evento com meu irmão mais novo. Os três no mesmo palco, é surreal. Parece coisa de cinema”, emocionou-se Germana.
Disputa de cinturão e promessas do MMA mineiro no cage
O Federação Fight é conhecido como um verdadeiro celeiro de talentos. Seis atletas que passaram pelo cage mineiro hoje fazem parte do UFC, como Norma Dumont, Vitor Petrino, Stephanie Rondinha e Luana Pinheiro.
Na edição 17, o destaque será para a disputa de cinturão, com o mineiro Fernando Laurenço, o Ben 10, buscando um feito inédito: se tornar campeão em duas categorias dentro do evento. Com um cartel expressivo de 17 vitórias, Ben 10 é considerado uma das grandes apostas do MMA nacional.
O evento também contará com a presença da lenda do microfone Sandribas de Campos, o “Voz do Trovão”, responsável por anunciar os combates e relembrar a história de atletas que trilharam o caminho do Federação Fight até o cenário internacional.
Federação Fight 17
Card Amador
- Peso-meio-pesado (até 93kg)
- Alex Salvo Petrino (92kg) vs Dário Junio Soares da Silva (93kg)
- Peso-pena (até 66kg)
- Filipe Morais (64,6kg) vs Wilquer Quemert (64,4kg)
- Peso-galo feminino (até 61kg)
- Germana Salvo (57,4kg) vs Débora Lindolfo (59,3kg)
- Peso-palha feminino (até 52kg)
- Napauria “Nah” (50,6kg) vs Valdileia Silva (48,2kg)
- Peso-mosca (até 57kg)
- Derik Henrique (58,2kg) vs Jonathan Fernandes Mum Ra (57kg)
- Peso-meio-médio (até 77kg)
- Luiz Carlos da Silva (74,3kg) vs Danilo Oliveira Alves (77,1kg)
- Peso-mosca (até 57kg)
- Vinicius Henrique Pinheiro Amaral (56,9kg) vs Rick Alves (56,3kg)
Card Profissional
- Luta principal – cinturão da categoria até 66kg
- Fernando “Ben 10” Laurenço (64,6kg) vs Kauê Vaz “Máquina da Guerra” (64,4kg)
- Peso-leve (até 70kg)
- Thiago Naja (65,4kg) vs Diogo Silva Yashiro (66,1kg)
- Peso-pesado (até 120kg)
- Luiz Cowboy (111,3kg) vs Kastor (115,5kg)
- Peso-mosca (até 57kg)
- Caio Paço (56,7kg) vs Luís “El Tripa” (56,7kg)
- Peso-meio-médio (até 77kg)
- Jean “Caveira” (72,9kg) vs Jeferson Próprio (74,8kg)
- Peso-pena (até 66kg)
- Islanio (66,1kg) vs Warlen Samuray (65,7kg)