O universo do MMA e o cenário do heavy metal colidem de forma poderosa na figura de dois gigantes brasileiros: Alex Poatan Pereira e Max Cavalera. De um lado, o ex-campeão do UFC que fará uma revanche contra o russo Ankalaev, neste sábado (4/10), em Las Vegas; do outro, a lenda da música, fundador do Sepultura e líder do Soulfly.
A admiração mútua entre os dois criou uma conexão que se manifesta de duas formas: na trilha sonora do Sepultura que embala o lutador nos eventos do UFC e no novo álbum do Soulfly, batizado com o bordão de Poatan.
Energia de Poatan vira álbum do Soulfly
A mais recente prova dessa sintonia veio em forma de homenagem. A banda Soulfly, liderada por Max Cavalera, batizou seu 13º álbum de estúdio de “Chama”, inspirado diretamente pelo bordão popularizado por Poatan. O disco será lançado no dia 24 de outubro.
Em comunicado oficial, Max Cavalera confirmou a influência e demonstrou respeito pelo lutador. “Chama é a palavra brasileira para fogo. Ela também significa ‘chamar’. Respeito ao Alex Pereira por usar ‘Itsári’ nas suas entradas no UFC. ‘Chama’ foi inspirado pela energia desse momento. Esse álbum é o som do fogo do Soulfly!”, declarou o músico.
‘Itsári’: a trilha sonora de Poatan no UFC
A conexão, no entanto, não é recente. Fãs do UFC já se acostumaram com a emblemática entrada de Poatan no octógono ao som da música “Itsári”. A canção não é uma escolha qualquer: trata-se de uma faixa do icônico álbum “Roots”, lançado pelo Sepultura em 1996, quando Max Cavalera ainda era o vocalista e principal compositor da banda.
O álbum “Roots” é um marco na música mundial por sua fusão do metal com a sonoridade indígena brasileira. A escolha de “Itsári” por Poatan cria uma ponte perfeita com sua própria ancestralidade, da etnia Pataxó, transformando sua caminhada para a luta em um verdadeiro ritual.
A canção foi gravada na região de Camarana, no Mato Grosso, em novembro de 1995, durante uma visita dos integrantes da banda ao povo indígena xavante.
Poatan também recebe apoio constante dos pataxós que habitam o Sul da Bahia, especialmente em Coroa Vermelha. O lutador já visitou a tribo diversas vezes. Em uma delas, ele levou o cinturão do UFC.
Em janeiro de 2023, Poatan falou sobre a visita ao site da ESPN. “Agora eu fui na aldeia e você vê a simplicidade dessas pessoas e a alegria dessas pesosas, é pra gente aprender. Muita gente com muita grana não tem a felicidade que esse povo tem, eu prefiro aprender com esse povo pra nunca esquecer disso”, ressaltou.
“Já fui várias vezes e toda vez que eu vou eu estou aprendendo aglo, principalmente as dificuldades. O filho do pajé Itambe, eu vejo muitas pessoas tentando atrapalhar os projetos deles, vejo que muitas coisas vem acontecendo pra atrapalhar e o cara está sempre alegre, a educação dos filhos deles. Tomo isso como lição, tenho dois filhos e estou criando eles nos Estados Unidos, quero tomar isso como lição que eu posso fazer igual, como aprendizado pra passar para os meus filhos”, completou.