O jiu-jitsu perdeu nesta quinta-feira (25/12), dia de Natal, uma das figuras mais visionárias e queridas do esporte. Morreu em Belo Horizonte, aos 44 anos, Cláudio de Mattos Cardoso, o Caloquinha. O lutador e empresário estava internado no Hospital Vila da Serra, onde lutava contra um câncer.
Além de uma carreira vitoriosa nos tatames como atleta da Gracie Barra BH, Caloquinha deixa um legado transformador como gestor esportivo. Ele foi o fundador e presidente do BJJ Storm, evento que nasceu em 2022 e rapidamente se tornou uma potência nacional, elevando o nível de profissionalismo das competições em Minas Gerais.
Discípulo direto do Mestre Vinicius Draculino, Caloquinha foi Campeão Brasileiro (CBJJ), medalhista de prata no World Pro de Abu Dhabi e treinador no reality show do BJJ Stars – uma das maiores competições do Brasil.
A morte precoce gerou uma onda de comoção no jiu-jitsu entre atletas, professores, alunos e fãs de Caloquinha. O pentacampeão mundial da IBJJF e vencedor do ADCC, Rômulo Barral, por exemplo, postou no Instagram diversas fotos ao lado de Caloquinha e exaltou o amigo. “Nunca pararás! Amor eterno. Saudade. Até o reencontro, meu irmãozinho. Você foi uma das melhores pessoas que conheci na minha vida, Claudinho. Descanse em paz, irmão”, publicou.
Já Draculino publicou uma carta aberta de despedida, exaltando a integridade do discípulo. “Você parte agora depois de ter feito o que sempre fez: lutando para frente, com raça. (…) A Gracie Barra BH hoje perde um de seus maiores heróis e pilares”, escreveu o Mestre.
O multicampeão mundial Felipe Preguiça, por sua vez, destacou os valores de Caloquinha fora do tatame. “Sempre admirei em você a sua verdade, algo cada vez mais raro no mundo de hoje. Um coração gigante, muitos projetos, ações sociais e uma vontade genuína de ajudar o próximo. Lembrarei sempre da sua bondade, sinceridade e do grande guerreiro que você foi em todos os momentos”, ressaltou.
Cláudio Caloquinha deixa familiares, uma legião de alunos e um vácuo no empreendedorismo esportivo de Minas Gerais. O velório será nesta sexta-feira (26/12), às 14h, no Cemitério e Crematório Bosque da Esperança.
Caloquinha e o BJJ Storm
A trajetória de Caloquinha como organizador foi meteórica. Em entrevista concedida ao No Ataque em março deste ano, ele detalhou como transformou o BJJ Storm em referência nacional. Sua visão era clara: tratar o atleta com o respeito que ele sentia falta na época em que competia.
Sob sua gestão, o evento se destacou pela pontualidade rigorosa, premiações em dinheiro que ultrapassavam a casa dos R$ 150 mil e uma estrutura de limpeza e organização inédita.
“O propósito é maior do que o lucro”, disse Caloquinha ao No Ataque na ocasião, explicando a filosofia de “fazer de coração” e entregar medalhas e cinturões de alta qualidade.
Ele também implementou um sistema de ranking inovador, que premiava os melhores atletas de cada faixa com passagens para disputar o Mundial da IBJJF na Califórnia.
Impacto Social: Jiu-Jitsu Consciente
Para além das medalhas e do business, Cláudio tinha uma forte veia social. Ele liderava o projeto Jiu-Jitsu Consciente, voltado para comunidades carentes, como o Morro do Papagaio, em BH.
Seu objetivo era usar a arte suave como ferramenta de transformação, planejando oferecer não apenas treinos, mas suporte psicológico, educação financeira e ensino de inglês para jovens em vulnerabilidade. “Quero mostrar a importância do jiu-jitsu em tirar muitas das crianças do crime e mostrar o caminho correto”, afirmou ele em sua última entrevista.
Veja as principais conquistas de Caloquinha:
- Campeão Brasileiro (2014 – IBJJF)
- Campeão Sul-Americano (2009 – CBJJE)
- Campeão da World Cup (2009 – CBJJE)
- Campeão da Copa do Brasil (2009 – CBJJE)
- Vencedor da SP Cup (2010)
- Medalha de Prata no World Pro Cup (2009 e 2010 – Abu Dhabi)
- Medalha de Prata no Europeu (2006 – IBJJF/CBJJ)
- Medalha de Prata no Rio Open (2009 – IBJJF/CBJJ)
- Medalha de Bronze no Mundial No-Gi (2008)
- Medalha de Bronze no Pan-Americano No-Gi (2008)