Rio de Janeiro – Ficar no quase doeu muito. E foi difícil aceitar. A derrota na disputa do bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2021 marcou Milena Titoneli. Em entrevista exclusiva ao No Ataque, a representante do Brasil no taekwondo relembrou problemas psicológicos enfrentados por última Olimpíada e projetou futuro. Ela estará em Paris 2024, mas disputará uma prova que tem caráter de “exibição”.
Três anos atrás, na sua primeira Olimpíada, Milena caiu nas quartas de final para a futura medalhista de ouro da categoria até 67kg, a croata Matea Jelic, e foi para a repescagem. Nesta fase da competição, ela venceu um duelo e perdeu para a marfinense Ruth Gbagbi já na luta pelo bronze. Com isso, Titoneli ficou na quinta colocação, logo abaixo das quatro medalhistas – são distribuídas duas medalhas de bronze no taekwondo.
A questão mental foi o ponto central para Milena Titoneli nas suas lembranças sobre os Jogos Olímpicos. A atleta, que é a única brasileira a conquistar um ouro em Pan-Americano no taekwondo e ainda ostenta dois bronzes em Mundiais – 2019 e 2022 -, afirmou que não estava bem preparada psicologicamente e que perder tão próximo da medalha olímpica a machucou.
“Foi muito difícil de eu aceitar que não deu por muito pouco. Psicologicamente falando, foi uma fase muito difícil para mim. Passei por muitos problemas antes, durante a preparação para Tóquio. Cheguei um pouco mal da cabeça, mas bem fisicamente e tive uma boa atuação. Mas de tudo que eu trago dessa participação em Tóquio é a questão da cabeça mesmo”, afirmou Milena, que completou.
“Na época, essa era a minha maior fraqueza e hoje é a minha maior força: a parte mental está muito bem trabalhada. E isso pode fazer diferença no resultado”
Milena Titoneli, atleta do taekwondo brasileiro
Futuro de Milena Titoneli no taekwondo
O atual ciclo olímpico resultou em uma vaga na Olimpíada de Paris para Milena Titoneli. Porém, não foi da forma que a atleta esperava. Ela ficou fora das provas individuais porque Caroline Santos se classificou por meio do ranking da World Taekwondo, e as brasileiras são da mesma categoria (até 67kg). Nos Jogos Olímpicos, cada país só pode ter uma vaga por faixa de peso.
Logo, mesmo estando atualmente na nona colocação do ranking, Milena ficou fora devido ao sétimo lugar da sua compatriota. Desta forma, a atleta viajará à França para competir exclusivamente na prova por equipes mistas, que terá status de demonstração na Olimpíada de Paris – assim como foi em Tóquio 2021 -, sem reconhecimento oficial, ou seja, não contabiliza medalhas conquistadas na disputa. Mesmo assim, a atleta garantiu foco na competição e projetou o futuro no esporte visando Los Angeles 2028.
“Eu já estou me preparando, pensando em algumas coisas. Eu sempre tive na minha mente, uma meta assim, que pelo menos três Olimpíadas na minha carreira. Já estou indo para segunda, não da forma que eu queria, mas estou indo para a segunda e eu quero sim tentar a terceira, tentar a quarta” destacou Milena, que seguiu.
“Eu estou dando o meu máximo, me cuidando muito bem, não tenho lesões hoje. Isso é muito importante, mesmo com quase 26 anos. E eu vou continuar trabalhando, eu vou seguir esse meu sonho, eu vou buscar a minha vaga nessas competições. Não só a vaga como a medalha, porque é um sonho meu. E eu trabalho diariamente para isso. Então podem ter certeza que ainda vão ver meu nome”
Milena Titoneli, nona lugar no ranking mundial na categoria (até 67kg)
Além da equipe mista que contará com Milena Titoneli, o taekwondo brasileiro contará com quatro atletas em competições individuais. Maria Clara Pacheco (-57kg), Caroline Santos (-67kg), Edival Pontes (-68kg) e Henrique Marques (-80kg) representarão o esporte nos Jogos Olímpicos de 2024.
O repórter viajou ao Rio de Janeiro a convite da Petrobras para o evento de apresentação do time da empresa. Acompanhe o No Ataque nos próximos dias e veja mais entrevistas exclusivas com atletas que disputarão a Olimpíada e Paralimpíada de Paris, como Ana Patrícia e Duda Lisboa, dupla do vôlei de praia, Isaquias Queiroz, da canoagem, Keno Marley, do boxe, Laura Amaro, do levantamento de peso, e Petrúcio Ferreira, do atletismo paralímpico, além de mais falas de Milena Titoneli.