O bronze não é o suficiente para Bia Ferreira. Com a medalha de terceiro lugar garantida, a boxeadora de 31 anos quer mais. Favorita ao ouro, a atleta encontrou gás e motivação na revanche que vai ter pela frente, já na semifinal do boxe nos Jogos Olímpicos de Paris, no sábado (3/8). Autocrítica, Bia seguirá nos treinamentos até ocupar o lugar mais alto do pódio.
Ao vencer a holandesa Chelsey Heijnen nesta quarta-feira (31/7), Bia já deu mais uma medalha para o Brasil – resta descobrir qual será a cor. O caminho até a dourada não é tão simples. A baiana vai enfrentar a irlandesa Kellie Harrington na semi da categoria até 60kg, mesma adversária da final de Tóquio, em que ficou com a prata.
Após três anos, a evolução de Bia é clara. Desde então, ela foi campeã do Pan Americano (2023) e campeã mundial (2023). Além disso, a atleta está há quase dois anos sem perder uma luta. Em entrevista ao No Ataque, a boxeadora comentou a evolução e o que precisa fazer diferente para vencer a rival.
“Acho que eu amadureci bastante. A gente teve mais três anos aí. Eu tive bastante lutas, fui para o profissional. Então, eu acredito que eu venho aprendendo. Acho que todos os dias eu aprendo um pouco mais. Eu não aceitei a derrota daquela vez. Estudei bastante minha luta para saber o porque eu não tinha convencido os jurados e eu espero fazer tudo diferente dessa vez para que eu possa convencê-los e sair vitoriosa daqui”, falou.
A atleta não se mostrou satisfeita com o desempenho nas oitavas de final e nas quartas. Ela apontou do que precisa para se manter firme na busca pela medalha de ouro.
“Acho que eu poderia ter me divertido um pouco mais, mas é isso. É um passo de cada vez e a gente vai melhorando cada vez mais. A gente está tendo atletas que não são bobas também, atletas que eu já enfrentei. Isso dificulta um pouco mais. Elas também querem ganhar, mas o que precisasse fazer para sair com a vitória eu sei que eu ia ter bagagem ali para fazer. A gente fez o suficiente para sair vitorioso até aqui”
Bia Ferreira, boxeadora brasileira
Por fim, Bia se disse motivada para a conquista inédita: “Eu gosto de fazer história. Gosto de fazer coisas que ninguém nunca fez. E fico muito feliz. É uma despedida gostosa com duas medalhas olímpicas. Treinei muito para isso. Sou muito merecedora. Tenho muito orgulho de mim. Espero que daqui a 10 anos eu continue tendo orgulho assim.”
Técnico diz o que pode melhorar
Treinador de Bia, Mateus, da Confederação de Boxe, garantiu que a atleta ainda tem mais repertório e qualidade para demonstrar no ringue. Para ele, a atuação nas duas lutas já feitas não são suficientes para levá-la ao ouro.
“Tem que melhorar. São duas lutas razoáveis. Não foram lutas do nível que a gente espera da Bia aqui para ser campeã olímpica. Avaliar o que está acontecendo e organizar. Porque tem que lutar mais do que isso e do que da primeira luta também”, começou.
O técnico respondeu em quais aspectos a boxeadora ainda precisa aprimorar até a luta com a irlandesa. As duas se enfrentam no sábado (3/8), às 17h08 (de Brasília), na Arena do Norte de Paris.
“Eu tenho o nível de exigência dela muito alto. Eu não gostei nem da primeira, e nem dessa. Conhecendo a Bia há oito anos de corner, não foi uma luta 100% da Bia. São vários aspectos (que faltaram), de rapidez, de força, de tranquilidade, de não ficar muito preso. Eu conheço quando ela está pressionada pelo resultado, mas isso é normal. Ela precisa realmente lutar mais do que isso para passar a irlandesa, porque ela é uma atleta campeã olímpica, campeã mundial, campeã europeia e muito experiente”
Mateus, técnico de Bia Ferreira