JOGOS OLÍMPICOS

Quem é Imane Khelif, boxeadora que viralizou nas redes após discussão sobre gênero

Boxeadora argelina Imane Khelif, de 25 anos, é um dos nomes mais comentados dos Jogos Olímpicos de Paris nesta quinta-feira (1º/8)
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A boxeadora argelina Imane Khelif, de 25 anos, é um dos nomes mais comentados dos Jogos Olímpícos nesta quinta-feira (1º/8), em todo o mundo, após ser alvo de ataques sobre gênero. Ela ficou em evidência ao derrotar a pugilista italiana Angela Carini em uma luta que durou apenas 46 segundos, na estreia em Paris 2024.

A controvérsia envolve a desqualificação da argelina do Mundial de 2023 por altos níveis de testosterona e acusações de figuras públicas como Elon Musk e J. K. Rowling, que alimentaram o debate sobre sua elegibilidade e identidade.

Carreira de Imane Khelif

Imane Khelif, nascida em 2 de maio de 1999, em Tiaret, uma vila rural no Noroeste da Argélia, iniciou a carreira esportiva jogando futebol antes de migrar para o boxe. Para treinar, Imane precisava viajar para uma vila vizinha e vendia sucata para pagar as passagens de ônibus. Seu pai inicialmente não aprovava sua prática de boxe, por considerá-lo inadequado para meninas.

Imane já representou a Argélia em diversas competições internacionais.

Na última edição dos Jogos Olímpicos, em Tóquio, ela competiu na categoria dos leves e foi derrotada nas quartas de final pela irlandesa Kellie Harrington.

Em 2022, Imane alcançou um marco histórico ao se tornar a primeira pugilista argelina a chegar à final do Campeonato Mundial de Boxe Feminino da IBA, quando conquistou a medalha de prata.

A polêmica de 2023

Em março de 2023, Khelif foi desqualificada do Campeonato Mundial de Boxe Feminino da IBA por não atender aos critérios de elegibilidade.

A Federação Internacional de Boxe alegou que a desqualificação foi devido a níveis elevados de testosterona, relacionados a uma condição de desenvolvimento sexual, que faz com que algumas mulheres tenham cromossomos XY e níveis de testosterona típicos de um homem.

A decisão gerou controvérsia e ataques exacerbados pela ausência de um consenso claro sobre as regras de elegibilidade de gênero no esporte.

Em janeiro de 2024, Khelif se tornou embaixadora nacional da UNICEF, destacando sua influência positiva e seu papel como modelo para jovens atletas.

Posteriormente, o Comitê Olímpico Internacional (COI) autorizou a participação de Imane na Olimpíada de Paris 2024, confirmando que ela cumpria todas as regulamentações médicas e de elegibilidade necessárias.

Vitória e reações nas redes

Nesta quinta-feira (1/8), em sua estreia no boxe em Paris, Imane venceu a pugilista italiana Angela Carini, de 25 anos, no primeiro round. A adversária foi golpeada com um forte direto no rosto e desistiu do combate com apenas 46 segundos. “Não podia continuar. Meu nariz doía muito e eu disse: ‘Parem’. Era melhor não continuar”, relatou a italiana.

Após a vitória, a autora J. K. Rowling atacou Imane na rede social X (antigo Twitter), insinuando que a lutadora argelina é um “homem” que bateu em uma mulher com o consentimento do COI. O post teve milhares de curtidas e compartilhamentos, amplificando a controvérsia sobre a elegibilidade de Imane no esporte feminino.

Apesar dos ataques, Imane recebeu enorme apoio de torcedores ao redor do mundo. Em seu perfil no Instagram, torcedores de diversos países, incluindo a Itália, manifestaram apoio à atleta e repudiaram os comentários negativos sobre seu gênero. Foram mais de 7 mil comentários em poucas horas.

Nas mensagens de apoio, palavras de incentivo à atleta e até pedidos de desculpas.

“Sou italiano e só quero parabenizá-la. Sinto-me muito envergonhado pelo drama cinematográfico que sua oponente fez no centro do ringue” e “Sou italiana e lamento muito o que a mídia disse sobre você” foram alguns dos muitos gestos de solidariedade que Imane Khelif recebeu.

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