Beatriz Souza era uma garotinha mais agitada que as amigas da mesma idade. Aos sete, foi levada pelos pais ao judô como forma de ensiná-la a lidar com a ansiedade. Anos depois, a modalidade na qual se tornaria medalhista de ouro olímpica a fez aprender a amar o próprio corpo.
“Eu era muito alta em relação às minhas amigas e à galera com quem eu sempre andava. Eu era muita alta e muito grande desde a época da escola. Então, eu nunca me senti confortável e nunca tive alguém igual a mim para poder dividir como era essa sensação”, contou, com semblante tranquilo e sorriso de quem acabara de conquistar o ouro na categoria acima de 78kg na Olimpíada de Paris 2024.
O processo até se sentir bem consigo mesma não foi simples e contou com a ajuda de um ícone do judô brasileiro: Maria Suelen, três vezes vice-campeã mundial – duas delas na mesma categoria que Bia. “ Quando a gente vai para o alto rendimento, a gente conhece grandes mulheres”, conta.
“A Maria Suelen foi uma delas, que mostrou que meu corpo é meu material de trabalho. Se eu não amar meu corpo, quem vai amar? Quem vai trabalhar para manter ele em plenas condições físicas para competir, para andar por aí e se sentir bem?”, questionou, retoricamente, antes de seguir.
“Então, eu tenho que me amar. Não só porque é meu material de trabalho, mas porque sou assim. Sou feliz assim. Sempre fui. Faltava me conhecer mais assim e ver que a minha beleza também importa. Eu sou linda e é isso, gente! Para de inveja (risos)”, sorriu.
Beatriz Souza quer inspirar
Bia Souza também entende que, daqui para frente, terá o papel de inspirar outras mulheres negras. “Que elas acreditem que todo sonho é possível. Não vou falar que é fácil, não é. Acho que nada que é grandioso é fácil de ser conquistado. Mas, sejam grandes ou pequenos objetivos, é possível”, disse.
“Lutem, acreditem e confiem. Deem o máximo de si. Mesmo quando a gente acha que nada vai dar certo, acaba valendo a pena”, completou.