JUDÔ

Bia Souza vive ‘loucura’ pós-ouro e decide virar chave em 2026: ‘Vai começar’

Campeã olímpica do judô em Paris 2024, Bia Souza foi a entrevistada do mês do Olimpicast, videocast do No Ataque

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Desde o ouro em Paris 2024, Beatriz Souza escreveu muitos capítulos da própria vida. Boa parte deles, contudo, se passou longe dos tatames – justamente onde ela atingiu o ápice em agosto do ano passado, na Arena do Campo de Marte. Entre treinos e competições, a judoca emendou palestras, entrevistas e uma série de compromissos comerciais até encerrar a primeira temporada completa como campeã olímpica em Belo Horizonte. Em novembro, Bia foi campeã do Grand Prix Nacional de Judô com o Pinheiros, na Arena UniBH, e conversou de forma exclusiva com o Olimpicast, videocast do No Ataque.

Quarta entrevistada do projeto – Gabi Guimarães, Caio Bonfim e Maria Clara Pacheco a antecederam -, Bia Souza refletiu sobre o mundo que se abriu após o ouro nos Jogos Olímpicos da França. A paulista de 27 anos admitiu que viveu uma “loucura” depois da conquista e tentou aproveitar as oportunidades, mas está decidida a virar a chave. A ideia para 2026 é intensificar a preparação rumo a Los Angeles 2028.

“Eu não sabia como era, como funcionava um ano pós-olímpico. E é realmente uma loucura, porque é um momento em que estamos em busca de patrocínio, em que precisamos aparecer, fazer mais contratos, ainda mais os contratos para durar o ciclo. Então, ficamos atrás de patrocínio, evento, para conseguir um dinheiro e ainda manter os treinos, as competições. Então, é um ano muito agitado”, iniciou.

No primeiro semestre, Bia Souza focou em apenas disputar as principais competições: Pan-Americano de Judô, Grand Slam e Mundial. Só que até ela não criou grandes expectativas: “Eu não estava em busca de excelentes resultados. Só queria realmente voltar e subir de novo no tatame, sentir ali a energia, e o foco era o treino. Temos muitos detalhes para ajustar desde a Olimpíada, ainda mais depois das competições que eu realizei esse ano. O foco agora, além de descansar a parte mental e manter a parte física”.

“O ano de 2025 foi para, além de descansar, tentar ajustar cada vez mais os detalhes e ir retornando aos poucos ao tatame. Aí, de alguma forma, fazer desse ciclo de Los Angeles um pouco mais tranquilo também. É no ano que vem que realmente vai começar. Volto a competir mais, com treinamentos internacionais. Foco no Mundial também, porque estou em busca de uma grande medalha que está faltando na minha listinha [risos]”

Bia Souza, judoca brasileira

Bia é uma unanimidade competitiva em território nacional. Fora do Brasil, tem resultados expressivos: além do ouro olímpico, acumula seis medalhas continentais, 12 em Grand Slams e três em Mundiais (uma prata e dois bronzes). A que “está faltando”, como ela mesma diz, é justamente o título mundial. A próxima edição do torneio será em julho de 2026, no Azerbaijão.

Uma referência para o Brasil

Nesse momento único após a medalha de ouro, Bia Souza foi alçada ao posto de referência. Isso ocorreu desde o primeiro momento, ainda na França. A mulher preta que deixou o interior de São Paulo – nasceu em Itariri e foi criada em Peruíbe – para brilhar nos Jogos Olímpicos se fez conhecida em todo o mundo. Ao refletir sobre a própria trajetória, deixou claro que não é apenas a parte esportiva que importa. Para ela, servir de exemplo para a sociedade por tudo que é feito também é crucial.

“A referência não se constrói só aqui dentro do tatame, mas fora também. Tem o público que não é atleta, mas também que, de alguma forma, se inspira na minha história. Aquela menina que saiu de uma cidade pequena, de uma família que não tinha tanto dinheiro, mas sempre batalhou para ter as próprias conquistas, de levar a filha para o esporte, de poder cada vez mais realizar o meu sonho. Não é uma história única, não é história de um só brasileiro”, frisou Bia.

“Tem muitos aí pelo Brasil e não necessariamente precisa ser dentro do esporte. De alguma forma, todo mundo se inspira em uma luta de vitória, de superação e acho que isso que constrói o brasileiro. Sempre lutamos todos os dias em busca dos nossos sonhos. Então, é uma referência também não que se constrói não só aqui dentro do tatame, mas também para para uma sociedade em si”, continuou a judoca.

Tornar-se referência é uma consequência por todo os feitos – em Paris, por exemplo, ela também conquistou a medalha de bronze na competição por equipes. Só que Bia Souza aprendeu a conviver com outro efeito brilho na Olimpíada de 2024: a fama. A judoca até brincou sobre a situação e o choque há um ano e três meses, precisamente em 2 de agosto de 2024, quando conquistou o ouro na disputa da categoria para atletas com mais de 78kg (peso pesado).

“Literalmente, todo mundo descobriu quem eu era [risos]. Foi meio assustador – ‘mega positivo’ – assim porque sonhamos com uma medalha olímpica, mas não sabemos a dimensão de que a nossa vida vai se transformar e quem que vai reconhecer a gente. No judô, ser conhecido, OK. Mas literalmente o Brasil inteiro saber quem eu sou, foi uma loucura”, disse a atleta que tem quase 3 milhões de seguidores no Instagram.

Caminho até Los Angeles 2028 para Bia Souza passa por ‘construção’

Tudo que Beatriz Souza está moldando nesse ano também tem, obviamente, um propósito esportivo. E passa pelo bicampeonato olímpico. A judoca demonstrou um sentimento diferente ao falar sobre os Jogos e refletiu sobre o caminho até Los Angeles 2028. Nas declarações, algo repetido pela atleta resume a trajetória do atual momento até a disputa daqui a dois anos meio: é uma construção.

“Não tem como não olhar para Los Angeles. Por mais que eu sempre fale que, a cada treinamento, é uma construção, que o dia a dia ali no clube é mais um ‘degrauzinho’ que construímos, mas é óbvio que a gente está com olho lá em Los Angeles 2028. Eu fui só para uma Olimpíada, né, gente? Eu quero viver tudo isso de novo, eu quero sentir toda essa magia”

Bia Souza, campeã olímpica no judô

“A Olimpíada é realmente outro mundo. Parece a magia da Disney ali que está acontecendo, porque você sente toda uma energia, a galera é uma outra atmosfera. Então, eu realmente quero viver tudo isso. Mas é em base de construção. A gente tem outras competições, torneios internacionais e pontuação no ranking até o ranking olímpico abrir para a gente buscar”, completou Beatriz Souza.

E ainda é possível progredir? Na opinião da própria Bia Souza, ainda existem diversos ajustes a serem feitos na “construção” almejada. “Eu quero também evoluir muito tecnicamente, taticamente. Então, é uma construção ali do meu dia a dia. Quero evoluir o meu judô e também evoluir cada vez mais como pessoa e como atleta. E isso é construção a cada dia, a cada ano. Estamos sempre em busca de excelência nos resultados, evolução técnica e tática e, claro, de olho em mais uma medalha de ouro aí”, concluiu.

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