BASQUETE

Basquete: atleta de 14 anos é apontado como sucessor de Gersão no Ginástico

Orlando da Silva Neto tem 14 anos e já foi convocado pela Seleção Mineira para o Campeonato Brasileiro da categoria.

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Ivan Drummond

O ano, 1976. O palco, o Ginástico, tradicional clube de Belo Horizonte, onde o basquete tem apelo especial. Na ocasião, um gigante de 2,04m, negro, entrou no local. Era um menino, de 18 anos, que mais tarde se transformou em um dos maiores pivôs do país.

Entre outras conquistas, o mineiro Gérson Victalino, o Gersão, sagrou-se campeão do Pan-Americano de Indianápolis, nos EUA, em 1987, com vitória marcante do Brasil sobre a favoritíssima equipe norte-americana, por 120 a 115. Ele também é o jogador que mais vezes vestiu a camisa da Seleção Brasileira.

A vitoriosa história de Gersão, falecido em 2020, aos 60 anos, pode se repetir. Na equipe Sub-14 do Ginástico, um jogador, considerado uma joia, começa a ganhar destaque: Orlando da Silva Neto, 14 anos, pivô de 2,08m. Ele tem pouco tempo no clube. Chegou em outubro de 2022, mas já é uma promessa – tanto que foi convocado pela Seleção Mineira para o Campeonato Brasileiro da categoria.

Orlando é mato-grossense, nascido em Campo Grande. Lá, fez os primeiros arremessos. “Jogava na escola, mas não era nada de competição. Apenas brincadeira. Depois, fui para o Centro Comunitário Municipal, o CEM. Tinha 12 anos. Foi só, antes de vir para o Ginástico”, disse.

A transferência para o Ginástico ocorreu graças a mãe, Adriana. “Ela se entusiasmou com a possibilidade de eu me tornar um jogador de basquete. Dizia que no Mato Grosso eu não teria chance. Foi então que ela, que gosta muito de basquete, resolveu procurar ajuda”, conta.

Adriana foi atrás de um agente. “Ela procurou e encontrou uma agência, a A11, que é do ex-jogador, que também era pivô, Sandro Varejão. Os dois conversaram, e ele recomendou o Ginástico, dizendo que era um clube que fazia um grande trabalho na base. Aí, eu vim pra cá.”

Orlando chegou ao clube para fazer um teste e logo agradou aos treinadores Jefferson e Rapadura. “O contato foi feito por meio do Jefferson, que não pensou duas vezes para dar o sim ao Varejão”, diz Rapadura, responsável pelo time Sub-14.

A notícia se espalhou, e logo os sócios e ex-jogadores do clube (que até hoje participam de peladas disputadíssimas, às quartas, sábados e domingos, com três a quatro times por dia) começaram a ir ao Centro de Treinamento do clube, no Bairro Buritis. Todos queriam ver a nova promessa, o “novo Gersão”, como muitos dizem.

Em casa

Orlando não teve dificuldades de entrosamento com os companheiros de equipe. “Aqui eu me sinto em casa, me sinto muito bem. Faço o que gosto. Penso que estou indo bem, pois já tive uma convocação para a Seleção Mineira e quero estar na próxima”.

O jovem pivô “abraçado” pelo Ginástico, que lhe dá moradia, alimentação e também escola. “Estou no oitavo ano da Escola Estadual Barão do Rio Branco. Gosto de lá, também.” Para as despesas, o clube auxilia com uma ajuda de custo. Orlando mora no Bairro Cruzeiro, em um apartamento alugado, perto do clube, onde passa o tempo quando não está estudando.

Ele, que se diz acostumado à nova rotina de treinos, revela os sonhos para a carreira. “Primeiro, quero ser campeão mineiro Sub-15. E também ser campeão brasileiro com a Seleção Mineira, no ano que vem. São meus sonhos imediatos”.

Para o futuro, pretende voar alto: “Sonho em jogar na Espanha ou Itália. E quem sabe, chegar à NBA. Quero fazer por onde, lutar por isso”.

Apesar da empolgação com o basquete, o jovem não se esquece dos estudos. Pensa em cursar engenharia elétrica, mas tem prioridades. “Em primeiro lugar está o basquete. O curso universitário será consequência. Quero estar na quadra, fazendo cestas, enterrando, ganhando título. Pelo Ginástico.”

O clube

O Ginástico é um clube formador, mas mantém uma galeria de títulos. Neste ano, por exemplo, foi campeão brasileiro Sub-12. Em 2022, campeão metropolitano e mineiro Sub-15. E foi vice brasileiro da mesma categoria.

Para o ex-jogador do clube e atual técnico do jovem pivô, Wilson Félix, o Rapadura, a promessa do Mato Grosso tem potencial para se transformar em realidade.

“O Orlando é um jogador que tem um grande futuro pela frente. Ele é atento, muito esforçado e procura sempre se informar, para melhorar cada vez mais.”

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