Ídolo e sexto maior artilheiro da história do Cruzeiro, Marcelo Ramos relembrou como foi a chegada à Toca da Raposa, em 1995. Em entrevista ao podcast Fala AE, o baiano contou o início da trajetória no clube celeste e o desafio de ser o substituto de Ronaldo, vendido ao PSV Eindhoven, um ano antes.
“No final de 1994, a gente fez uma campanha muito boa no Brasileiro com o Bahia. Chegamos às oitavas de final e fomos eliminados pelo Palmeiras, que foi o campeão brasileiro. Fiz muitos gols nesse campeonato e, no final de 1994, quando o Zezé Perrella assumiu o Cruzeiro, eu fui a primeira contratação”, relembrou o ex-atacante.
“Em 1995, a gente perdeu o Campeonato Mineiro para o Atlético. Eu fiz oito gols, o que era muito pouco na época. Por isso, vieram os questionamentos. Quando chega o Ênio Andrade para o Campeonato Brasileiro, aí sim. Ele me deu muita força, e eu consegui dar a volta por cima. Eu começo o Brasileiro no banco. No segundo jogo, contra o Corinthians, eu marco o gol mais rápido do Brasileiro, aos 11 segundos, e faço mais um na vitória por 2 a 0. A partir daí, não saio mais do time”, destacou.
Ascensão no Cruzeiro e ‘pressão’ por Ronaldo
Marcelo Ramos ressaltou que o incentivo do técnico Ênio Andrade foi fundamental para adaptação no Cruzeiro. O ‘Flecha Azul’ também destacou o papel dos companheiros para começar a se soltar na equipe.
“Eu tive grandes treinadores na carreira, mas ele [Ênio Andrade] fazia a diferença. Ele viu isso em mim. Ninguém faz mais de 100 gols no Bahia sem ter qualidade. Foi um pouco difícil a adaptação, mas veio a visão do Ênio Andrade e a confiança que ele me passou. Os companheiros como Paulinho, Fabinho, Nonato, Dida também me deram muita força. As coisas foram acontecendo naturalmente, porque eu era muito tímido dentro e fora de campo. Eu sempre digo que o jogador não pode ser tímido dentro de campo e tem que fazer chover”, comentou, antes de falar sobre a responsabilidade de substituir Ronaldo.
“Eu nunca carreguei isso comigo de substituir o Ronaldo. Eu tinha que jogar o meu futebol, porque o cara era o Fenômeno e tinha uma característica totalmente diferente. Eu não vou pedalar se eu não sei. Eu vou me posicionar, fazendo meu jogo técnico e minha leitura de jogo para fazer gols. Eu gostava de treinar: finalização de esquerda, de direita, de cabeça. Com craques como Palhinha e Alex, as bolas chegavam. Isso me fez ter um desempenho melhor”, concluiu.
Marcelo Ramos no Cruzeiro
Marcelo Ramos é o segundo jogador que mais conquistou títulos com a camisa do Cruzeiro. Foram 14 em três passagens entre 1995 e 2003 – um a menos que o recordista, Ricardinho. Os mais marcantes foram a Copa do Brasil de 1996, quando ele fez o gol do título sobre o Palmeiras, e a Copa Libertadores de 1997.
Nesse mesmo ano, ele ainda marcou o gol do título estadual sobre o Villa Nova, na vitória por 1 a 0, ocasião em que o Mineirão recebeu o maior público de sua história: 132.834 espectadores.
Nas três passagens pela Raposa, o ex-camisa 9 somou 163 gols em 365 jogos, sendo o sexto maior artilheiro da história celeste.
Marcelo é também o sexto maior artilheiro do Bahia, onde foi revelado, com 128 gols.
Títulos de Marcelo Ramos pelo Cruzeiro
- Campeonato Mineiro (1996, 1997, 1998 e 2003)
- Copa do Brasil (1996 e 2003)
- Copa Libertadores (1997)
- Campeonato Brasileiro (2003)
- Recopa Sul-Americana (1998)
- Copa Ouro (1995)
- Copa Master da Supercopa (1995)
- Copa Sul-Minas (2001)
- Copa dos Campeões Mineiros (1999)
- Copa Centro-Oeste (1999).
Gols de Marcelo Ramos por ano no Cruzeiro
- 1995 – 28
- 1996 – 31
- 1997 – 22
- 1998 – 27
- 1999 – 25
- 2000 – 4
- 2001 – 16
- 2002 – 6
- 2003 – 4
Os 10 maiores artilheiros do Cruzeiro
- Tostão – 245 gols em 383 jogos
- Dirceu Lopes – 228 gols em 610 jogos
- Niginho – 210 gols em 280 jogos
- Bengala – 171 gols em 282 jogos
- Ninão – 168 gols em 133 jogos
- Marcelo Ramos – 163 gols em 365 jogos
- Palhinha – 156 gols em 457 jogos
- Alcides – 150 gols em 324 jogos
- Joãozinho – 119 gols em 485 jogos
- Evaldo – 116 gols em 302 jogos