O CEO do Atlético-MG e da Arena MRV, Bruno Muzzi, disse que os custos das contrapartidas e do licenciamento exigidos ao Atlético-MG pela construção do estádio chegam a R$ 335.336.697,58 – quase 50% dos R$ 750 milhões investidos na obra do estádio em si.
A informação foi divulgada durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) – Abuso de Poder na PBH (Prefeitura de Belo Horizonte), nesta quinta-feira (15/6).
O dirigente entende que o valor é abusivo. “A gente achava que seria de 10% a 15%, cerca de R$ 40 milhões. E tem lugar que é 3%, 5%”.
Muzzi disse que, se a administração do Atlético-MG soubesse que o valor de contrapartidas atingisse 50% do total da obra, talvez a construção não tivesse saído do papel.
“Se fosse fazer a viabilidade em 2018 (com esse valor), não era viável continuar a obra. Mesmo porque entramos em período de pandemia, este atraso da obra, ninguém pode prever pandemia, o impacto da inflação foi muito severo”, disse.
“Como empreendedor, eu sou um defensor de contrapartidas. Moro em região de diversos empreendimentos, e a gente paga pela falta de contrapartidas, como empreendedor acho que o poder público tem que ter um percentual máximo de contrapartidas. Em várias cidades existem, isso é fundamental”, acrescentou.
O dirigente disse ainda que o Atlético-MG não tem R$ 150 milhões para a conclusão das contrapartidas restantes.
Valores das contrapartidas da Arena MRV
- Contrapartidas ambientais: R$ 95.304.168,44
- Contrapartidas sociais: R$ 12.767.950,87
- Contrapartidas viárias: R$ 212.471.874,99
- Total: R$ 320.543.994,30
Valores do licenciamento da Arena MRV
- Licenciamento ambiental: R$ 14.792.703,28
- Taxas e impostos: R$ 1.434.179,82
- Licenciamento viário: R$ 3.297.274,70
- Total: R$ 3.297.274,70
CPI Abuso de Poder na PBH
A CPI Abuso de Poder na PBH investiga possíveis excessos nas contrapartidas exigidas ao Atlético-MG pela prefeitura para a construção da Arena MRV.
O depoimento de Bruno Muzzi, CEO do Atlético-MG e do próprio estádio, é o segundo realizado nas duas últimas semanas.
Em 1º de junho, o arquiteto Bernardo Farkasvölgyi, responsável pelo design da Arena MRV, criticou a demora para a aprovação do projeto na PBH.
A CPI foi constituída em dezembro de 2022. Segundo requerimento assinado pela relatora Fernanda Pereira Altoé (Novo), o objetivo é investigar “uma clara suspeita de que as contrapartidas exigidas foram impostas exclusivamente para prejudicar o andamento das obras do novo complexo esportivo mineiro, por motivos alheios ao interesse da cidade”.
Grande parte da obra foi realizada durante a gestão do ex-prefeito Alexandre Kalil, que ficou no cargo entre 2016 e 2022.
Antes dos depoimentos, integrantes da CPI fizeram uma visita técnica à Arena MRV para buscar informações sobre o processo de licenciamento e as contrapartidas.