Campeonato Brasileiro

Clássico no Mineirão tem episódios de importunação sexual e homofobia

Episódios ocorreram em setores da torcida do Atlético-MG na partida contra o América-MG; membro de organizada foi denunciado

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O empate por 2 a 2 no clássico entre Atlético-MG e América-MG, nesse domingo (2/7), pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro, ficou marcado por casos de importunação sexual e homofobia no Mineirão. Os episódios ocorreram em setores da torcida do Galo, mandante da partida. As vítimas registraram Boletins de Ocorrência na Delegacia de Eventos do estádio, mas os responsáveis pelos crimes não foram localizados.

O caso de importunação sexual ocorreu no setor superior laranja do Mineirão. Uma jovem estava em um bar quando sofreu o abuso. Ela ainda teve o celular furtado pelo autor dos crimes. Nas redes sociais, a irmã da vítima, Raissa Maia, descreveu o episódio e revelou constrangimento com questionamentos machistas de policiais homens no momento do BO.

“Todas as mulheres foram super atenciosas com a gente, mas os homens… Na delegacia, os policiais perguntaram quantas cervejas a minha irmã tinha tomado. É isso que a vítima que acaba de sofrer assédio tem que ouvir. Eu filmei tudo e tomei as providências que tinham que ser tomadas. Não é pelo celular que foi furtado. A questão é a integridade”, iniciou o relato.

“Um cara chegou atrás dela, ‘sarrou’ nela e roubou o celular dela. Furtou, no caso. O Mineirão não vai resolver. O Atlético, muito menos. Estou desanimada com o futebol depois desse fato. Dá vontade de pegar todas as minhas camisas do Galo… Todos sabem como sou fanática pelo Clube Atlético Mineiro, mas, depois de hoje, desencantei”, complementou Raissa, que estava acompanhada da família no jogo.

Homofobia no setor da Galoucura

Também em postagem nas redes sociais, Felipe Garcez relatou que sofreu insultos homofóbicos de um membro da Torcida Organizada Galoucura (TOG). Além das ofensas, o torcedor quase foi agredido pelo integrante da uniformizada.

“Não é a primeira vez que acontece comigo. Eu já fui agredido pelo simples fato de existir. Também não é a primeira vez que acontece em um estádio. Eu estava no setor da Galoucura o jogo inteiro. Eu gosto e faço questão de fazer parte da torcida. Estou tremendo (no momento do relato). É uma situação de violência incabível. A gente acha que está passando (a homofobia), mas não está, infelizmente”, iniciou Felipe.

“Um cara veio na minha direção para me agredir, para bater em mim, com camisa da Galoucura, torcida de um time que eu defendo. Dou dinheiro para esse time, que postou foto com arco-íris (no Dia Internacional do Orgulho LGBT) e faz isso. Estou no alto do privilégio de falar isso sem hematomas, mas tem ‘viado’ que apanha todos os dias na rua, assim como mulheres trans e travestis”, desabafou.

“Atlético Mineiro e Galoucura, mude o conceito do que é esporte e inclusão para vocês. Torcida organizada é uma parada totalmente marginalizada, tem um contexto social excludente. Vocês estão fazendo isso com a galera que está do lado de vocês, com a galera que consome esporte e união”, concluiu o atleticano.

Posicionamento do Mineirão

“O Mineirão lamenta e repudia quaisquer casos de importunação sexual e lgbtfobia que aconteça no estádio, e ressalta que é importante que denúncias sejam feitas para que a apuração dos fatos ocorra pelas autoridades competentes, e os responsáveis sejam punidos.

Assim que teve conhecimento do caso de importunação sexual ocorrido na partida entre Atlético e América, no último domingo (2), a equipe de atendimento do Mineirão fez o acolhimento da vítima e de seus familiares no Juizado Especial Criminal (Jecrim), onde o boletim de ocorrência foi registrado.

É importante lembrar que em todos os jogos é realizada a campanha “Todos Contra a Importunação Sexual”, lançada pelo Mineirão em 2021, que tem o apoio dos clubes, da Federação Mineirão de Futebol (FMF) e de diversos órgãos públicos municipais e estaduais de segurança, justiça e assistência social. Além disso, o atendimento, encaminhamento e acompanhamento de vítimas de importunação sexual, pelo Mineirão, foram intensificados no estádio. O estádio lembra ainda que tem um canal de denúncias por Whatsapp, com cartazes de QR Codes espalhados por banheiros e áreas de circulação.

Com relação ao caso de lgbtfogia ocorrido no domingo (2), o Mineirão informa que já fez contato com a vítima no intuito de prestar atendimento e acolhimento. A concessionária ressalta que é parte de seus princípios ações afirmativas para que a presença do público lgbt+ seja uma realidade cada vez mais crescente dentro do estádio.

O Mineirão reforça que está à disposição das autoridades policiais para a apuração de ambos os fatos. O estádio possui 365 câmeras de vigilância que auxiliam no monitoramento e colaboram com a apuração dos fatos pelas autoridades competentes”.

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