O diretor de futebol do Atlético, Rodrigo Caetano, rebateu as críticas feitas por Eduardo Coudet. Demitido pelo Galo em junho, o treinador disparou contra o executivo ao assumir o Internacional. O argentino considerou ‘má sorte’ ter trabalhado duas vezes com o dirigente – no Galo e no Colorado – nas passagens anteriores pelo futebol brasileiro.
Nesta quinta-feira (27/7), em entrevista coletiva na Cidade do Galo, Rodrigo Caetano admitiu surpresa com as declarações de Coudet, já que fez questão de contratá-lo em ambas as situações.
“Eu encarei com espanto e surpresa. Em todas as manifestações dele aqui e no Internacional, ele se referiu à oportunidade que lhe foi dada. Prefiro acreditar que ele se expressou mal, porque ele não teve azar de cruzar comigo. Eu que fui buscá-lo duas vezes. O fato é esse. Me surpreendeu. No Internacional, foram mais pessoas comigo para buscá-lo. No Galo, fui eu quem levou o nome dele para a aprovação da diretoria. Prontamente, todos entenderam que seriam um bom nome e um bom trabalho”, iniciou Caetano.
“Foi no Galo que ele ganhou o primeiro título dele no Brasil. Ele trabalhou com um grande elenco no Galo. Talvez ele não tenha o entendimento que o projeto do clube supera os projetos pessoais. Fizemos de tudo ao nosso alcance para montar o elenco conforme o modelo de jogo e o desejo dele. Nem sempre a gente consegue. Não temos uma varinha de condão para sair contratando esse ou aquele. Não é dessa forma”, complementou.
Rodrigo Caetano ressaltou o respaldo dado ao trabalho de Coudet e os esforços para atender os pedidos de contratações feitos pelo treinador na passagem pela Cidade do Galo. O diretor de futebol entendeu como ingratidão o discurso de ‘Chacho’ na chegada ao Inter.
“Eu lamento muito. Confesso que não esperava. Considero, até certo ponto, uma ingratidão. No meio do futebol não podemos esperar o que a gente deseja. É um grande treinador. Foi campeão conosco e colaborou demais. Baseado no discurso dele, talvez não tenhamos atendido os desejos dele na plenitude, mas o clube não pôde, não foi que o clube não quis. Infelizmente, não tive a competência suficiente para atendê-lo. Lamento. Encaro com ingratidão”, disse.
Falta de caráter?
Por fim, Caetano condenou a forma que Coudet usou para atacá-lo e apontou uma possível falta de caráter do argentino.
“Estamos focados nos problemas que temos para resolver. É uma discussão que ficou para trás. Não discuto trabalho. Talvez pudesse entrar numa discussão sobre caráter, mas isso vai muito além de trabalho. Prefiro não fazer isso. Tudo que eu tinha para dizer a ele, em todos os episódios, foi de forma frontal e franca, como fiz com todos os técnicos que trabalharam comigo nesses 20 anos. Não usei nem usarei a imprensa para qualquer comunicação a ele. Não faria isso com ninguém e não faria com ele. Ele não cruzou comigo, eu fui buscá-lo. Isso é interpretação dele”, concluiu.
Críticas de Coudet a Caetano
Em apresentação no Internacional, na última sexta-feira (21/7), Coudet alfinetou Rodrigo Caetano, com quem trabalhou no Beira-Rio, em 2020, e neste ano, no Atlético.
“Passei por dois clubes que não pude completar o contrato, mas continuo falando com gente de lá e estou aqui novamente. Talvez tenha sido má sorte cruzar com a mesma pessoa nos dois clubes. É preciso cumprir a palavra. Falei que tinha uma dívida [com o Internacional] e aqui estou”, disparou.
Na primeira passagem pelo Inter, Eduardo Coudet teve 24 vitórias, 13 empates e nove derrotas em 46 partidas. Ele saiu do clube em novembro de 2020, quando se transferiu para o Celta de Vigo, da Espanha. Na ocasião, o Colorado estava em segundo lugar no Brasileiro, com 36 pontos, quatro a menos que o então líder São Paulo.
O argentino retornou ao Beira-Rio para assumir a vaga de Mano Menezes.
Passagem turbulenta pelo Atlético
Coudet treinou o Atlético no primeiro semestre de 2023. Em 35 jogos, venceu 21, empatou oito e perdeu seis, com 67,6% de aproveitamento. Ele ganhou o Campeonato Mineiro, porém causou discórdia na Copa do Brasil ao escalar time misto contra o Corinthians e perder nos pênaltis nas oitavas de final.
O Atlético oficializou a saída de Coudet em 11 de junho, um dia depois de empatar por 1 a 1 com o Bragantino, no Mineirão, pela 10ª rodada da Série A. Na ocasião, a diretoria alvinegra entendeu que o técnico havia pedido demissão ao se despedir de jogadores e funcionários no vestiário. No fim das contas, as partes chegaram a um acordo para a rescisão sem pagamento de multa.
Por várias vezes, Eduardo Coudet entrou em rota de colisão com a gestão alvinegra. Ele reclamou da saída de alguns jogadores e da falta de reforços para o elenco. ‘Chacho’ ressaltou que o grupo atual não teria força suficiente para brigar por títulos.