Goleiro do Atlético-MG, Everson foi vítima de racismo no empate por 1 a 1 com o Libertad nesta terça-feira (27/6) no Defensores del Chaco, em Assunção, no Paraguai, pela sexta rodada do Grupo G da Copa Libertadores.
O Galo registrou em vídeo um torcedor do time paraguaio imitando um macaco em direção ao jogador. Ao fim da partida, a diretoria atleticana – por meio do diretor de futebol Rodrigo Caetano – encaminhou as imagens à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol).
Em postagem nas redes sociais, o Atlético-MG citou o sentimento de indignação em relação a mais um caso de racismo na Libertadores. Além disso, o clube pediu para que os torcedores do Libertad sejam realmente punidos pela Conmebol devido às cenas “covardes e inadmíssiveis”.
Para registrar o ocorrido e pedir por punições, o Atlético-MG encaminhou imediatamente após o jogo as imagens feitas à Conmebol para que a entidade máxima do futebol sul-americano tenha conhecimento de mais um ato racista no torneio continental.
Possíveis punições em caso de racismo
Devido aos recorrentes casos de racismo nas competições continentais, a Conmebol alterou o Código de Disciplina em 9 de maio de 2023 e aumentou a punição para clubes cujos torcedores tenham cometido atos racistas.
A partir dessa mudança, a multa para os times é de, no mínimo, 100 mil dólares (cerca de R$ 481 mil). O valor pode subir devido à gravidade do caso.
Além disso, os times podem passar um ou mais jogos sem a presença de torcedores ou com parte das arquibancadas fechadas. Essa punição não era prevista anteriormente no Código de Disciplina da Conmebol.
Fala de Everson sobre o caso de racismo
Na zona mista pós-jogo, o goleiro Everson se pronunciou sobre o caso de racismo.
“Os jogadores começaram a me xingar, creio que por conta do jogo, por eu ter feito uma boa partida. Mas aí eles começaram a me xingar, eu não dei atenção, e eles tocaram em um ponto mais forte, mais uma vez um caso de racismo no nosso continente. Isso não é só aqui no Paraguai, é no Chile, Argentina, todos os nossos países vizinhos ainda tem. Infelizmente acabou acontecendo mais uma vez esse caso comigo”.
“Procurei me manter mais concentrado, para poder dar entrevista, atender a todos, mas vi que nosso cinegrafista estava filmando, então procurei não fazer nenhum gesto, tentei me manter calmo, deixar eles fazerem o que estavam fazendo. E ele filmando para que a gente pudesse ter a imagem, mais uma vez comprovando, o que a gente vem passando aqui por conta do racismo”.
“Não é a primeira vez no Paraguai, infelizmente não vai ser a última. Hoje o caso é comigo, mas é ter paciência. É saber que todos somos de carne e osso, cada um tem sua etnia, seu estilo, modo de vestir, tipo de cabelo, tipo de barba, e precisamos de um pouco mais de compaixão do próximo para que a gente possa viver sem isso”.
“É um assunto delicado, que infelizmente não vai acontecer (viver sem isso), mas no que depender de mim vou buscar meus direitos para que pelo menos comigo não aconteça mais uma vez.”
“Esperamos que isso não fique só em nota de esclarecimento. Sabemos que já aconteceu com outros, outros clubes, e às vezes só vem a nota. Enquanto não houver medidas mais drásticas, perda de mando, de pontos e até de uma disputa de uma Copa Libertadores em uma próxima ocasião, infelizmente não vai mudar. Esperamos uma medida um pouco mais severa, para que a gente comece a diminuir esses casos, porque estão só aumentando.”