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Ídolos de Cruzeiro e Atlético exaltam Palhinha: ‘Excepcional e destemido’

O ex-atacante Palhinha morreu na manhã desta segunda-feira (17/7), em Belo Horizonte, aos 73 anos

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O futebol brasileiro perdeu um grande ídolo nesta segunda-feira (17/7) com a morte de Vanderlei Eustáquio de Oliveira, o Palhinha, que brilhou nos gramados nas décadas de 1970 e 1980, principalmente por Cruzeiro, Corinthians e Atlético.

Em conversas com a reportagem de No Ataque, outros ídolos de Cruzeiro e Atlético exaltaram a trajetória do agora saudoso companheiro. Curiosamente, os ex-jogadores destacaram a mesma característica para simbolizar Palhinha: um homem destemido, dentro e fora de campo.

Confira o que disseram os ídolos sobre Palhinha:

Natal, ex-atacante do Cruzeiro na conquista da Taça Brasil de 1966

NA: Como era o Palhinha como jogador, o que o senhor lembra dele?

“Somos de gerações distintas. Ele era mais novo do que eu, mas jogamos muito tempo juntos. Lembro que ele subiu da base para o profissional muito rápido. Palhinha era um cara sensacional, destemido. Um velocista que ia pra cima mesmo. Um jogador excelente, de primeira linha. Ele, Evaldo e Dirceu Lopes foram jogadores excepcionais para o Cruzeiro. Estou sem comentários, sem palavras, pois estou muito triste. Palhinha era um cara muito gente boa, a família dele toda. Perdi um grande amigo”.

Evaldo, ex-atacante do Cruzeiro, artilheiro da conquista da Taça Brasil de 1966

NA: O que o senhor lembra do Palhinha dentro de campo?

“Palhinha era um jogador impetuoso. Ele era bravo, não tinha medo de zagueiro. Ele falava comigo: ‘sou diferente de você porque eu, sinceramente, vou pra dentro’. Ele era abusado. Jogava contra esses beques maiores e bravos e ia sem medo. Era rápido, não tinha barriga, todo lisinho. Palhinha era bravíssimo mesmo. Além disso, era um cara muito bom com todas as pessoas, não era de bagunça”.

NA: Fora de campo, como era o convívio com ele?

“Quando ele entrou no Cruzeiro, eu saí. Não fiz tanta parte do grupo dele, mas assistia aos jogos. Ele era diferente da maioria, porque morava em casa boa, no bairro Prado. Mas você acredita que ele queria mesmo é morar na concentração? Falava pra ele: ‘você mora no Prado, mora muito bem, tem família boa, tem sua cama e tudo certinho’. Mas ele queria ficar no Cruzeiro, sempre na concentração, no Barro Preto. Resumindo a história. Ele sempre quis viver pela bola e por isso se tornou esse jogador excepcional. O destino dele era ser um grande jogador”.

NA: Qual o principal jogo ou lance que o senhor tem na memória do Palhinha?

“Teve um jogo memorável do Palhinha contra o Figueroa [histórico zagueiro chileno que defendia o Internacional, considerado um dos melhores na posição de todos os tempos]. O Figueroa jogou muito no Mineirão, era forte e alto, mas o Palhinha era abusado. Partiu pra cima sem medo e deixou ele atordoado”.

João Leite, ex-goleiro do Atlético em campanhas históricas nos anos 1980

NA: Palhinha fez história no Cruzeiro conquistando o título da Libertadores de 1976. Mas no Atlético ele também participou de um time e de campanhas históricas. O que o senhor lembra do Palhinha no Galo?

“Era um jogador excepcional, muito rápido e inteligente. Utilizava essa inteligência muito bem dentro de campo. Um jogador sem medo. Viveu conosco momentos impressionantes como a final do Campeonato Brasileiro de 1980. Esse time tinha Chicão, Cerezo e Palhinha no meio, Pedrinho, Reinaldo e Éder na frente. Ele também esteve em todos aqueles jogos do Grupo 3 da Libertadores de 1981. Foi expulso tanto em Goiânia, como no Maracanã. Ele era muito raçudo. Enfrentou aqueles árbitros naquelas duas decisões”.

NA: Qual história curiosa o senhor tem para contar envolvendo o Palhinha?

“Lembro uma vez que numa folga do Atlético alguns jogadores viajaram juntos com as esposas para Foz do Iguaçu. Foi muito engraçado porque num hotel o Paulo Isidoro foi desafiado por um garçom, que se dizia bom de bola. Ele queria enfrentar os jogadores do Atlético. Ele provocou tanto que o Palhinha aceitou o desafio e nosso time venceu o time dos garçons por 35 a 0. Todo gol marcado pelo Palhinha e pelo Paulo Isidoro, eles pegavam a bola até o meio-campo e diziam que fariam mais um”.

NA: Quais são as recordações que ficam do Palhinha?

“Um homem muito feliz, muito alegre, muito amigo. Foi muito querido. E o Atlético deve a ele também. Chegamos na Libertadores e fomos vice do Brasileiro no ano anterior com ele presente”.

Toninho Almeida, ex-jogador do Cruzeiro que iniciou a carreira ao lado de Palhinha

NA: Quais são as lembranças do Palhinha?

“Nós nascemos no mesmo ano, começamos juntos na base, subimos quase ao mesmo tempo ao profissional, várias conquistas juntos. O tetracampeonato mineiro (1972, 1973, 1974, 1975). Era para mim um irmão, tinha carinho muito grande comigo, um caráter, uma pessoa muito boa, que ajudava muito ex-jogadores que estavam em situação difícil. É uma perda muito difícil para mim”.

NA: Como era o Palhinha em campo?

“Era habilidoso, técnico, era muito rápido, não pensava, agia, era muito esperto”.

NA: Lembra de alguma história com o Palhinha?

“Em 1978, quando estava no Sport, fomos jogar contra o Corinthians. O técnico Ilton Chaves sabia que eu conhecia muito o Palhinha. E queria confundir o Corinthians: ‘você não vai jogar com a cinco, vai jogar com 7. O Biro-Biro vai jogar com a cinco e mais solto’. A estratégia era essa. Antes de o jogo começar, o Palhinha veio me abraçar e me disse: “Falei com o Vicente Matheus para ficar de olho no camisa cinco, a gente está precisando de um volante”. O Biro-Biro usou a cinco e foi contratado para o Corinthians”.

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