Os atleticanos foram presenteados pelo atacante Hulk no sábado (3/6), em Uberlândia, com o belo gol de longa distância em cobrança de falta. A bola na rede decidiu o clássico frente ao Cruzeiro, no Parque do Sabiá: 1 a 0 para o Galo no jogo da nona rodada do Brasileiro. Porém, horas antes do duelo, um torcedor já havia recebido um presente especial do ídolo do Atlético-MG.
Edilson Brant, de 56 anos, deixou Brasília com outros 26 atleticanos na madrugada de sábado, rodou mais de 400 quilômetros de ônibus até chegar ao Triângulo Mineiro para assistir ao time do coração no estádio. E, antes da vitória no clássico, ele foi recompensado com um encontro com Hulk, na porta do hotel em que a delegação alvinegra estava hospedada.
Com um banner na mão, o corretor de imóveis chamou a atenção de Hulk, que parou para atendê-lo e presenteá-lo com uma camisa de aquecimento. Durante o abraço, o fotógrafo Pedro Souza, que trabalha para o Atlético-MG, captou, em foto, um momento único – Edilson em lágrimas abraçado ao ídolo do Galo –, que viralizou nas redes sociais e emocionou atleticanos que compartilham do sentimento.
Nascido em Patos de Minas, o corretor de imóveis deixou Minas Gerais aos 11 anos e nunca conheceu os estádios de Belo Horizonte. Mesmo assim, o atleticano fanático traz consigo um desejo que não inclui os palcos dos jogos, mas, sim, o centro de treinamento. Ele sonha em visitar a Cidade do Galo.
Em entrevista exclusiva ao No Ataque, Edilson Brant detalhou o encontro com Hulk, sua história de vida, a conexão com o Atlético-MG, uma tentativa semelhante de abordagem há quatro anos (que não funcionou) e mais algumas curiosidades.
A ligação com Hulk
Um dia antes de ir para Uberlândia, Edilson Brant recebeu a informação do organizador da viagem dos torcedores de Brasília, Daniel Oliveira, que o ônibus passaria, antes do jogo, pelo Gran Executive Hotel, onde a delegação atleticana estava hospedada. Com isso, o corretor telefonou para um amigo, dono de uma gráfica, para a produção de um banner especial. E deu certo.
“Hulk, me presenteie com sua camisa! Gratidão para sempre!”, dizia o banner do corretor de imóveis, que conseguiu atrair a atenção do ídolo.
“A delegação passou, e chegou o momento do Hulk passar. Eu sabia que a qualquer momento chegaria o momento de ele passar por mim. Só que, quando ele se aproximou de mim, tinha umas três pessoas. Logo dei uma ‘carteirada’ mostrando o banner bem na frente dos outros.”
Hulk então caminhou até o torcedor, o abraçou e presenteou com uma camisa de aquecimento. Perguntado pela reportagem sobre a sensação de abraçar o ídolo, o atleticano descreveu de forma emocionada: “Só essa pergunta já me arrepiou. Foi um momento ímpar, inenarrável, mas vou tentar descrever. Inesquecível, memorável. Foi um choro de alegria, de felicidade. Não consegui conter as minhas emoções. Foi muita adrenalina, deu sequidão na boca”.
“É a adrenalina, é a emoção, é o momento ímpar que eu estava vivendo na minha vida, por saber que estaria tão próximo dos jogadores do meu clube de coração, o Atlético. Sou fã de todos, mas, lógico que, em destaque, tem um que se sobressai, que a gente quer estar mais próximo. Como de fato, Deus me concedeu a bênção, e consegui inclusive a camisa do Hulk”
Edilson Brant, torcedor atleticano
De fato, aquele momento proporcionou fotos históricas, que evidenciam a conexão entre Hulk e os torcedores do Atlético-MG. Edilson Brant falou sobre essa ligação com o camisa 7 do Galo.
“O Hulk é meu ídolo. O Hulk é uma bênção de Deus na minha vida. É inexplicável. Foi muita emoção, principalmente o abraço e o aperto de mão que ele me deu, além da camisa”.
Edilson Brant, torcedor atleticano
A conexão com o Atlético-MG
Edilson Brant é, evidentemente, um torcedor fanático do Atlético-MG. Porém, nem sempre foi assim. O torcedor, que nunca conseguiu visitar os estádios de Belo Horizonte, esteve afastado do time do coração durante parte da vida, pela distância e outras circunstâncias.
“Quando vim para Brasília, em 1979, perdi um pouco aquele vínculo com o Atlético, aquela convivência toda, até porque, com os amigos novos que fiz, a gente não falava sobre isso. Falávamos sobre sobrevivência, sobre trabalhar e ajudar em casa. Naquela época, se eu pudesse acompanhar algum jogo, eu assistia. Mas não ficava triste sem assistir, porque não era a prioridade.”
Antes da mudança da família para o Distrito Federal, por problemas financeiros, Edilson já havia acompanhado o Atlético-MG no estádio. Em Patos de Minas, sua cidade natal, o atleticano chegou até a ver seu grande ídolo da época, Reinaldo, o Rei, em jogo contra a URT.
Depois de uma juventude mais distante do Galo, ele se reaproximou do clube do coração graças a amigos que fez a partir de 2008. Com condições melhores de vida, Edilson começou a participar de grupos de torcedores alvinegros, que se reúnem até os dias atuais – inclusive, estiveram juntos em Uberlândia para o clássico.
“Essa paixão voltou há mais ou menos 15 anos, cinco anos antes da conquista da Libertadores de 2013. Nessa época, conheci meus verdadeiros amigos, que chamo de ‘amigos-irmãos’. Temos um local para nos reunir, assistir aos jogos e fazer resenha, que é o Moto Rock & Cia., no Bairro de Taguatinga, aqui em Brasília”.
A reconexão entre Edilson e Atlético-MG se deu cinco anos antes do início da melhor fase da história do clube. Só que a ligação do torcedor com o Galo vai além dessa fase. Para ele, os atleticanos são como uma família. Inclusive, o corretor de imóveis contou casos em que boas ações envolvem torcedores alvinegros.
“Quando estou com uma camisa no corpo e sinto que um atleticano está com dificuldade, precisando de uma camisa, eu tiro a minha e dou para ele”, relatou Brant, contando casos de oportunidades em que ajudou um atleticano que precisava de algo.
Tentativa frustrada em 2019 com outro ídolo
O presente de Hulk coroou uma conexão muito forte entre o Atlético-MG e o torcedor nascido em Patos de Minas. Contudo, não foi a primeira vez em que Edilson Brant tentou abordar um ídolo do clube.
Em 2019, o Galo visitou o Goiás em 28 de julho, pela 12ª rodada do Campeonato Brasileiro, e o atleticano esteve nas arquibancadas do Serra Dourada. Antes do jogo, sua tentativa se frustrou porque o grande jogador do time nem sequer viajou para Goiânia, cidade que está a 200 quilômetros de Brasília.
São Victor, como é chamado por Edilson e por outros atleticanos, estava com tendinite no joelho esquerdo e foi substituído por Cleiton. Sem o goleiro, o torcedor, que estava decepcionado pela ausência do goleiro, tentou abordar o lateral Patric com uma homenagem a Dominic. O filho do lateral-direito recebeu o diagnóstico ainda na gestação de heminelia tibial e teve que amputar a perna direita.
Mesmo com a homenagem em um cartaz, Patric, titular no duelo com o Goiás, não viu Edilson na arquibancada e foi para o vestiário sem presentear o torcedor. No entanto, o atacante Luan, que entrou no segundo tempo, reconheceu o apoio de Edilson e o presenteou com um par de chuteiras, uma camisa de treino e, curiosamente, uma garrafa de isotônico.
“Vários atletas estavam correndo para um lado e para outro, depois da partida, no regenerativo, e eu com o banner pedindo a camisa ao Patric. Não sei o que aconteceu, porque o Patric sumiu, não sei se ele estava com dor, até porque aquele dia ele deu o sangue. Terminou o jogo e ‘vazou na braquiária’. Entrou no túnel e sumiu. Aí o Luan, com aquela humildade e simplicidade toda, simplesmente, acenou para mim e indicou que eu fosse lá buscar o presente com ele”.
O maior sonho da sua vida
Mesmo sem conhecer Victor em 2019, Edilson Brant foi presenteado por Luan e passou por um momento único ao se encontrar com Hulk, no sábado (3/6). Mesmo assim, o torcedor se emocionou ao compartilhar o maior sonho da sua vida, como o próprio definiu.
“Ficarei emocionado demais quando eu me aproximar do sonho da minha vida. Sabe qual é o meu maior sonho? Conhecer a Cidade do Galo”
A afirmação, em meio a lágrimas, do torcedor evidencia a importância do Atlético-MG na sua vida, mesmo com a distância. Edilson esteve em Belo Horizonte apenas uma vez, ainda criança, com a tia Virginia – que torcia para o Cruzeiro e não o levou para conhecer os estádios da capital.
Até por isso, diz que conhecer o centro de treinamento do Atlético-MG seria o momento mais alegre da vida.
“O que significará para mim, se um dia visitar a Cidade do Galo? Será o apogeu da minha alegria, da minha felicidade, da minha vida. A minha segunda pele é o Galo, o Clube Atlético Mineiro. Eu só peço a Deus, nas minhas orações, para um dia essa bênção chegar. Se estou emocionado aqui, imagina lá”
Edilson Brant, torcedor atleticano
Edilson ainda detalhou outro sonho: “Ídolo de 2013 é o São Victor. Mas, de lá para cá, muitas águas passaram debaixo da ponte, e o Hulk também é meu ídolo. Tenho vontade, amanhã ou depois, de apertar a mão ou dar um abraço no São Victor. Só não sei como vai ser a minha reação”.
Um recado de Edilson para Hulk
Edilson Brant deixou um recado para Hulk em forma de agradecimento. O torcedor atleticano deixou claro que viveu um momento único na sua vida, o qual só ocorreu por um gesto simples do atacante do Galo.
“Hulk, de todo o meu coração, coração que é simples, humilde, modesto, família, tenho carinho, respeito, amor inenarrável por você. Uma admiração que sei explicar, porque sai do fundo do meu coração. Hulk Paraíba, o nosso Hulk, o nosso ídolo, eu, Edilson Brant, quero te agradecer pelo presente que você me deu na porta do hotel. Gratidão para sempre. Você mora no meu coração e está nas minhas orações”
Edilson Brant, torcedor atleticano
