A passagem de Eduardo Coudet pelo Atlético-MG foi curta, mas marcante. Anunciado em novembro de 2022, o treinador deixou o comando do Galo nesse domingo (11/6) após 35 jogos, com 21 vitórias, oito empates e seis derrotas. O desempenho esportivo, no entanto, pode ser pouco lembrado.
Neste período, Coudet deu entrevistas polêmicas, teve atritos e cobranças públicas com diretoria e torcida. Ainda no Campeonato Mineiro, o treinador já mostrava um perfil intenso na beira do gramado e se envolveu na primeira confusão em um bate-boca com o goleiro do Athletic, Júlio César.
Mas a primeira ‘explosão’ do argentino aconteceria algumas semanas depois. No começo de abril, entre as finais do Campeonato Mineiro, o Atlético-MG foi derrotado por 1 a 0 pelo Libertad-PAR no Mineirão, na estreia da fase de grupos da Copa Libertadores. Na entrevista coletiva, ‘farpas’ e um longo desabafo.
O comandante argentino criticou veementemente a diretoria do clube. Embora não tenha citado nominalmente, as reclamações foram direcionadas ao presidente Sérgio Coelho e aos 4 R’s (Ricardo Guimarães, Rubens Menin, Rafael Menin e Renato Salvador).
O descontentamento do técnico era principalmente com a venda de atletas e a falta de reforços. “Vim aqui pelo desafio esportivo. Não foi por dinheiro e nem nada. Foi porque gostei do clube e porque era um desafio esportivo importante. E tudo mudou. Ou vocês não sabem que tudo trocou? Ou vocês acham que eu fiz ou aprovei alguma saída ou venda?”, questionou.
Cobranças da torcida do Atlético-MG
Coudet também teve episódios de atrito com a torcida do Atlético-MG. O primeiro deles ocorreu naquela mesma noite, após a derrota para o Libertad.
O comandante reclamou da reação de parte da torcida, que vaiou jogadores no Mineirão e, segundo o argentino, atiraram-lhe copos de cerveja na saída do gramado.
Depois disso, o treinador se reuniu com os dirigentes do clube, pediu desculpas publicamente e adotou um tom mais ‘sereno’ nas entrevistas coletivas. Ainda assim, vez ou outra, dava respostas curtas e grossas a alguns jornalistas.
A nova polêmica envolvendo a torcida do Galo foi há poucos dias. Em 31 de maio, o time alvinegro entrou em campo sem cinco titulares – incluindo Hulk – e foi eliminado nas oitavas de final da Copa do Brasil pelo Corinthians, nos pênaltis.
A escalação de Coudet foi muito criticada por torcedores nas redes sociais e gerou um protesto da maior organizada do clube, a Galoucura. Em coro ‘ensaiado’, integrantes disseram ao técnico que ele não era bem-vindo na Cidade do Galo.
Após o episódio, o Atlético-MG lamentou a atitude da torcida, disse que manteria as convicções e saiu em defesa do treinador. Nos jogos seguintes, um pouco de calma nos bastidores com as vitórias sobre Cruzeiro, no Brasileiro, e Alianza Lima, na Libertadores.
A saída de Coudet do Atlético-MG
A tranquilidade durou pouco tempo. Em ação inesperada, Coudet voltou a reclamar da falta de reforços e da saída de jogadores no sábado, após o empate por 1 a 1 com o Bragantino, no Mineirão. Dessa vez em cobrança interna, o técnico deu a entender que deixaria o clube e se despediu do elenco.
Nessa partida, Coudet contava com apenas uma opção ofensiva no banco de reservas: o jovem Cadu, de 19 anos. Além disso, as saídas do zagueiro Nathan Silva para o Pumas, do México, e do volante Allan, para o Flamengo, geraram profunda irritação no argentino.
O tom adotado pelo treinador foi entendido como um pedido de demissão por parte do Atlético-MG, que anunciou a saída oficial nas redes sociais. Coudet deixa o time no G6 do Brasileiro, com a classificação encaminhada na Copa Libertadores e com o título do Campeonato Mineiro.
O técnico encerra a segunda passagem no futebol brasileiro com 67,6% de aproveitamento, mas com a impressão de ser uma pessoa difícil de se lidar nos bastidores. Ele ainda repete o cenário de quando deixou o Internacional, em 2020, também descontente com a falta de reforços.