ATLÉTICO-MG

Felipão no Atlético-MG: como foram os últimos trabalhos do técnico

Treinador teve altos e baixos nos últimos anos; jornalistas analisam passagens por Palmeiras, Cruzeiro, Grêmio e Athletico-PR

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Felipão chega ao Atlético-MG oito meses após levar o Athletico-PR ao vice-campeonato da Copa Libertadores em 2022. Mas como foram os últimos trabalhos do técnico no futebol brasileiro? O No Ataque conversou com jornalistas e levantou números do gaúcho.

O novo comandante do Galo retornou ao Brasil em 2018, após três anos no Guangzhou FC, da China, para assumir o Palmeiras. Pelo time paulista, foi campeão brasileiro logo no primeiro ano e caiu na semifinal da Copa do Brasil e da Libertadores. 

No ano seguinte, o Verdão foi eliminado na fase anterior em ambas as competições, mas se sagrou bicampeão brasileiro. Felipão, no entanto, deixou o time em terceiro lugar na 17ª rodada. Ao todo, foram 76 jogos, 46 vitórias, 21 empates e nove derrotas. 

Após o trabalho no Palmeiras, o treinador assumiu duas equipes em condições ruins na temporada: Cruzeiro, em 2020, e Grêmio, em 2021. Livrou a Raposa do rebaixamento à Série C, mas não repetiu o feito pelo time gaúcho, que caiu para a Série B. 

Scolari comandou ambos os times em 21 jogos. Pelos mineiros, foram nove vitórias, oito empates e quatro derrotas, desempenho melhor do que as nove vitórias, três empates e nove derrotas na equipe gaúcha. 

Já o trabalho no Athletico-PR superou as expectativas. O Furacão surpreendeu e chegou à final da Libertadores, sendo derrotado pelo Flamengo. Terminou o Brasileiro em sexto lugar e caiu nas quartas de final da Copa do Brasil. Sob o comando de Felipão, a equipe venceu 22 partidas, empatou 14 e perdeu 11.

Agora, Felipão tentará levar o Atlético-MG aos títulos do torneio continental e da Série A. O Galo é o quarto colocado do Brasileiro e tem a classificação encaminhada no Grupo G .  

Como jornalistas analisam os últimos trabalhos de Felipão

Felipe Zito (ge) – Palmeiras

“A passagem do Felipão pelo Palmeiras entregou o que se esperava dele naquele momento: resultado. Ele chegou como opção de experiência para trabalhar o vestiário e conseguiu o título do Brasileirão de 2018 de maneira incontestável, mesmo assumindo durante a competição. A saída dele em 2019, mesmo depois de um início muito bom no Brasileirão daquele ano, foi o começo de uma mudança de rumos do clube, que passou a olhar mais para os jovens formados na base e menos para contratações de impacto”.

Rafael Arruda (ex-Superesportes e hoje em No Ataque) – Cruzeiro

“O Cruzeiro havia começado a Série B com seis pontos a menos em razão de uma punição na Fifa. Enderson Moreira ganhou os três primeiros jogos, porém amargou uma sequência ruim, com dois empates e três derrotas, e acabou demitido. Ney Franco, também com desempenho abaixo do esperado, durou apenas sete partidas — duas vitórias, um empate e quatro derrotas. Naquela altura, o time estava na zona de rebaixamento, em 19º, com 12 pontos em 15 rodadas. A diretoria então procurou Luiz Felipe Scolari, que recusou em um primeiro momento, mas depois aceitou e fechou contrato até dezembro de 2022.

O discurso de Felipão sempre foi de livrar o time da Terceira Divisão. Em momento algum prometeu brigar pelo acesso, até pelo início muito ruim da equipe na competição.

Os torcedores chegaram a alimentar alguma esperança quando o Cruzeiro emplacou seis vitórias, três empates e apenas uma derrota nos dez primeiros jogos com Scolari. Contudo, a distância para o quarto colocado oscilava entre sete e nove pontos, e a competição caminhava para a reta final.

No fim das contas, a Raposa oscilou no desfecho da Série B, em 11º, com 49 pontos – 12 a menos que o quarto, Cuiabá, e dez de vantagem sobre o Figueirense, o primeiro dos rebaixados à Série C.

Felipão dirigiu o Cruzeiro em 21 jogos na Série B, com nove vitórias, oito empates e quatro derrotas. Se aplicado em 38 rodadas, o aproveitamento de 55,55% seria suficiente para deixar a equipe em terceiro, com 63 pontos — Juventude, 3º, e Cuiabá, 4º, somaram 61. Chapecoense e América, respectivos campeão e vice, contabilizaram 73.

Mesmo sem praticar um futebol brilhante, o Cruzeiro cresceu em competitividade e em algum momento fez parte da torcida acreditar que ainda dava tempo de conseguir uma arrancada inimaginável.

Em janeiro de 2021, Felipão e Cruzeiro optaram pela não continuidade do trabalho. À época, foi divulgado que a decisão partiu do próprio treinador. A verdade é que o clube não teria condições de arcar com os salários da comissão técnica sem retornar à Série A. 

Creio que Felipão tem condições de tornar o Atlético-MG uma equipe mais cascuda e garantir a classificação aos mata-matas da Copa Libertadores — que tende a ser a prioridade do clube. O time também brigará pelas primeiras posições no Campeonato Brasileiro — tal como já fazia com Eduardo Coudet.

Felipão pode não ser tão atualizado em aspectos táticos e do futebol, mas o conhecimento de um profissional campeão mundial com a Seleção Brasileira e com títulos da Copa Libertadores, da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro no currículo jamais pode ser subestimado por aqueles que o consideram “ultrapassado”.”

Luã Hernandez (GZH) – Grêmio

“Essa última passagem do Felipão pelo Grêmio não foi boa, com um aproveitamento de 47% em 21 jogos. Ele chegou ao clube em julho de 2021 com a missão de livrar o time do rebaixamento naquele ano, mas não conseguiu. Ficou três meses no cargo e foi demitido sem tirar a equipe da zona de rebaixamento. Internamente, alguns métodos de treinamento eram criticados.

E, especialmente, a relação do auxiliar Paulo Turra com o elenco não era das melhores. Por isso, a direção optou pela demissão dele em outubro. Mas, apesar dessa última passagem ruim, ele é ídolo do Grêmio. É o segundo treinador com mais jogos no comando do time e está na Calçada da Fama do clube, muito pelas inúmeras conquistas na década de 1990.”

João Guilherme (Rádio Banda) – Athletico-PR

“Dentre as qualidades, posso destacar duas: primeiro a forma como ele conseguiu fazer a gestão do grupo, e segundo que ele recuperou a competitividade do Athletico no ano passado. O time seria eliminado de maneira precoce na Libertadores, ele chega e classifica o Athletico. Ele conseguiu unir o grupo, fazendo com que outros jogadores tivessem destaque, com maior confiança por parte da torcida, recuperou esses caras e montou um elenco para a sequência da temporada.

Faltou um pouco de repertório tático. O Athletico não se comportava de maneira muito ofensiva, deixava de atacar em alguns jogos. Muitas vezes o Felipão montou um time apenas para se defender.

Não acho o Felipão um técnico ultrapassado. Ganhando tudo o que já ganhou, Copa do Mundo, Libertadores, um cara que carrega esses títulos e experiência não é ultrapassado. Pode deixar de ser melhor – como hoje não é o melhor no país – mas ultrapassado não acho. Um cara do tamanho do Felipão jamais será ultrapassado.”

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