O novo modelo da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Atlético-MG foi apresentado aos conselheiros do clube e divulgados pela imprensa nessa sexta-feira (30/6). Apesar disso, alguns torcedores tiveram dúvidas em relação a alguns detalhes, que foram explicados pelo CEO do Galo, Bruno Muzzi.
O dirigente concedeu entrevista à Rádio Itatiaia neste sábado e falou sobre os principais questionamentos de parte da torcida. Veja, abaixo, como foram decididos percentuais, valores, aportes, entre outros.
Por que o Atlético-MG considera um modelo diferente?
Algo dito por vários membros da diretoria do Atlético-MG é que o modelo da SAF do clube é diferente dos demais realizados no Brasil. O projeto passa pela formação de uma holding. O termo diz respeito a uma sociedade criada com o intuito de administrar um grupo empresarial.
A “Galo Holding” deterá 75% das ações do clube-empresa, enquanto a associação ficará com os 25% restantes. Os participantes desse primeiro grupo serão majoritariamente torcedores do Galo, o que seria o principal ‘diferencial’ do Atlético. Isso porque, na maiora das SAF no Brasil, os empresários não são tão ligados aos times e de forma afetiva.
“Ela é de fato diferente em diversos aspectos, desde a sua concepção e depois até o resultado final. Ela é diferente porque é uma SAF que não vai para uma recuperação extrajudicial, o Atlético vai honrar o compromisso com os credores. Está sendo controladas por um grupo de atleticanos, com coração de atleticano. Nenhuma outra SAF, até o momento, foi feita dessa maneira”, afirmou Muzzi.
Qual é o aporte inicial?
Outro ponto é o aporte inicial que será feito. Hoje, a dívida global do Atlético já ultrapassa a casa de R$ 1,8 bilhão. Com a entrada dos investidores na SAF, esse valor cairia pela metade, com redução de R$ 915 milhões.
No entanto, não seria aplicada, de fato, essa quantia, mas sim R$ 600 milhões. O restante deverá ser abatido em dívidas do clube com os 4 R’s: Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador – os atleticanos que farão parte da Galo Holding.
“Esse aporte inicial de R$ 915 milhões já contempla R$ 315 (milhões) de conversão da dívida deles, que abate diretamente na dívida do Atlético, então é um aporte mesmo, que você acaba retirando a dívida. São R$ 600 milhões que vão direto para o caixa do clube, para que ele possa fazer a gestão financeira de todo o endividamento, que a SAF passa a ser a responsável pela associação”, explicou Muzzi.
Qual o valor total da SAF do Atlético-MG?
Diante desse aporte, em qual valor o Atlético-MG avalia 100% das ações do clube? Segundo Muzzi, R$ 2,1 bilhões. O dirigente explica que o aporte inicial será dividido entre alguns pilares, que serão detalhados posteriormente.
“A avaliação do Atlético é de R$ 2,1 bilhões (por 100% das ações). O dinheiro da SAF, esse aporte de R$ 915 milhões, que é o dinheiro que está entrando, vai ser para pagamento de dívida e para ser utilizado na gestão do clube”, disse.
“Você tem parte desse dinheiro, ao longo do ano, que é dividido entre fluxo de caixa operacional, pagamento de dívida, agentes, dívidas da Arena, que também estão no negócio. Vamos detalhar tudo isso”, completou o CEO.
E como o Atlético chegou a esse valor? O clube obteve uma avaliação da Arena MRV e da Cidade do Galo, os patrimônios que vão entrar na negociação, em R$ 1,3 bilhão. Além disso, o departamento de futebol foi apreciado em R$ 800 milhões.
“Valorizamos a Arena e o CT com laudos de duas empresas multinacionais especializadas em valor e chegamos a R$ 1,3 bilhão. Com mais R$ 800 de patrimônio do futebol, jogadores, o intangível, a marca. Estamos falando de R$ 2,1 bilhões por isso. A primeira parte pelos ativos, a segunda pelas transações recentes por meio das receitas”, revelou.
“É esse o valor do Atlético, e eles foram fundamentais para compor o valuation. A essência da Sociedade Anônima do Futebol, o que é o futebol? É o plantel e são os seus ativos relacionados, Arena e CT”, finalizou o dirigente.
Como foram divididos os percentuais da SAF?
Bruno Muzzi também explicou como o Atlético dividiu os percentuais da SAF. De acordo com o CEO, as análises foram feitas da seguinte forma:
“Quando você pega a dívida de R$ 2,1 bilhões e tira R$ 1,8 bilhão, a associação passa a ter R$ 300 milhões. Quando você aporta R$ 900 milhões, é o valor total de aporte, ou seja, está aportando R$ 1,2 bilhão. As participações são definidas por esses aportes. Se você pegar R$ 300 milhões e dividir por R$ 1,2 bilhão, dá 25%, enquanto R$ 900 milhões dividido por R$ 1,2 bilhão dá 75%”, explicou Muzzi.
Os próximos passos da SAF do Atlético
A transformação definitiva em Sociedade Anônima do Futebol ainda precisará passar por votação e ser aprovada pelos conselheiros. Após a oferta vinculante, esse pleito deve ocorrer na primeira quinzena de agosto. Depois disso, se o projeto for aprovado, haverá a assinatura dos documentos definitivos e a conclusão da transação.