O Atlético caminha para se transformar em Sociedade Anônima de Futebol (SAF). A venda de 75% das ações, no entanto, não prevê investimento no futebol. Diante disso, surge a dúvida: como o Galo se manterá competitivo? Nesta quinta-feira (13/7), Bruno Muzzi, CEO do clube, respondeu ao questionamento.
De acordo com o dirigente, o planejamento em termos de receitas engloba o período de 2024 a 2026. Neste sentido, o Galo dependerá do fluxo de caixa de investimentos para a aquisição de jogadores.
Para o ano que vem, o clube planeja R$ 40 milhões para isso. Vale destacar, no entanto, que até mesmo jogadores que chegam sem custo de transferências têm custos englobados nesse valor. O lucro com venda de atletas também será utilizado nesse fluxo.
“Tudo aquilo que é relacionado à compra e venda de jogadores, consideramos nesse fluxo de caixa de investimentos. Estamos prevendo, para 2024, mais ou menos R$ 40 milhões que eu posso gastar no ano com investimento. Esse investimento tem várias rúbricas, é aquilo que você compra, direito de aquisição, comissão, luvas, luvas sobre contrato, e também a venda de jogadores. A partir do momento que eu vendo e compro tenho esse fluxo”, iniciou Muzzi, em entrevista coletiva transmitida pela GaloTV.
O CEO ainda ressaltou que o clube pode adquirir um jogador com custo acima dos R$ 40 milhões, contanto que o primeiro pagamento esteja dentro do orçamento.
“Vamos supor o seguinte: quero comprar um jogador de R$ 100 milhões, vou fazer só um investimento, se naquele ano eu tenho um pagamento de 40% (do valor), posso fazer esse investimento. Essa é a lógica. Esse ano temos conseguido respeitar isso, fizemos movimentos no início do ano e fomos, ao longo desse primeiro semestre, para chegar na folha operacional dentro de certos limites”, projetou Muzzi.
Folha salarial
O planejamento para a folha salarial também foi detalhada por Bruno Muzzi. A ideia é que o Atlético tenha limites máximos e minímos, de acordo com as receitas, para manter a competitividade.
“Durante esse período, vamos conseguir manter uma folha salarial competitiva, que está hoje na casa dos R$ 200 milhões. A nossa ideia é que a gente tenha um teto orçamentário, não vamos passar de um valor que está sendo determinado, 40%, 42%, não vamos passar disso. De 2024 a 2026 vamos respeitar rigorosamente isso. Estamos tentando colocar um limite inferior nessa folha, imagino na casa de 30% a 42% para que a gente possa variar”, disse.
O exemplo citado por Muzzi foi que, se o Atlético tiver um faturamento de R$ 600 milhões, a folha seria de R$ 240 milhões no máximo, considerando 40%, e no mínimo, se for 30%, de R$ 180 milhões.
Cuidado com o orçamento do Atlético
Bruno Muzzi ainda ressaltou o cuidado que o Atlético deve ter para não extrapolar o orçamento. Para isso, deve haver um limite mínimo e máximo de investimento a cada ano.
“De 2024 a 2026, o que precisamos ser muito disciplinados, é que o investimento no futebol, na folha, se pegar os últimos 10, 15 anos, tem uma correlação muito forte com resultado, não quer dizer que seja 100%. (…) A probabilidade é que, mantendo bons investimentos, você consiga ter bons resultados”, disse o CEO.
Além disso, o clube precisará se manter “competitivo” independentemente dos resultados em campo.
“Mas em caso de, nesse período, mesmo com bons investimentos, se não conseguirmos resultados, não vamos variar o nosso orçamento. Vamos ter que segurar essa pressão externa, porque não podemos cometer nenhum tipo de excesso, para poder manter o Atlético de fato sustentável”, finalizou Muzzi.
Na sequência, André Lamounier, diretor de comunicação do clube, disse que “a SAF é a única saída viável para o Atlético manter o investimento no futebol.”
SAF do Atlético
O novo modelo da SAF do Atlético avalia o clube-empresa alvinegro em R$ 2,1 bilhões, envolvendo a avaliação da Arena MRV e da Cidade do Galo, além do patrimônio do futebol. Como a dívida ronda a casa de R$ 1,8 bilhão, a conta é de que a associação entra com aproximadamente R$ 300 milhões na nova proposta.
Diante disso, os cerca de R$ 300 milhões correspondem a 25% da SAF atleticana. Os R$ 913 milhões aportados pelos investidores, portanto, representam 75%. Nesse valor, está incluído o perdão da dívida com a família Menin, avaliada em R$ 300 milhões.
Na prática, portanto, o aporte inicial para o caixa do Atlético seria de aproximadamente R$ 600 milhões. Recursos que serão utilizados principalmente para a quitação de dívidas onerosas, as mais prejudiciais à saúde financeira do clube, e sem previsão para investimento direto no futebol.