FINANÇAS DO ATLÉTICO

Venda de shopping: CEO do Atlético explica destino de recursos

Galo pretendia usar recursos da venda do Diamond Mall para atacar praticamente a totalidade das dívidas onerosas, mas novos empréstimos impediram concretização do plano
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No primeiro semestre de 2023, o Atlético concluiu, com duas transações, a venda dos 49,9% que ainda lhe pertenciam do shopping center Diamond Mall, localizado na região Centro-Sul de Belo Horizonte. CEO do clube mineiro, Bruno Muzzi explicou o destino dos recursos advindos dessas negociações em entrevista concedida na última quinta-feira (13/7).

Em março de 2023, a Multiplan divulgou a conclusão da compra de 24,95% do shopping center por R$ 170 milhões. Foram R$ 68 milhões pagos à vista e R$ 102 milhões divididos em 12 parcelas mensais, iguais e sucessivas, indexadas ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Posteriormente, em maio, o fundo Pedra Negra Renda Imobiliária anunciou a aquisição dos 24,95% restantes do Diamond Mall por R$ 165 milhões. Do montante, R$ 55 milhões foram pagos à vista, enquanto o restante foi dividido em duas parcelas iguais.

“O que a gente brinca aqui é que a venda do Diamond Mall permitirá que o Atlético possa ter três, quatro, cinco jogadores do quilate de um Hulk. Hoje a gente paga ao banco o que poderíamos pagar de reforço para o nosso elenco”, chegou a declarar o mecenas Rafael Menin, integrante do grupo conhecido como 4 R’s, em determinada oportunidade.

Destino dos recursos do shopping

A realidade, no entanto, se apresentou de forma bem distinta. Especialmente em 2022, o Atlético precisou recorrer a diversos empréstimos com instituições financeiras para manter as contas do futebol em dia.

A dívida global, que já superava a casa do bilhão, se tornou ainda maior. Nos dias atuais, o Galo deve aproximadamente R$ 600 milhões a bancos. Nesse sentido, a maior parte dos recursos da venda do Diamond Mall foram usados para quitar juros advindos desses empréstimos.

“A gente já abateu aproximadamente R$ 160, R$ 170 milhões. E a gente também utilizou muito para poder pagar as parcelas de dívidas, de juros, para que a gente evitasse que o Atlético endividasse ainda mais”, detalhou Bruno Muzzi.

“Hoje, quando a gente fala de R$ 1,8 bilhão (dívida total), a gente já está considerando tudo aquilo que a gente já reduziu de endividamento e que a gente evitou que subisse mais. De fato, a gente utilizou para poder fazer todo pagamento relacionado às dívidas do clube”, acrescentou o CEO.

Contradição nos discursos

Em diversas oportunidades, alguns dos atuais dirigentes do Atlético disseram que os recursos da negociação do Diamond Mall seriam primordiais para praticamente solucionar a questão das dívidas onerosas do clube mineiro. Os débitos são os mais prejudiciais à saúde financeira da instituição.

No entanto, diante do aumento dos passivos com instituições financeiras e também dos juros, a direção alvinegra não foi capaz de cumprir com as promessas. Muzzi reconheceu a falha.

“Havia-se previsto que o shopping entraria, que a gente conseguiria abater as dívidas, e nada disso foi de fato executado. Não foi possível. Os juros subiram muito rapidamente, a Selic subiu muito rapidamente, e isso caiu igual uma bomba aqui dentro. A gestão de receitas no futebol não é fácil”, justificou.

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