O Atlético concluiu, na manhã desta terça-feira (18/7), as reuniões promovidas com conselheiros do clube para esclarecimentos de questões relativas ao projeto de Sociedade Anônima do Futebol (SAF). A proposta está prestes a ser votada pelo Conselho Deliberativo do Galo.
“Saímos daqui, tenho certeza, com todos revigorados e muito mais esclarecidos em relação à votação que acontece nesta semana”, afirmou André Lamounier, diretor de comunicação do Atlético.
O No Ataque apurou que, ao todo, mais de 100 conselheiros compareceram a pelo menos uma das reuniões comandadas pelo CEO Bruno Muzzi na sede do Galo, no bairro de Lourdes, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Mesmo com a tensão gerada por uma oposição que parece ganhar cada vez mais voz, a expectativa interna no Atlético é de aprovação do projeto de clube-empresa, a ser comandado pela Galo Holding. A proposta precisa do “sim” de 2/3 (274 votos) do Conselho Deliberativo para avançar.
“Pode-se votar também online. Essa votação também pode ser feita por meio digital, justamente para democratizar esse processo. Nós estamos muito confiantes que a participação, que a votação será majoritária e que a SAF será aprovada, porque o meu entendimento é que os conselheiros estão entendendo que é o melhor para o Galo”, frisou Lamounier.
“É a melhor saída. A SAF é a única saída para se continuar investindo no futebol e se trata da melhor SAF do Brasil”, acrescentou.
SAF do Atlético
O novo modelo da SAF do Atlético avalia o clube-empresa alvinegro em R$ 2,1 bilhões, envolvendo a Arena MRV e da Cidade do Galo, além do patrimônio do futebol. Como a dívida ronda a casa de R$ 1,8 bilhão, a conta é de que a associação entra com aproximadamente R$ 300 milhões na nova proposta.
Diante disso, os cerca de R$ 300 milhões correspondem a 25% da SAF atleticana. Os R$ 913 milhões aportados pelos investidores, portanto, representam 75%. Nesse valor, está incluído o perdão da dívida com a família Menin, avaliada em aproximadamente R$ 300 milhões.
Na prática, portanto, o aporte inicial para o caixa do Atlético seria de R$ 600 milhões. Recursos que serão utilizados principalmente para a quitação de dívidas onerosas, as mais prejudiciais à saúde financeira do clube.
A Galo Holding teria controle majoritário dos 4 R’s, que devem ser detentores de 78% dos 100% da sociedade gestora. A nova composição, portanto, vai na contramão dos discursos de parte dos investidores nos últimos anos.
O banco BTG Pactual também terá participação importante na SAF do Atlético. A empresa de investimentos pretende integrar o clube-empresa alvinegro a partir de um aporte financeiro.
Outros empresários mineiros devem se associar ao projeto. A ideia é que outros dois grupos aportem cerca de R$ 100 milhões cada (um deles já definido, mas não divulgado), complementando parte dos R$ 913 milhões.
Agora, o clube se prepara para uma das votações mais importantes de sua história. Os conselheiros vão decidir, entre 20 e 21 de julho, se a transformação em SAF e, consequentemente, se a venda das ações será aprovada ou não. Depois disso, caso o projeto seja validado, haverá a assinatura dos documentos definitivos e a conclusão da transação.
Oposição à proposta da Galo Holding
Parte da torcida do Atlético está engajada na oposição aos atuais moldes do projeto da SAF. Na tarde desta terça-feira (18/7), uma ala de atleticanos levantou uma campanha no Twitter. A hashtag #SAFadezaNão demonstrou a insatisfação de torcedores do Galo com o projeto que pretende transformar a instituição em clube-empresa.
A torcida organizada GDR Alvinegra também prepara um protesto, a ser realizado a partir das 18h desta quarta-feira (19/7), em frente à sede do clube mineiro, no bairro de Lourdes, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. “Queremos uma SAF isenta, que defenda os interesses do clube e não de milionário”, pontua a arte de divulgação.
A oposição ao projeto de SAF do Atlético também se fez ouvir no Conselho Deliberativo. Na manhã desta terça-feira, em uma reunião entre conselheiros e o CEO Bruno Muzzi, Cláudio Utsch e Sérgio Salum questionaram as diretrizes das negociações do clube-empresa atleticano e apontaram conflito de interesses no processo.