O ex-volante Zé Luís, que defendeu o Atlético em duas oportunidades, revelou problemas enfrentados pelo atacante Jobson em Belo Horizonte. Na avaliação do ex-jogador, o atleta “precisava de ajuda” no período em que esteve no Galo.
Em dezembro de 2010, Jobson foi anunciado por Alexandre Kalil, ex-presidente do Atlético, como reforço do clube mineiro, após momentos de sucesso no Botafogo. A passagem foi curtíssima e teve apenas seis jogos, com dois gols marcados e muitos desafios extracampo.
“O Jobson era um cara super do bem. Aquele cara precisava de ajuda. Precisava de ajuda, cara. O futebol é muito complicado, porque às vezes, em uma situação dessa, é preciso de ajuda mesmo. É preciso alguém chegar: ‘Ou, para’. Porque imagina o talento que aquele moleque tinha e o que virou…”, relembrou Zé Luís em entrevista ao Charla Podcast.
“Eu tive a oportunidade de conviver com o cara. O cara não faz mal a ninguém, só faz mal para ele. O cara precisava de ajuda. O Jobson bebia todo dia. O moleque gostava de sair na noite. Ele não tinha uma vida de atleta. Só que naquela época ainda passava. O cara, quando era talentoso, isso passava. O cara no auge tecnicamente, então passava meio despercebido”, seguiu.
Zé Luís ainda relembrou conversas de líderes daquele elenco do Atlético com o atacante. “Você chamava ele para conversar, ele parava e te escutava. Mas tinha algo maior dentro dele que não deixa. Não tem jeito”, afirmou.
“Eu chamei ele. Quantas vezes eu chamei ele. O Leandro, o Ricardinho, o Diego Souza… O Fabiano, o Luxemburgo. ‘Jobson, p*, olha os exemplos bons, cara. A gente precisa de você. Você é nosso cara, você vai decidir jogo para a gente. Jobson, Tardelli e Obina, cara. Olha o nosso ataque. Entra na linha, cara. Vamos nos cuidar’. O cara para, te escuta, chora”, contou o ex-volante.
Em seguida, Zé Luís ainda destacou que o atleta enfrentou problemas ainda mais sérios na capital mineira. De toda forma, preferiu não entrar em detalhes.
“Outras coisas aconteceram que eu não posso levar a público. Do Jobson, de a gente ter que resolver questões fora do futebol. Coisas muito sérias. Tem coisas do futebol que é boa para a resenha, e tem coisa que a gente não pode falar. B.O grande, cara. Como faz com um cara desse? Hoje, um cara desse está fazendo o quê?”, indagou.
O que deveria ter sido feito?
Zé Luís ainda opinou sobre como o Atlético deveria ter conduzido a situação de Jobson. Na avaliação do ex-atleta, o atacante poderia ter sido afastado por seis meses, com foco na resolução dos problemas pessoais.
“O Jobson é um cara super talentoso que não deu em nada. Rolava de segurar o cara, mas não de tratar, mexer na dor dele. Segurar. ‘Ah, queremos ele aqui. O custo benefício. O cara tem que estar aqui, tem que produzir’. Pensando mais no ganho técnico do que no ser humano. Um cara desses tem que parar. Pega esse cara seis meses. Mas ninguém quer isso. Quer o resultado imediato”, argumentou.
“Pega o Jobson lá atrás, seis meses, interna o cara, faz um tratamento. Tira aquele pessoal todo ao redor dele. De repente, aquelas amizades que não levam para o lado legal. Pega o cara, bota em boas companhias. A força que aquele menino tinha. Aquele menino era um cavalo fisicamente! Você não estaria perdendo seis meses. Estaria ganhando dez para frente”, opinou Zé Luís.
Por fim, o ex-volante lamentou o destino da carreira de Jobson. Após a passagem pelo Atlético, o atacante não conseguiu se firmar em nenhuma equipe de grande porte. Atualmente, defende o Capixaba-ES.
“Na época era muito engraçado, mas hoje… Como está esse cara hoje? Que fim que leva um cara desse, meu? Quem vai lá dar uma ajuda para o cara? Futebol acabou para você, e agora? O que a gente vai fazer da vida? Qual emprego que eu vou poder te ajudar? Não vai, cara. Um cara desse vai se perder”, encerrou Zé Luís.