ARENA MRV

Ponto cego na Arena MRV? Arquiteto do estádio nega e explica projeto do Atlético

Bernardo Farkasvolgyi diz que problema já estava previsto, mas não vê erro em projeto do Galo e prevê melhora nos próximos eventos
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Algo que chamou atenção dos torcedores no Lendas do Galo foi um possível ponto cego na Arena MRV. Nesta quinta-feira (27/7), em entrevista ao Fala Galo, o arquiteto do estádio do Atlético, Bernardo Farkasvolgyi, negou e explicou o projeto. 


Considerado um evento teste, a partida entre ídolos do clube foi realizada em 16 de julho e contou com a presença de aproximadamente 20 mil torcedores. Nas redes sociais, aqueles que ficaram no setor Inter Sul, atrás de um dos gols, apontaram a falta de visibilidade no setor

No entanto, Bernardo garantiu que não houve erro no projeto. O ‘ponto cego’ só ocorreu pelo posicionamento considerado errado de algumas pessoas, que ficaram em pé e encostadas no vidro. 

Segundo ele, já estava previsto um “pouco mais de custo” operacional para conscientizar os torcedores. No início da explicação, o arquiteto comentou que esse problema só ocorreu por causa do limite no terreno da Arena e para entregar um ‘caldeirão’, com a arquibancada próxima ao gramado. 

“Para as pessoas terem visibilidade, eu tenho que inclinar as arquibancadas, seja a inferior, camarote ou superior. E isso realmente é a forma de fazer. Se eu aumentasse meio grau na inclinação da arquibancada Inter, viraria o Independência, eu teria que botar grade na frente das arquibancadas. Imagina, vou fazer 25 mil, 30 mil pessoas na arquibancada superior com uma grade na frente. Impossível, esquece”, iniciou Bernardo. 

“Então trabalhamos com o Atlético para chegar no limite da inclinação que a lei nos permite para chegar no máximo da capacidade que conseguimos, que foram as 46 mil pessoas. Dentro dessa limitação, acabamos ficando com a inclinação da arquibancada mais puxada, e o outro fator do limite do terreno trouxe outra coisa boa, que é o caldeirão”, prosseguiu.

Ainda de acordo com o profissional, além do limite exigido por lei, o projeto não previa uma inclinação maior pelo fato de a visão começar a ficar “muito vertical”. 

Afinal, há ponto cego na Arena MRV?

Bernardo garantiu que há visibilidade no setor, contanto que os torcedores não fiquem em pé e encostados no vidro. O arquiteto citou que, apesar de ser esperado esse comportamento, o espaço é previsto para Pessoas com Necessidades Especiais (PNE), além de ser uma rota que facilita a evacuação de todos no setor no limite de 30 minutos previsto por lei. 

“Quando você faz a arquibancada muito próxima do gol, acaba tendo dificuldade de visibilidade para ele. (…) Mas tem visibilidade sim, não tem ponto cego. Se todo mundo fizer a coisa certa, que estejam todos sentados ou em pé as pessoas ainda verão o gol. Mas dentro das regras impostas pelas legislações e que obviamente vieram como consequência do que temos hoje, que é a forma como foi feito o projeto”, afirmou.

Ainda de acordo com o arquiteto, o posicionamento dos torcedores também gera perigo. Bernardo citou que, em caso de uma multidão cair em cima do vidro (mais de 2 toneladas), a proteção pode se quebrar e ocasionar uma tragédia. 

“Pensou-se nas pessoas em pé, mas não da forma como aconteceu no Lendas. O guarda-corpo de vidro foi necessário para a visibilidade do gol, ela vai ver através do vidro. As pessoas ficarão na frente do vidro? Não pode, é proibido por lei, por causa de sinistro. Se alguém tropeça na arquibancada e cai, e isso vai valendo um rolo compressor de pessoas, vai bater no vidro, vai quebrar e todo mundo vai cair lá embaixo. Existe um risco nisso”, exemplificou. 

Por fim, o arquiteto disse que a mesma situação no Mineirão também geraria falta de visibilidade. Além dos outros pontos citados, o problema também foi ‘aceito’ pela importância de gerar acessibilidade no estádio. Ele acredita que, com um trabalho em conjunto entre clube, Arena e torcedores, não haverá ponto cego nos próximos eventos. 

“Dentro da filosofia que vamos ter PNE na frente, a torcida tem que tentar, de alguma forma, ficar nas suas cadeiras e não ali na frente do guarda-corpo. Isso é um trabalho que precisa ser feito no dia a dia da Arena. As pessoas sabiam, mas entendemos que seria interessante trabalhar isso com os torcedores”, completou.

Na semana do Lendas do Galo, a Arena MRV prometeu pelo menos duas soluções para resolver o problema: uma campanha de conscientização para que os atleticanos não fiquem em locais indevidos atrapalhando os demais torcedores e a atuação das equipes de segurança. 

O Atlético prevê a estreia oficial no estádio no último fim de semana de agosto, quando enfrentará o Santos, pela 21ª rodada do Campeonato Braleiro.

Posicionamento da Arena MRV

“Com relação às reclamações de torcedores que ficaram com a visibilidade prejudicada no Nível Inter Sul, no evento Lendas do Galo, ressaltamos que o corredor de passagem não é um local projetado para que o torcedor se posicione em pé, apoiado no guarda-corpo. Essa atitude realmente prejudicará o torcedor que estiver nas cadeiras logo atrás.

Importante destacar que a Arena MRV é totalmente acessível, com 460 espaços para cadeirantes, em todos os níveis, cada um com assento para acompanhante, com conforto, segurança e boa visibilidade. Em todo o nível Inter Sul, há locais destinados e demarcados para esse público.

É inadmissível que torcedores ocupem esses espaços, seja para ficar em pé ou estender faixas, prejudicando o direito do PCD de também acompanhar, com conforto, os eventos.

A Arena MRV é a casa de todos os atleticanos e já estuda soluções para minimizar esses fatos, seja com campanhas de conscientização ou atuação da equipe de segurança do estádio”.

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