Ailton do Vale e Rafael Arruda
O Cruzeiro publicou em seu site oficial o balanço do exercício de 2022, com acordo para reduzir a dívida de R$ 1,045 bilhão para R$ 836 milhões. No documento consta o montante da venda das Tocas da Raposa I e II para a Sociedade Anônima do Futebol. Juntos, os centros de treinamento entraram na negociação por R$ 209 milhões.
Para ter as Tocas, a SAF gerida pela Tara Sports, empresa de Ronaldo Fenômeno, comprometeu-se a assumir a dívida tributária do Cruzeiro, calculada em R$ 210 milhões. Houve aproximadamente 50% de desconto em comparação à cifra original, acima de R$ 400 milhões.
Ronaldo pediu a inserção dos CTs no negócio para evitar penhoras e garantir o local de trabalho ao time principal do Cruzeiro e às categorias de base. O ex-camisa 9 do Brasil ainda afirmou que não pretende alienar os imóveis. Se o fizer, será com anuência da associação civil.
Dívidas parceladas do Cruzeiro
- Débito fiscal: de R$ 370.321.340,09 para R$ 183.072.713,06 (desconto de aproximadamente 50%), divididos em 145 parcelas (sete foram pagas em 2022).
- Débitos previdenciários: de R$ 49.417.892,41 para R$ 27.063.561,41 (desconto de 45%), divididos em 60 parcelas (sete foram pagas em 2022).
Contas a receber
No balanço do Cruzeiro, os R$ 209 milhões atribuídos à Toca II estão categorizados em “contas a receber”. Há também cerca de R$ 40 milhões de “receitas a apropriar”. Para efeito contábil, isso faz com que o passivo da associação civil caia de R$ 1,045 bilhão para menos de R$ 800 milhões.
Recuperação judicial
Em seu plano de Recuperação Judicial, o Cruzeiro estipulou um passivo de R$ 512 milhões com 709 credores. São quatro classes: 1) credores trabalhistas; 2) credores com direitos reais e garantia; 3) credores quirografários; 4) credores de microempresa e empresa de pequeno porte.
- Classe 1: R$ 216,2 milhões
- Classe 2: R$ 43,1 milhões
- Classe 3: R$ 220,3 milhões
- Classe 4: R$ 32,4 milhões
Conforme determinado em lei, a SAF precisa destinar 20% de sua receita bruta anual à associação civil para o abatimento das dívidas do Cruzeiro. Em ofício enviado recentemente à Justiça de Minas Gerais, o clube projetou o recebimento de R$ 90 milhões da gestão de Ronaldo para amortização de dívidas em 2023.
Em 2024, o aporte seria de R$ 29,4 milhões. No ano seguinte, de R$ 58,4 milhões. Até 2033, as quantias somadas chegariam a R$ 394 milhões. Em 18 anos (2041), alcançariam R$ 682 milhões.
Cruzeiro – evolução da dívida de 2017 a 2022
- 2022: R$ 1,045 bilhão*
- 2021: R$ 970 milhões
- 2020: R$ 898 milhões
- 2019: R$ 804 milhões
- 2018: R$ 533 milhões
- 2017: R$ 371 milhões
*A SAF arcará com a dívida tributária da associação civil, estimada em R$ 210 milhões. Portanto, o passivo do Cruzeiro cairia para R$ 796 milhões, considerando R$ 40 milhões de receitas a apropriar.
Receitas do Cruzeiro
Apesar de a operação do futebol ter sido totalmente cedida a Ronaldo, o Cruzeiro embolsou valores referentes à atividade desportiva. O clube inseriu no balanço receitas de publicidade e transmissões, bilheterias e sócio-torcedor, bem como ganhos de seu quadro social.
- Publicidade e transmissões – R$ 14,4 milhões
- Patrocínios e royalties – R$ 1,75 milhão
- Sócio-torcedor – R$ 8,75 milhões
- Sociais e esportes amadores – R$ 4,3 milhões
- Associados/escolinhas – R$ 6,21 milhões
- Patrocínios e royalties (clube social) – R$ 2,46 milhões
- Outras receitas – R$ 802 mil
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