JOGOS BRASILEIROS PARA TRANSPLANTADOS

Mineira brilha com quatro ouros nos Jogos Brasileiros para Transplantados

Maria Eduarda Porto, a “Duda”, de 17 anos, foi o grande destaque do evento, conquistando nada menos que quatro medalhas de ouro

Terminou, nesse domingo (21/9), em Curitiba, a 3ª edição dos Jogos Brasileiros para Transplantados, que tiveram início na última quinta-feira (19/9). Uma mineira, Maria Eduarda Porto, a Duda, de 17 anos, foi o grande destaque do evento, conquistando nada menos que quatro medalhas de ouro nas quatro provas que disputou: 50m peito, 50m peito, 50m costa e 100m livre.

“Agora eu sou campeã brasileira”, comemora a atleta, que foi destaque, também, nos Jogos Mundiais de Transplantados, disputado em agosto, em Dresden, na Alemanha, quando conquistou também quatro medalhas, três de prata, costas, borboleta e peito, e uma de bronze, nos 100m livre. “Agora foi ouro”.

Valeska Porto, mãe de Duda, conta que quando a filha tinha três anos, teve de retirar o rim direito, ficando apenas com o esquerdo, que também não era bom, pois tinha apenas 40% das funções.

E foi por causa disso que ela foi para a natação. “Levei a Duda para a natação para tentar impedir que ela fizesse hemodiálise. Deu certo, pelo menos por um tempo”, diz a mãe, Valeska.

Quando ela fez 11 anos, a situação piorou, pois o rim que tinham caiu de 40% para 11% das funções. Duda, até os 11 anos, já tinha feito 19 cirurgias renais. Mas, naquele momento, seria preciso um transplante.

Duda estevava desde os três anos na lista de transplantes. “O nosso drama durou até 18 de novembro de 2020. Foi quando uma família, de Itabira, doou os órgãos da filha, de apenas 13 anos. A menina teve um AVC. E a Duda recebeu um rim direito. Está viva por isso”, conta Valeska.

Ela carrega um lema na vida: “A doação da família de Itabira salvou a minha filha. É o que carrego e não canso de repetir e contar para as pessoas.”

Para ela, não se falar em doação de órgãos é um absurdo. “As pessoas têm de saber a importância desse ato. A importância de dar, ou devolver a vida a outra pessoa.”

Duda compete pela Academia Mergulho, escola de natação do Barreiro, onde treina, que dá academia e técnico. “Tem também o Hospital Felício Rocho, para quem ela fez uma campanha de doação, “Setembro Verde”. Tem também o Via Shopping, aqui do Barreiro e a Escola de Inglês Rockfeller, que dá o curso da língua inglesa para ela”, fala a mãe.

Duda é a primeira atleta mineira transplantada a participar de competições nacionais e internacionais. Ela sonha alto. Estuda na Escola estadual Alberto Delfino, no Barreiro, e completará, em dezembro desse ano, o segundo grau.

“Eu treino, na piscina, às segundas, quartas e sextas-feiras, por uma hora, sempre a partir de 15h40. Às segundas, terças e quintas-feiras faço musculação, na escola de natação, às 20h”, afirma Duda.

O movimento de competições para transplantados não existe em Minas Gerais, somente nacionalmente. “Mas eu compito em Minas. Disputo as competições normais da Federação Aquática Mineira (FAM). No ano passado, fui campeã de um torneio de natação no Sesi”.

Ela se diz apaixonada pelo esporte. “Desde pequena, muito pequena, eu estou dentro da piscina, nadando, competindo. A natação é minha paixão. Quero muito conquistar, como na Alemanha. Foi muito importante pra mim”.

Duda, assim que retornar de Curitiba, disputará uma etapa do Campeonato Mineiro, no próximo final de semana. “Estou muito animada, ainda mais agora, que sou campeã brasileira”.

Juntas, ela e a mãe querem incentivar a doação de órgãos no Brasil. “No Brasil, o governo apoia o esporte Paralímpico, mas não se fala em esporte para transplantados, o que acontece em grande parte do mundo. Seria muito importante criar um movimento nesse sentido, pois doar órgão é vida, é dar vida a quem tem problemas e precisa.”

Os Jogos Brasileiros para Transplantados tiveram a participação de mais de 100 atletas de todo o país. Duda foi a única atleta mineira.

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