RACISMO

Multa rescisória alta: Vini Jr. pode deixar o Real Madrid?

Principal jogador do Real Madrid na temporada insinuou nas redes sociais que pode deixar a Espanha após diversos ataques racistas
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Alvo de constantes ataques racistas na Espanha, o brasileiro Vinícius Júnior deu a entender em uma publicação no Twitter que pode deixar o Real Madrid. “Vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”, disse o jogador. Entretanto, uma saída forçada do clube madridista esbarra em uma multa rescisória bilionária. Em julho do ano passado, Vini Jr. renovou contrato com o Real Madrid até 2027, e a cláusula de rescisão está fixada em 1 bilhão de euros – aproximadamente R$ 5,4 bilhões na cotação atual. 

Ainda que o clube concorde em vender o atacante, os interessados precisam desembolsar um valor astronômico. De acordo com a ferramenta de análise de dados Football Benchmark, em relatório divulgado em janeiro deste ano, o atacante de 22 anos é o quarto jogador mais caro do mundo. Único brasileiro no top 10 da lista, ele tem valor de mercado estipulado em 146 milhões de euros, cerca de R$ 817 milhões. 

O que pensam os empresários?

A reportagem de No Ataque conversou sobre a situação de Vinícius Júnior com dois empresários de futebol com vasto trânsito no mercado internacional: Wagner Ribeiro e André Cury. 

Ambos concordam que a situação do brasileiro na Espanha é gravíssima, e o racismo precisa ser erradicado do futebol com punições exemplares. Contudo, acreditam que o jogador não deixará o Real Madrid neste momento.

Empresário das estrelas

Responsável por levar para a Europa craques como Neymar, Kaká, Lucas e Robinho, Wagner Ribeiro também conhece Vini Jr. desde que o jogador estava na base do Flamengo. Apesar de não ter agenciado o jovem talento, o empresário foi quem o apresentou ao presidente do Real Madrid, Florentino Pérez.

Ao comentar a publicação no Twitter em que o atacante deixa no ar a possibilidade de deixar a Espanha, Wagner Ribeiro é enfático. “Isso foi momento, né? Estava abalado, foi só naquele momento”, diz o agente.

“O que aconteceu com o Vinícius, eu não consigo entender o motivo. Ele joga no melhor clube do mundo, a camisa mais pesada, é o grande jogador, todo mundo gosta dele. Quando você vai jogar fora é normal que a torcida seja hostil, mas o racismo não. É uma situação diferente”, complementa. 

Para erradicar o racismo no futebol, o empresário acredita que a LaLiga, organizadora do Campeonato Espanhol, deveria seguir o exemplo da Premier League, da Inglaterra. “O futebol mais divulgado no mundo é o da Inglaterra com a Premier League, a mais vista do mundo. Lá não admitem isso [ataques racistas] em hipótese alguma, até porque a maioria dos jogadores é negra. Então, o problema está mesmo na Espanha. Na Suíça não tem, na Alemanha não tem esse problema. A Rússia tem um pouco, mas não é nada exagerado como na Espanha”, avalia.  

Empresário dos milhões

Já André Cury, empresário envolvido em algumas das transações mais caras da história do futebol – como a venda de Neymar do Barcelona para o PSG -, considera que o Real Madrid precisa ser incisivo na defesa de Vinícius Júnior.

“Obviamente, se não tomarem as providências para sanar esse problema de uma vez por todas, não adianta nada ter um jogador incomodado. Isso não é bom para o time, nem para o futebol espanhol”, pondera. 

O agente destaca ainda que o combate ao racismo no futebol não deve se limitar à Espanha. André Cury lembra que no último sábado (20/5), por exemplo, ocorreu um caso em Teresina, no Piauí, durante a partida entre Altos e Ypiranga-RS, pela Série C do Campeonato Brasileiro. “Não é só na Espanha que acontecem esses casos, né? No último fim de semana, aqui mesmo no Brasil foi presa uma pessoa”, salienta.

Na ocasião, o torcedor preso pela Polícia Militar estava na arquibancada atrás do gol, e proferiu ofensas racistas contra o goleiro Caíque. “É algo que infelizmente está em todo o mundo. Por isso não creio que o jogador [Vinícus Júnior] vai deixar [o Real Madrid] por causa disso. Eu mesmo trabalhei no Barcelona de 15 a 17 anos, e todos os líderes do clube nesse período, como Ronaldinho Gaúcho, Samuel Eto’o, Yaya Touré, Daniel Alves, são todos negros e nunca pensaram em deixar o país”, finaliza. 

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