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Ana Sátila detona clube da Série A: ‘Tratamento desumano’

Em forte relato nas redes sociais, a atleta criticou a falta de apoio, apontou casos de assédio moral e denunciou salários baixos

Campeã mundial de canoagem, Ana Sátila detonou a assistência do Botafogo, clube que ela representava na modalidade. Em forte relato nas redes sociais, a atleta criticou a falta de apoio, apontou casos de assédio moral, denunciou salários baixos e descuido com jovens de menos visibilidade no esporte.

Ana Sátila estava no Botafogo desde julho de 2023. Ela optou por deixar o clube depois de uma sequência de experiências ruins. A atleta relembrou o início da carreira e citou a dificuldade para os mais jovens, que ainda buscam apoio e espaço na canoagem brasileira e mundial.

“Durante muito tempo, como atleta ainda em formação, me vi refém de sistemas, de dirigentes e de estruturas que não valorizam o atleta, pelo contrário: usam a necessidade como forma de controle. São oferecidas condições indignas de trabalho e salários incompatíveis com a entrega, dedicação e os resultados exigidos. Pior do que isso: presenciei ofensas, humilhações públicas e situações claras de assédio moral. Sei como é difícil para um jovem atleta ter voz diante de uma estrutura que parece intransponível e, muitas vezes, sem qualquer preparo mental ou apoio suficiente para enfrentar essas adversidades”, escreveu.

Dona de cinco medalhas de ouro em Pan-Americano, Ana Sátila já é consolidada na canoagem. Ainda assim, ela contou que sofreu descaso do Botafogo, que não tem salário digno e condizente com a profissionalização dos atletas.

“O que mais me preocupa é a forma como o Botafogo trata seus atletas, especialmente aqueles com menos visibilidade. Eu, que tenho uma carreira consolidada, também fui alvo de descaso: sem contrato digno e com propostas que não garantiam o mínimo respeito à minha história e à minha profissionalização. Se isso acontece comigo, imagino o que acontece nos bastidores com atletas mais jovens e vulneráveis que, além de tudo, vêm de realidades em que o esporte ainda representa a única ponte para uma vida melhor”

Ana Sátila, canoísta

A canoísta reiterou que a luta é por respeito ao esporte: “Vi, mais de uma vez, atletas sendo abandonados após se lesionarem, sem o amparo mínimo de um fisioterapeuta, psicólogo ou estrutura de reabilitação. Não se trata apenas de salário, mas de dignidade, saúde e humanidade. O clube precisa enxergar o atleta como um ser humano, não apenas como um número ou medalha potencial”.

Botafogo se posicionou

Nos comentários, Ana Sátila recebeu apoio dos fãs e amigos, inclusive do canoísta Lucas Verthein: “Você é gigante. Obrigado por ser essa pessoa tão incrível, destemida e que segue seus ideais e busca sempre o correto! Te amo!”, escreveu.

O Botafogo, por sua vez, publicou nota negando a situação. O clube afirmou que prestou assistência e deu condições dignas para a atleta.

“O Botafogo de Futebol e Regatas informa que, durante o período em que a atleta Ana Sátila representou o clube, houve empenho constante, dentro das possibilidades da instituição, para oferecer as melhores condições ao seu desenvolvimento esportivo. Lamentamos que todo esse esforço e o compromisso do Botafogo não tenham sido plenamente reconhecidos. Ainda assim, reafirmamos nosso respeito pela atleta e desejamos sucesso em sua trajetória profissional e pessoal”

Posicionamento do Botafogo

A carreira de Ana Sátila

Ana Sátila acumula participações em Olimpíadas: esteve em Londres 2012, Rio 2016, Tóquio 2020 e Paris 2024. O melhor resultado foi o quinto lugar na canoagem slalom C1, ano passado.

Na edição francesa dos Jogos Olímpicos, Ana Sátila divertiu as redes sociais por ser uma competidora assídua. Ela disputou três provas na canoagem: C1, K1 e o caiaque cross. Por isso, os fãs brincavam que ela estava em busca de medalhas a todo tempo. Apesar de ter saído sem pódio, a canoísta segue na briga em Los Angeles 2028.

Mineira de Iturama-MG, no Triângulo Mineiro, ela foi campeã mundial de canoagem slalom do Rio de Janeiro, em 2018, na categoria Extreme K1.

Além disso, acumula cinco ouros em Pan-Americanos e uma prata.

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