JOGOS OLÍMPICOS

Paris revoluciona Abertura, peca com dinamismo excessivo, mas emociona no fim

Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos ficou marcada por chuva e a tradicional elegância da capital francesa
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Elegância, moda, música, chuva, perrengue, beleza e o espírito olímpico. As palavras para descrever a Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Paris não seguem uma linha de raciocínio lógica – o dinamismo foi o que marcou o evento nesta sexta-feira (26/7). Com a icônica capital francesa de pano de fundo, o desfile das delegações precedeu desconfiança, mas fazendo jus ao histórico do país, a revolução foi feita no Rio Sena.

Nas arquibancadas ao longo do Sena, o cenário quase caótico foi o que tomou conta antes da Abertura. Alguns jornalistas não tiveram uma um local próprio para se acomodar – o perrengue com a falta de estrutura ainda foi aflorado pela chuva. Do lado dos espectadores, a falta de informação foi o que dominou.

Muitas pessoas acabaram fazendo caminhos errados e indo para lugares inapropriados. Os responsáveis contratados pela organização do evento não tinham tantas informações a respeito da disposição de lugares, o que causou certa confusão para os mais de 300 mil espectadores. Desses, 100 mil pagaram pelos ingressos, enquanto os outros cerca de 200 mil foram presenteados para assistir a Abertura.

A animação estava presente entre os torcedores, ao som das músicas e da vibração com o desfile das delegações. O grande destaque e ponto alto da Abertura foi o desfile de moda. Já na etapa final, perto da Torre Eiffel, os dançarinos se apresentaram ao som de músicas contemporâneas, o que empolgou o público. Além disso, a emoção tomou conta na apresentação da canção ‘Imagine’, de John Lennon.

Para coroar o evento, após longos discursos de autoridades, a pira olímpica foi acesa no Louvre pela velocista francesa Marie-José Pérec, dona de três medalhas de ouro – uma em Barcelona 1992 e duas em Atlanta 1996 -, e pelo judoca francês Teddy Riner, tricampeão olímpico, com ouros em Londres 2012, Rio de Janeiro 2016 e Tóquio 2020. O show de Celine Dion fechou a noite brilhante aos pés da Torre Eiffel.

Dinamismo excessivo e o luxo de Paris

No imaginário público, a beleza e o luxo de Paris são incontestáveis. E a Abertura reforçou essa impressão. Nos cenários icônicos da cidade, como o museu do Louvre, Catedral de Notre-Dame e a Torre Eiffel, as danças foram abundantes.

Os performistas vestiam roupas luxuosas e brilhantes, para evidenciar a beleza da cidade. Ao longo do trajeto, as cores iam se alternando. A Cerimônia foi dividida em 12 etapas, que ganharam lemas: Enchanté, Synchronicité, Liberty, Equality, Fraternity, Sisterhood, Sportsmanship, Festivity, Darkness, Solidarity, Solenity e Éternity (Encanto, Sincronicidade, Liberdade, Igualdade, Fraternidade, Irmandade, Esportividade, Festa, Trevas, Solidariedade, Solenidade e Eternidade, em tradução livre).

Para que a Abertura não ficasse focada apenas no desfile em barcos das delegações, as apresentações aconteciam ao mesmo tempo. A cantora Lady Gaga foi a primeira a performar. Ela se apresentou ao som da música Mon Truc en Plume, em homenagem a icônica cantora e bailarina francesa Zizi Jeanmaire, que ascendeu na década de 1950.

Depois, o evento contou com apresentação de rock com a Catedral de Notre-Dame de pano de fundo. A cantora franco-maliana Aya Nakamura também cantou para os torcedores que acompanhavam a abertura.

A história francesa foi apresentada junto com o desfile – cenários do musical Os Miseráveis e dinâmicas com a famosa obra Monalisa, de Leonardo Da Vinci, foram pontos centrais da Cerimônia. Junto do mascarado, que foi escolhido para levar a tocha olímpica até o fim do trajeto, a impressão foi de que tudo estava acontecendo ao mesmo tempo.

A preocupação pelo dinamismo foi excessiva, o que tornou o evento confuso em algumas partes, tanto para os presentes no Rio Sena, quanto para quem assista da TV, em casa.

O toque de moda não podia faltar. A cidade de Paris, conhecida também por ser palco de famosos desfiles de estilistas, contou com passarela para a Cerimônia, em que modelos se apresentaram dançando com roupas de jovens designers franceses. Foi quando o evento passou a ficar mais divertido para os espectadores.

Desfile da delegação brasileira

O barco do Brasil na Abertura da Olimpíada de Paris chamou atenção pela quantidade de atletas. A delegação brasileira, com 50 competidores e mais comissão técnica, balançou as bandeiras e fez muita festa ao longo da passagem.

No trajeto brasileiro, Paris estava fantasiada de rosa – os performistas da abertura dançavam à beira do Rio, enquanto a delegação passou dentro do barco próprio. Alguns países, em menor número de representantes, dividiram o trajeto com outras nacionalidades.

Os atletas se divertiram cantando algumas músicas tradicionais, como ‘País Tropical’, do Jorge Ben Jor. Depois do desfile, os brasileiros seguiram para a Vila Olímpica. Eles tiveram que retornar por causa da chuva, que não deu trégua durante grande parte da Abertura.

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