Por mais que o caminho tenha sido longo para as mulheres brasileiras do esporte, a coroação de todos os gols, saltos na ginástica, ippons no judô, golpes no boxe, ondas no surfe e manobras no skate, está sendo feita em Paris. O protagonismo feminino é em números: o Brasil bateu o recorde de medalhas conquistadas por mulheres na história do Jogos Olímpicos. Antes do fim da competição, já são 10 pódios na França.
A emocionante e surpreendente classificação da Seleção Brasileira à final do futebol feminino garantiu a décima medalha de mulheres em Paris, seja ela de prata ou de ouro – é a 14ª do Brasil nesta edição. Isto é, 71% dos pódios vieram de conquistas de mulheres.
O histórico recorde quebra a recente marca de Tóquio. No Japão, o Brasil conquistou 21 medalhas, sendo nove de mulheres. O número se torna ainda mais impressionante se comparado a Rio 2016, com apenas cinco pódios femininos.
O aumento significativo no número de medalhas tem explicação. A representatividade foi ponto chave em Paris. Ainda que a equidade de gênero não tenha sido cumprida, a delegação feminina foi numerosa. Dos 10.971 atletas de 206 países que competem na Olimpíada, 5.594 são homens (aproximadamente 50,9%) e 5.377 são mulheres (cerca de 49,1%). Em Tóquio 2020, por exemplo, foram 5.910 homens e 5.409 mulheres.
A boa notícia, contudo, veio com a delegação brasileira. Pela primeira vez, o Brasil embarcou rumo à França com maioria de mulheres. Com 277 atletas em 39 modalidades, são 153 são mulheres, o que representa 55% do total — em Tóquio 2020 eram 47%.
Trajetória feminina em Paris
A história já estava no papel, mas a concretização veio em pódios. A primeira mulher a colocar uma medalha no pescoço foi Larissa Pimenta, com o bronze no judô. A primeira da carreira dela.
Minutos depois, outra mulher subiu ao pódio. Rayssa Leal, aos 16 anos, ficou com o bronze no skate street feminino. Ela se tornou a mais jovem a conquistar a premiação duas vezes seguidas (Tóquio e Paris).
Os pódios não pararam de chegar nas modalidades femininas. Depois, a coroação em grupo. A ginástica artística fez história ao levar o bronze na competição por equipes. O esperado ouro veio com uma mulher. A judoca Beatriz Souza ficou com o lugar mais alto do pódio e foi a primeira a escutar o hino nacional em terras francesas.
Depois disso, o Brasil ainda ficou com o bronze de Bia Ferreira, no boxe, duas pratas e um ouro de Rebeca Andrade, na ginástica, uma prata de Tatiana Weston-Webb no surfe. Por fim, a medalha que ainda não tem cor da Seleção feminina de futebol.
A boa notícia é que o recorde pode ser maior. Ainda têm mais cinco dias de competição pela frente – com chances de mais mulheres subirem ao pódio.
Paris
- Larissa Pimenta – bronze – judô
- Rayssa Leal – bronze – skate street
- Ginástica artística feminina- bronze – equipe
- Beatriz Souza – ouro – judô
- Beatriz Ferreira – bronze – boxe
- Rebeca Andrade – prata – individual geral
- Rebeca Andrade – prata – salto
- Rebeca Andrade – ouro – solo
- Tatiana Weston-Webb – prata – surfe
- Seleção Brasileira feminina – prata ou ouro – futebol
Tóquio
- Rayssa Leal – prata – skate street
- Rebeca Andrade – prata – individual geral da ginástica artística
- Rebeca Andrade – ouro – salto da ginástica artística
- Mayra Aguiar – bronze – judô
- Laura Pigossi e Luisa Stefani – bronze – duplas no tênis
- Martine Grael e Kahena Kunze – ouro – vela
- Ana Marcela Cunha – ouro – maratona aquática
- Beatriz Ferreira – prata – boxe
Seleção Brasileira – prata – vôlei