Depois de oito anos, a Stock Car retorna neste domingo (17/8), ao Circuito dos Cristais, em Curvelo, na Região Central de Minas Gerais. O autódromo volta a receber a categoria em substituição à etapa que ocorreria em Belo Horizonte, no entorno do Mineirão.
A corrida na capital mineira foi cancelada no início de julho pela Vicar, organizadora da Stock Car, que alegou necessidade de “prazo adicional” para garantir os padrões de segurança e qualidade do evento.
Diante da mudança, os pilotos Arthur Leist, da Texaco Racing, e Felipe Baptista, da CAR Racing KTF, comentaram em entrevista exclusiva ao No Ataque as diferenças entre os dois palcos em Minas Gerais.
Arthur Leist aposta em mais liberdade para arriscar
O circuito de rua Toninho da Matta, montado no entorno do Mineirão, no ano passado, teve 3.200 metros com 12 curvas. A pista foi comparada, inclusive, com o tradicional GP de Mônaco – um dos mais importantes da história da Fórmula 1.
Já o circuito dos Cristais, inaugurado em 2016, tem um traçado específico para a Stock Car de 3.330 metros com 16 curvas.
O gaúcho Arthur Leist, de 23 anos, da Texaco Racing, explicou que a prova em Belo Horizonte ficou marcada por colocar os pilotos no limite da capacidade técnica. Já em Curvelo, eles terão mais liberdade para ousar e arriscar, o que pode garantir uma corrida mais emocionante.
“Ano passado corremos em BH numa pista de rua completamente diferente. É uma pista muito técnica, em que a gente tinha que passar o mais próximo possível do muro para conseguir ser rápido. Aqui [em Curvelo] conseguimos abusar um pouco mais das zebras, talvez até testar mais o limite do carro porque temos um espaço maior para cometer algum tipo de erro”, ressalta.
Arthur Leist estudou bastante o traçado de Curvelo no simulador e conferiu os detalhes da pista in loco no treino da última sexta-feira, além da classificação e sprint nesse sábado. Atento, ele evidenciou as principais dificuldades que aguardam os pilotos neste domingo no Circuito dos Cristais.
“O traçado é super completo, como a gente costuma comentar. Bastante curva de alta, curva de baixa, então tem um pouco de tudo, bem técnico. Gostei demais. Acho que uma das principais dificuldades aqui da pista é conseguir um acerto ideal entre as curvas de baixa e de alta. Esse é o nosso maior desafio. Mas é uma pista que eu treinei bastante no simulador, consegui me adaptar super bem. Estou esperançoso de um bom resultado”, disse.
‘É outro mundo’, diz Felipe Baptista
Já o paulista Felipe Baptista, de 22 anos, vencedor da corrida principal em Belo Horizonte no ano passado, também ressaltou o contraste entre o circuito de rua e o traçado do interior mineiro.
“É outro mundo. Dentro da rua temos toda a parte de muro que causa um pouco de dificuldade, por exemplo, em uma ultrapassagem. São corridas mais lentas, digamos assim, porque é um circuito que ninguém quer arriscar uma ultrapassagem para não ter a chance de tomar uma batida. Ao mesmo tempo tem muito jogo estratégico da parte de quem para antes ou depois para ganhar um tempo e fazer a ultrapassagem”, explica.
Segundo o piloto, em Curvelo a dinâmica será completamente diferente. “A gente indo agora para um circuito de fato é muito mais fácil ter a disputa e brigas na pista. Muito provavelmente na largada teremos quatro, cinco carros na primeira curva lado a lado. No circuito de rua isso é muito difícil de acontecer. Acredito que será uma corrida muito mais movimentada do que foi ano passado”, aposta.
Mesmo assim, Baptista não deixou de valorizar a experiência vivida na capital mineira. “O ano passado vai deixar saudades porque é um circuito divertido de andar, apertado, travado, muito legal de fazer as voltas rápidas. E na corrida tinha que arriscar”.
A tristeza de Felipe Baptista com o cancelamento em BH
O cancelamento da etapa em Belo Horizonte frustrou Felipe Baptista, que guarda boas recordações do traçado onde venceu em 2024.
“Fiquei chateado e triste porque foi realmente uma pista que gostei muito de andar, me dei bem logo de cara. Então gostaria muito de ter a oportunidade de andar agora com esse carro mais rápido, mais divertido. Mas faz parte”.
Apesar disso, o piloto da CAR Racing KTF destaca que Minas Gerais segue no calendário e aposta em um bom espetáculo em Curvelo.
“Ainda estamos em Minas Gerais, ainda vai ser uma corrida legal para o público. Um circuito que vai ser rápido e com certeza vai trazer muita diversão. Então não conhecia Curvelo e quando andei no simulador vi que também é uma pista muito legal”.