SURFE

Brasileira medalhista em Paris contrata campeão mundial como técnico

Tati Weston-Webb será treinada por Mineirinho, que tem 37 anos e quase três décadas de surf
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Medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Paris em 2024, a surfista Tatiana Weston-Webb anunciou seu novo treinador. Ela será comandada pelo campeão mundial Adriano de Souza, o Mineirinho.

“Para essa temporada de 2025 eu sabia que precisava renovar as energias e mudar meus treinos, pois em 2024 encerrei o ciclo olímpico e achei importante essa mudança para continuar minha evolução. Então, eu escolhi o Adriano, que já é campeão mundial, uma pessoa que admiro muito”, disse a surfista.

Tati vai contar com a experiência de Mineirinho, que tem 37 anos e quase três décadas de surf. Paulista de Guarujá, ele foi campeão da World Surf League (WSL) em 2015.

“Ele trabalhou muito forte para conquistar esse título e eu me identifico com a história dele, pois temos dedicação para vencer e superar os obstáculos. Foi uma escolha bem fácil e estou muito animada”, explicou Tati.

Mineirinho se aposentou dos mares em 2021, mas seguiu a carreira de treinador. De 2022 a 2024, participou da preparação da equipe italiana de surf para os Jogos de Paris.

Adriano e Weston-Webb - (foto: Reprodução)
Adriano de Souza e Tatiana Weston-Webb (foto: Reprodução)

“É um prazer poder trabalhar com a Tati, uma mulher que tem o surf por completo e tem tudo para ser campeã mundial. Fico muito feliz de fazer parte desse projeto e espero conquistar esse título inédito para o Brasil. Esse é o meu grande objetivo do ano, fazer com que a Tati atinja o seu maior sonho, ser campeã mundial”, disse Mineirinho.

Medalha em Paris

Tatiana Weston-Webb fez história para o surfe feminino do Brasil ao conquistar a medalha de prata na Olimpíada de Paris em final acirrada contra a americana Carolina Marks, atual campeã mundial. As duas se enfrentaram em Teahupoo, no Taiti, território na Oceania pertencente ao arquipélago da Polinésia Francesa.

Tanto a brasileira quanto a estadunidense precisaram se desdobrar para somar pontos em um mar que não estava tão favorável ao surfe. No fim das contas, melhor para Marks, que levou o ouro ao registrar 10.5, contra 10.33 de Weston-Webb.

Apesar de não ter subido no lugar mais alto do pódio, Tati brilhou ao garantir a medalha de prata, um feito inédito para o país, reafirmando a força do surfe brasileiro no cenário internacional.

Fala, Tati!

“Nada além de orgulho de mim. Realmente foi bastante trabalho. Eu cometi alguns erros na bateria. Poderia pegar umas ondas maiores ou melhores ou só ir para manobras na última onda, só que comecei indo para o tubo e vi que seria só manobra. Coisas pequenas, mas que fazem a diferença e dessa vez não deu para mim. Mas para mim, prata é um sucesso gigante. Estou muito orgulhosa, obrigado a todos pela torcida. Quase deu ouro, mas deu prata! Muito obrigado a todos que ficaram acordados. Estamos juntos. Realmente, foi uma experiência incrível e queria só deixar um recadinho para todos. Amor é tudo. Espalhe amor, galera!”

Tatiana Weston-Webb, medalhista de prata em Paris 2024

A prova

Assim como ocorreu na semifinal em que Gabriel Medina foi derrotado pelo australiano Jack Robinson, o mar de Teahupoo estava calmo para Tatiana Weston-Webb x Carolina Marks. Nos dez primeiros minutos, nenhuma das finalistas conseguiu surfar.

Aos 12 minutos de prova, Tati tentou entrar no jogo, mas caiu rapidamente e somou apenas 0.33. Caroline Marks seguiu a mesma linha, porém com qualificação ligeiramente superior, de 0.5, além de deter a prioridade de “mergulhar” na melhor onda.

Em rara chance de maré alta na Polinésia Francesa, Caroline Marks pegou um tubo e somou 7.5, elevando sua nota geral para 8.0. Tatiana, então, precisava correr contra o tempo, bem como dependia das forças da natureza para obter uma boa pontuação.

Pódio do surfe feminino na Olimpíada de Paris: Carolina Marks, dos Estados Unidos, ganhou o ouro; Tatiana Weston-Webb, do Brasil, ficou com a prata, e Johanne Defay, da França, obteve o bronze (Ben Thouard / POOL / AFP)

O público em Teahupoo se manifestava a cada ocasião em que as águas levantavam. A oito minutos do encerramento, a brasileira enfim realizou as manobras para acrescentar 5.83 e 1.80 em duas tentativas, totalizando 7.63.

Só que Carolina Marks buscou mais pontos em ondas intermediárias e elevou a sua pontuação para 10.5 quando restavam somente quatro minutos para o desfecho. Tati tinha pouco tempo para tentar uma reviravolta.

Precisando de 4.68 para o ouro, Tatiana pegou a última onda e deu indícios de que poderia ser campeã. O público ficou apreensivo porque a nota demorou a sair. Só que os 4.50 não foram suficientes para o título da brasileira, que fechou a disputa com 10.33.

Quem é Tatiana Weston-Webb?

Filha de pai americano e mãe brasileira, Tatiana Guimarães Weston-Webb nasceu em Porto Alegre (RS) e se mudou para o Havaí, nos Estados Unidos, com apenas dois meses. Mesmo criada em território americano, a atleta aprendeu a falar português.

Tati começou a surfar aos oito anos por influência do irmão mais velho. Até os 13, dividiu as pranchas com o futebol. Em 2018, tomou a decisão de representar o Brasil nas competições. Em entrevista ao Comitê Olímpico Internacional, ela justificou a escolha.

Era uma decisão difícil no momento, só que daí eu comecei a pensar como meu coração sentia. Foi fácil depois disso. Eu me sentia muito mais brasileira do que havaiana, não sou havaiana. Nem sou dos Estados Unidos. Eu me sinto muito mais brasileira do que tudo. Eu escolhi representar nosso país e foi uma escolha incrível, mudou minha vida

Tatiana Weston-Webb

Tatiana é casada há quatro anos com o também surfista brasileiro Jessé Mendes, com quem começou a namorar em 2014. A agora prata em Paris esteve na Olimpíada de Tóquio (2020) e ganhou o ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2023, em Santiago.

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