US OPEN

Tênis em cadeira de rodas: mineira vai disputar o US Open

Aos 16 anos, tenista Vitória Miranda vai disputar o US Open a partir desta quinta-feira (7/9), nos Estados Unidos
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Por Ivan Drummond – Vitória Miranda, de 16 anos, se tornará, a partir desta quinta-feira (7/9), a primeira mineira a disputar um Grand Slam de tênis. Ela estará no torneio de tênis em cadeira de rodas do US Open, categoria Júnior (até 18 anos). Vitória é a número 3 do mundo nessa categoria. Além disso, é a número 67 do mundo no ranking adulto.

Ela será também a segunda brasileira a competir num Grand Slam. A primeira foi a tocantinense Jade Lanei, atual campeã Júnior no torneio dos Estados Unidos

A história de Vitória com o tênis começa quando ela tinha 9 anos. Segundo Leo Botija, treinador da atleta, uma fisioterapeuta da Associação Mineira de Reabilitação (AMR) enviou-lhe vídeo de uma menina com quem ela trabalhava. “O vídeo é impressionante, pois a menina, no caso a Vitória, plantava bananeira e andava com as mãos”, conta.

Ele estava nos Jogos Paralímpicos do Rio’2016. Era o técnico da equipe brasileira e, por isso, não conseguiu ver o vídeo imediatamente. “Depois dos Jogos, quando vi, fiquei fascinado, mas a Vitória não estava mais na AMR. Perdi o contato.”

No entanto, Mariana Medeiros, mãe de outro atleta de Botija – o jogador cadeirante Rafael Medeiros, da equipe brasileira -, ao passar por uma rua, viu Vitória e a mãe dela, num ponto de ônibus. “A Mariana não teve dúvidas. Parou e foi conversar. Ali, tudo se encaixou, pois pegou endereço e fui atrás”, relembra Leo Botija

O tênis na vida de Vitória

Vitória nasceu com artrogripose, que são contraturas simétricas múltiplas que ocorrem nos membros. Os músculos afetados são hipoplásicos e têm degeneração fibrosa e gordurosa.

A tenista conta que no início, jogava por jogar, pois não gostava: “Eu fui jogar porque minha mãe queria. Dizia que eu tinha de fazer alguma atividade física, por isso, comecei a jogar”.

Vitória, porém, desgostou do esporte e resolveu parar. Ficou dois anos e meio longe das quadras. “Aí, um dia, resolvi voltar, para me divertir. Foi quando percebi que o esporte poderia ser importante na minha vida. Vi, ali, uma chance e passei a me dedicar”, afirma.

A carreira até o US Open

A preparação final de Vitória foi feita na Colômbia, onde esteve até terça-feira desta semana. Lá, disputou dois torneios, em Bogotá e Pereira, e foi vice-campeã em ambos.

Na temporada de 2023, Vitória tem resultados bastante expressivos, como nos Jogos Parapanamericanos de Jovens de Bogotá 2023, disputado em junho. Foi medalha de ouro de simples, ao derrotar a colombiana Paula Michelle Meza por 2 a 0, com duplo 6-2. Ainda terminou com a prata nas duplas mistas, em parceria com Luiz Calixto. Eles foram derrotados pelos argentinos Paula Meza e Dário Sanchez, com 2 a 0 (6-2 e 6-0).

Neste ano, Vitória foi também campeã de dupla Master Júnior, em Tarbes, na França; campeã de duplas e vice campeã de juniores do Open Memorial, na Argentina, jogando com o argentino Miguel Zuninga; e vice campeã de simples Cruyff Fondantion Júnior, em Houston, nos EUA.

A disputa do US Open a deixa ansiosa: “Ainda não caiu a ficha. Acho que isso vai acontecer quando entrar na quadra pela primeira vez. Penso em jogo a jogo, uma etapa de cada vez. Não posso pensar lá na frente, se ainda estou aqui atrás”.

Ela conta que passa um filme em sua cabeça: “Eu me sinto bastante orgulhosa, da minha família, pelo apoio que me dá; dos meus técnicos, que são fantásticos; e de mim mesma, por estar realizando isso”.

Sobre as principais adversárias, Vitória lembra um retrospecto nas últimas competições do circuito mundial.

“Quero ganhar de todas. Já venci a sétima do mundo, a japonesa Rio Okaro, e a quarta mundial, a belga Luna Gryp. Mas ainda não venci as número 1, a norte-americana Maylee Phelps, e a 2, a francesa Ksénia Chasteau. Quem sabe não será agora? Estou muito feliz e em ótima fase. Quero dar o meu melhor e, quem sabe, não trarei uma medalha para o Brasil e Minas Gerais”

Vitória Miranda, tenista mineira
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