A maior esperança para o futuro do tênis brasileiro tem nome e sobrenome: João Fonseca. Aos 17 anos, o tenista assumiu o posto de número 1 do ranking mundial juvenil em setembro, após vencer o US Open da categoria. Saiba quem é o jovem, que foi citado por Guga como uma das principais promessas do esporte no país e já começou a disputar competições profissionais.
João começou a atrair holofotes no final do ano passado, após liderar o título do Brasil na Copa Davis Juvenil. Em 2023, ele se consolidou no cenário do tênis juvenil: foi vice-campeão de duplas no Aberto da Austrália e chegou às quartas de final no simples da competição, bem como em Roland Garros e em Wimbledon. No início do ano, com 16 anos, estreou em um torneio profissional: disputou a chave principal do Rio Open, mas perdeu por 2 sets a 0 na estreia para o eslovaco Alex Molcan.
Para coroar a grande temporada, venceu o US Open da categoria, que engloba tenistas de até 18 anos. A conquista foi heroica: ganhou a final de virada, por 2 sets a 1, sobre o estadunidense Learner Tien. Com o troféu, João se consolidou ainda mais no cenário mundial: alcançou a primeira colocação no ranking mundial juvenil.
Integrante de grupo seleto do tênis brasileiro
Com o título do US Open, João entrou para grupo seleto do tênis brasileiro. Ele se tornou o terceiro atleta do país a levantar um troféu juvenil de Grand Slam em simples.
Antes dele, Tiago Fernandes venceu o Aberto da Austrália, em 2010, e Thiago Wild conquistou o US Open em 2018.
Os dois, contudo, seguiram caminhos diferentes no profissional. Fernandes se aposentou em 2014, com apenas 22 anos, após sofrer com lesões. Já Wild só conseguiu entrar para o top 100 cinco anos depois de se profissionalizar, em 2023. Hoje, ocupa a 80ª posição no ranking da ATP e é o principal nome do tênis brasileiro em simples.
Expectativa como profissional e tênis universitário
Após vencer o US Open, João Fonseca anunciou a migração para o profissional. Contudo, antes de se dedicar exclusivamente à categoria principal, o brasileiro vai disputar o circuito universitário dos Estados Unidos.
Após se formar no Ensino Médio neste ano, João teria que decidir por um de dois caminhos: se dedicar exclusivamente ao tênis profissional ou ir para o tênis universitário e conciliar o esporte com os estudos.
O jovem escolheu a segunda opção. Ele acertou com a Universidade de Virgínia, número 1 da modalidade e muito reconhecida academicamente, e disputará o circuito universitário estadunidense a partir de agosto de 2024, de acordo com o jornalista Gill Gross.
Até agosto, João vai disputar torneios do circuito profissional. Neste momento, disputa o Challenger de Brasília, que começou em 20/11. O brasileiro estreou no torneio nessa terça-feira (21/11) com vitória por 2 sets a 1 sobre o estadunidense Aleksandar Kovacevic, número 120 do mundo. Nesta quarta (22/11), vai a quadra novamente, pelas oitavas de final: enfrentará o argentino Román Andrés Burruchaga, às 17h30.
A expectativa é que, no profissional, João consiga evoluir e sair de promessa para realidade no tênis mundial – diferentemente de outros brasileiros que não se saíram bem na transição.
“É um jogador que promete muito, mas infelizmente a gente tem exemplos de tenistas no Brasil e no mundo todo que foram muito bem no juvenil e depois, no profissional, ficaram pelo caminho. Não posso garantir isso, mas não acho que o mesmo vá acontecer com o João. Ele tem boa estrutura familiar, bom apoio, pés no chão, cabeça boa”, disse o comentarista Narck Rodrigues, ao ge.
Reconhecimento de Guga e Roger Federer
No ano passado, o ex-tenista Gustavo Kuerten, o Guga, já colocava João como um dos principais nomes da nova geração do tênis brasileiro.
Em entrevista ao Estadão, o maior nome do Brasil no esporte classificou três jovens atletas como os maiores expoentes do país: João Fonseca, Pedro Boscardin (20 anos) e Matheus Pucinelli (22).
Considerado por muitos o maior tenista de todos os tempos, o suíço Roger Federer também já reconhece o jovem brasileiro como um talento diferenciado.
João é um dos apenas três atletas patrocinados pela marca esportiva de Federer. Ele está acompanhado de duas estrelas: a polonesa Iga Swiatek, primeira colocada no ranking mundial de tênis feminino (WTA), e o estadunidense Ben Shelton, que ocupa o 17º lugar na classificação da ATP com apenas 21 anos e disputou a semifinal do último US Open contra a lenda sérvia Novak Djokovic.
Inspiração em Bia Haddad
Principal nome do tênis brasileiro em 2023 e 11ª colocada no ranking da WTA, Bia Haddad é referência para João Fonseca.
Após a conquista do US Open, ele disse: “Eu me inspirei na Bia Haddad, porque ela joga com o coração”.
Paixão pelo futebol e pelo Flamengo
Torcedor do Flamengo, João Fonseca é apaixonado por futebol e já disse que, se não fosse tenista, seria jogador profissional do esporte mais popular do país.
O carioca relatou que a mudança para a raquete veio após lesão: “Eu era mais da escolinha de futebol do que do tênis. Até que tive uma lesão mais dura. Foi um tombo feio no futsal e coloquei na minha cabeça que o esporte era muito perigoso. Muito impacto. Segui focando no tênis e me apaixonei pelo esporte. Não digo que jogo (futebol) mal, mas também não jogo bem”.
Como joga João Fonseca?
O brasileiro é conhecido pela intensidade com a raquete – tem estilo de jogo agressivo e possui o forehand (batida com a mão dominante) como um dos principais pontos fortes.
Habilidoso e muito técnico, João Fonseca ainda domina todos os atributos importantes para um tenista: tem bom backhand (batida com a mão contrária), bom saque e também vai bem nos voleios (embora às vezes falte confiança para usá-los mais vezes).