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João Fonseca estabelece meta a ser alcançada em três anos no tênis: ‘Tudo tem seu tempo’

Aos 18 anos, João Fonseca avalia o que precisa melhorar para alcançar grandes resultados em médio prazo: 'Vai dar certo'

Apesar da derrota para o francês Alexandre Muller na estreia do Rio Open, João Fonseca tem mais a comemorar do que lamentar. Afinal, o brasileiro de apenas 18 anos fez história ao conquistar o ATP 250 de Buenos Aires, no último domingo (16/2), com vitória na decisão sobre o tenista da casa, Francisco Cerúndolo, por 2 sets a 0 (6/4 e 7/6).

Superado por Fonseca, o argentino havia eliminado nas quartas de final ninguém menos que o cabeça de chave número 1, o alemão Alexander Zverev, atual segundo colocado no ranking da ATP e finalista de três Grand Slams: Australian Open (2025), Roland Garros (2024) e US Open (2020).

Nesta quarta-feira (19/2), João Fonseca concedeu entrevista ao New Balls Please Podcast, conduzido pelo jornalista Fernando Nardini, da ESPN, e o ex-tenista Fernando Meligeni. No bate-papo, o jovem considerou o título na Argentina como “um passo bem grande na carreira”, já que ele enfrentou adversários mais experientes e, mesmo assim, teve equilíbrio para superar partidas de três sets e idas ao tie-break.

“Esse torneio foi um passo bem grande na minha carreira. Se fosse o João de um ano atrás, não aguentaria mentalmente esses jogos. Obviamente, você fica remoendo e pensa: ‘poderia ter acabado esse jogo mais rápido’. Mas você tem que enfrentar o medo, o nervosismo, a pressão de estar ali. Querendo ou não, você pensa um pouco no mundo exterior e no que as pessoas vão falar desse jogo”.

Comparação a Nadal e Alcaraz

Com a vivência de quem foi tenista profissional de 1990 a 2003 – chegou à semifinal em Roland Garros em 1999 e conquistou o ouro no Pan de 2003 vencendo o ex-número 1 Marcelo Ríos -, Meligeni contextualizou o início das carreiras de duas grandes estrelas do tênis: Rafael Nadal, recém-aposentado aos 38 anos, e Carlos Alcaraz, de 21 anos e atual nº 3 do mundo.

Na opinião de Fininho, os espanhóis apresentavam dificuldades em alguns fundamentos quando eram adolescentes, enquanto João Fonseca já se mostra muito mais completo e com capacidade de encarar oponentes veteranos.

“Sou da geração que viu o Nadal chegando com 15 para 16 anos no circuito. Quando você olhava para ele, você olhava que faltava um slice, que ele não sacava. Ele era um gênio fisicamente com aquele espinho absurdo. Quando a gente viu o Alcaraz aqui com 16 anos, vimos que ele tinha muita falta de saque. Nunca sacou muito bem, mas vem evoluindo. Uma coisa que chama atenção e que todo mundo fala, você é um garoto extremamente completo. Você tem uma baita direita, uma baita esquerda, saca muito bem, sabe volear. Quando você olha aqui e tem aspirações muito grandes. Quando você olha para daqui três ou quatro anos, onde você gostaria de estar?”.

Fernando Meligeni, em pergunta para João Fonseca

João Fonseca com o troféu do ATP de Buenos Aires - (foto: Luis ROBAYO / AFP)
João Fonseca com o troféu do ATP de Buenos Aires(foto: Luis ROBAYO / AFP)

Ao responder Meligeni, Fonseca focou no aprimoramento da parte técnica para, consequentemente, alcançar bons resultados em torneios de grande nível. Ele acredita que precisa ser mais consistente nas partidas.

“Na consistência de jogos. Para mim, falta muita experiência desses jogos como os de ontem. De aprender fazer do menos é mais, de ficar mais sólido. Ontem, assim, foi um jogo em que eu não consegui ser eu. Então, digo que falta essa experiência para mim. O João que quero ser daqui a três anos é um João mais sólido”.

“Confio muito nos meus golpes, mas minha bola em movimento, a bola de defesa, poderia melhorar bastante. Ainda mais no saibro. Em quadra rápida estou um pouco mais habilitado, joguei o fim do ano passado inteiro. Bom… tempo também. O tempo diz… acho que estou bem de equipe, estamos muito ordenados. Não só uma equipe que vai me trazer benefícios, mas que acredita, é unida. Vai dar tudo certo. Tudo tem seu tempo. É seguir trabalhando para chegar lá”.

João Fonseca

João Fonseca em dois Masters 1000

João Fonseca competirá em dois torneios de alto nível nos Estados Unidos: os Masters 1000 de Indian Wells (2 a 16 de março) e Miami (16 a 30 de março). O título em Buenos Aires e a ascensão para a 68ª posição no ranking da ATP renderam vagas para o brasileiro, que poderá encarar as principais estrelas do circuito na quadra dura, casos de Carlos Alcaraz e do sérvio Novak Djokovic.

Com o sonho de, no futuro, tornar-se número 1 do mundo, Fonseca mantém os pés no chão em seu segundo ano como atleta profissional.

“Estou no meu segundo ano como profissional. Tem mais pressão por defender pontos e até mesmo subir. O que almejo é subir cada vez mais no ranking. Vou jogar em Miami e Indian Wells, que são torneios maiores. Tudo é uma primeira vez ainda para mim. Vai ser uma experiência. Quero seguir trabalhando e crescendo no ranking”, frisou.

“Obviamente, meu sonho é ganhar Grand Slam e ser número 1 do mundo. Mas tudo tem seu tempo. É seguir focado, com cabeça forte, porque é uma pressão boa. O Brasil está torcendo para mim, isso é legal, mas é seguir humilde trabalhando para fazer coisas legais para o Brasil”, concluiu o tenista.

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